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5 doenças que foram erradicadas no Brasil

Gostaria de descobrir como as vacinas são capazes de erradicar doenças no mundo inteiro? Leia este post!

9
minutos de leitura

As vacinas têm o potencial de erradicar doenças por meio de uma combinação de mecanismos que interrompem a transmissão de agentes infecciosos, criam imunidade coletiva e, em última análise, eliminam os patógenos. Elas funcionam imitando a presença de um agente patogênico e estimulam o sistema imunitário a produzir uma resposta eficaz para combater enfermidades.

As doenças erradicadas pelas vacinas deixaram de existir por que a vacinação induz à criação de anticorpos e células de memória. Assim, conseguem combater os agentes nocivos existentes no ambiente assim que eles acessam o corpo, sem causar a doença. Portanto, quando uma pessoa vacinada é atacada pelo patógeno real, o seu sistema imunológico pode reconhecê-lo e combatê-lo rapidamente.

Gostaria de entender quais as principais doenças que foram erradicadas no Brasil e como as vacinas tiveram papel importante na sua erradicação? Acompanhe a leitura!

Saiba como as vacinas são capazes de erradicar doenças

Quando uma proporção significativa da população é vacinada, a imunização coletiva pode ser mais facilmente alcançada. Isto significa que a propagação da doença é bastante reduzida, já que há menos hospedeiros suscetíveis ao desenvolvimento das enfermidades. Inclusive aqueles que não podem ser vacinados por razões médicas estarão protegidos, pois as oportunidades de se espalhar na comunidade são reduzidas.

Interrupção da transmissão

Ao reduzir o número de indivíduos suscetíveis a desenvolver determinadas enfermidades e infecções, as vacinas diminuem a quantidade total de vírus ou superbactérias que não serão disseminadas na população. Esta interrupção na cadeia de transmissão é crucial para controlar e eventualmente erradicar doenças infecciosas, bem como para diminuir os gastos com saúde pública.

Eliminação de hospedeiros

Para que ocorra a erradicação, os patógenos devem ser eliminados de todos os potenciais hospedeiros. Por isso, as campanhas de conscientização e vacinação visam alcançar pessoas e animais para diminuir e eliminar as fontes de infecção. Por exemplo, a campanha global de erradicação da varíola teve como alvo a população humana que transmitia o vírus.

Campanhas de vacinação em massa

Alcançar e manter uma elevada cobertura vacinal é essencial para atingir o objetivo da erradicação a nível global. As campanhas de vacinação em massa servem para aumentar os níveis de imunidade da população com mais agilidade, como ocorreu na eliminação da poliomielite. Estas iniciativas envolvem frequentemente esforços coordenados entre países e regiões para garantir que não restem hospedeiros susceptíveis.

Confira as principais doenças erradicadas por vacinas no Brasil

O sucesso do Brasil na erradicação e controle de contágio por meio de programas de vacinação teve um impacto profundo na saúde dos brasileiros. A criação das vacinas diminuiu a mortalidade associada a essas enfermidades infecciosas. Os esforços contínuos para manter uma elevada cobertura vacinal, vigilância e infraestrutura são indispensáveis para prevenir o ressurgimento das doenças abaixo descritas.

1. Varíola

A varíola foi erradicada no Brasil e também globalmente com uma campanha de vacinação bem-sucedida que teve alcance mundial, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No nosso país, o último caso foi relatado em 1971 e essa é uma das maiores conquistas relacionadas à saúde pública. Os sintomas dessa enfermidade incluíam:

  • febre alta (38-40 °C);
  • mal-estar geral;
  • dor de cabeça intensa;
  • dor nas costas;
  • vômitos ocasionais;
  • erupção cutânea geralmente no rosto, braços, pernas e tronco;
  • manchas vermelhas que evoluem para pápulas, depois para vesículas e, finalmente, para pústulas ou bolhas cheias de pus;
  • lesões na boca, garganta e trato respiratório.

O tratamento da varíola, quando a doença ainda existia, focava principalmente no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações secundárias, pois não havia cura específica para a infecção viral. Os pacientes infectados eram isolados para prevenir a disseminação do vírus para outras pessoas. Os principais cuidados envolviam os seguintes procedimentos:

  • hidratação adequada;
  • manutenção do equilíbrio eletrolítico;
  • controle da febre com antipiréticos;
  • alívio da dor com analgésicos;
  • uso de antibióticos;
  • limpeza e curativos das lesões cutâneas;
  • aplicação de loções ou pomadas calmantes para aliviar o desconforto.

2. Poliomielite

O Brasil foi declarado livre do vírus da poliomielite em 1994, como resultado do esforço da OMS para erradicar essa doença no mundo inteiro. Mas os brasileiros continuam a manter alta cobertura vacinal e vigilância para prevenir o reaparecimento dessa enfermidade. O último caso de infecção foi registrado em 1989 no nosso país. Confira alguns sintomas:

  • febre;
  • dor de garganta;
  • dor de cabeça;
  • vômitos;
  • fadiga;
  • dor de estômago;
  • dor no pescoço, nas costas, nos braços, nas pernas e nos músculos;
  • espasmos musculares;
  • rigidez do pescoço;
  • sensibilidade ao toque;
  • sinais de irritação das meninges;
  • perda súbita e severa de força muscular;
  • paralisia flácida (músculos ficam moles e sem tônus);
  • reflexos diminuídos ou ausentes;
  • paralisia que afeta um lado do corpo mais do que o outro;
  • dificuldade para respirar se os músculos respiratórios forem afetados;
  • dificuldade para engolir.

A prevenção da poliomielite é feita através da vacinação no Brasil. As vacinas contra a poliomielite são altamente eficazes e fazem parte do calendário infantil em muitos países. Graças a campanhas de imunização em massa, a poliomielite já foi erradicada em grande parte do mundo, embora ainda existam alguns focos da doença. Veja como ela deve ser tratada:

  • repouso - para ajudar o corpo a combater a infecção;
  • hidratação - para manter a ingestão adequada de líquidos;
  • alívio da dor - uso de analgésicos para aliviar dores musculares e desconforto;
  • exercícios fisioterapêuticos - para fortalecer os músculos e melhorar a mobilidade;
  • uso de órteses e aparelhos ortopédicos - para apoiar membros afetados e corrigir deformidades;
  • terapia ocupacional - para ajudar os pacientes a se adaptarem às limitações físicas e melhorar a capacidade de realizar atividades diárias;
  • aparelhos de respiração - para casos de paralisia dos músculos respiratórios, pode ser necessário o uso de ventiladores mecânicos;
  • suporte emocional e psicológico - para ajudar os pacientes e suas famílias a lidarem com os impactos emocionais e psicológicos da doença.

3. Sarampo

O sarampo foi controlado pelos esforços de vacinação durante vários anos, tendo a doença sido declarada eliminada nas Américas por volta de 2016. No entanto, os surtos voltaram a ocorrer nos últimos anos devido ao declínio na cobertura vacinal. Estão em curso esforços para evitar novos surtos e trabalhar para a sua eliminação. Observe abaixo os seus sintomas:

  • febre alta que pode começar leve e aumentar rapidamente, frequentemente chegando a 39-40 °C;
  • tosse seca e persistente;
  • coriza ou corrimento nasal;
  • conjuntivite - olhos vermelhos e lacrimejantes;
  • mal-estar geral;
  • sensação de cansaço e fraqueza;
  • pequenas manchas brancas com centros azulados ou esbranquiçados, rodeadas por uma área vermelha, que aparecem na mucosa bucal, geralmente próximas aos molares;
  • erupção cutânea - começa tipicamente no rosto (especialmente na linha do cabelo e atrás das orelhas) e se espalha para baixo, pelo tronco e membros;
  • manchas vermelhas planas que podem se juntar à medida que se espalham;
  • infecção no ouvido;
  • pneumonia;
  • infecção das vias respiratórias superiores;
  • diarreia severa;
  • inflamação do cérebro, que pode ser grave e potencialmente fatal.

O tratamento do sarampo geralmente é focado em aliviar os sintomas e prevenir complicações, uma vez que não existe um tratamento específico antiviral para a doença a não ser a vacinação. O paciente precisa de repouso e hidratação, visto que o descanso adequado ajuda o corpo a combater a infecção. Veja a seguir como tratar essa doença:

  • ingestão de líquidos;
  • controle da febre e alívio dos sintomas com antipiréticos como o paracetamol que pode ser administrado para reduzir a febre e aliviar o desconforto;
  • hidrocortisona pode ser administrada para reduzir a inflamação em casos de pneumonia ou outras complicações respiratórias;
  • infecções secundárias exigem a administração de antibióticos específicos;
  • suplementação de vitamina A em crianças com sarampo, especialmente em áreas onde a deficiência de vitamina a é comum, para reduzir a gravidade da doença e prevenir complicações oculares;
  • evolução do paciente deve ser monitorada de perto, principalmente para detectar complicações precocemente.

4. Rubéola

A rubéola foi declarada eliminada no Brasil no ano de 2015, após extensas campanhas de conscientização e da vacinação direcionadas a crianças e adultos. A eliminação dessa enfermidade reduziu significativamente a incidência de defeitos congênitos a ela associados. Os sintomas da doença podem variar, mas geralmente incluem:

  • febre baixa a moderada, geralmente abaixo de 39 °C;
  • mal-estar geral com sensação de cansaço;
  • dor de cabeça leve;
  • olhos vermelhos e lacrimejantes;
  • erupção cutânea rosa ou vermelha, que inicia rosto e se espalha para o resto do corpo;
  • linfonodos inchados, atrás das orelhas e no pescoço;
  • dor nas articulações;
  • perda de apetite.

A rubéola é uma doença leve em crianças saudáveis, mas pode ser grave para mulheres grávidas não imunizadas. A infecção durante a gravidez pode levar à uma síndrome congênita, que pode causar problemas de saúde no bebê, por exemplo, doenças cardíacas, auditivas, oculares e neurológicas. Os tratamentos para essa enfermidade envolvem:

  • medidas rigorosas de higiene;
  • descanso;
  • ingestão de água;
  • uso de medicamentos para reduzir a febre;
  • administração de analgésicos para aliviar dores nas articulações;
  • isolamento para evitar a disseminação do vírus para outras pessoas;
  • acompanhamento por profissionais de saúde para ajustar o tratamento conforme necessário.

5. Tétano neonatal

O Brasil conseguiu a eliminação do tétano neonatal que era um grande problema de saúde pública em 2003, com a melhoria da cobertura vacinal e de melhores práticas de cuidados maternos e neonatais. Porém, ainda são necessários esforços contínuos para manter este estado, garantindo altas taxas de vacinação entre mulheres grávidas. A seguir, alguns sintomas dessa doença:

  • bebês podem se tornar irritáveis, inquietos e chorar excessivamente sem motivo aparente;
  • dificuldade em sugar e engolir devido a espasmos musculares na mandíbula e garganta;
  • rigidez muscular generalizada;
  • espasmos musculares dolorosos podem ocorrer em todo o corpo;
  • dificuldade para respirar que pode ser potencialmente fatal;
  • febre baixa;
  • sudorese excessiva;
  • aumento da frequência cardíaca.

O tétano neonatal é uma condição grave que ocorre em recém-nascidos como resultado da contaminação do cordão umbilical com esporos da bactéria Clostridium tetani, que produz uma toxina potente. O seu tratamento é intensivo e inclui o uso de antibióticos para eliminar a sua causa. Os médicos usam a imunoglobulina antitetânica para neutralizar a toxina. Observe outros detalhes:

  • sedação e relaxantes musculares;
  • suporte respiratório;
  • monitoramento rigoroso e cuidados de suporte em uma unidade de terapia intensiva neonatal.

Descubra por que pessoas estão deixando de se vacinar no Brasil

Enfrentar os desafios da vacinação da população requer uma abordagem multifacetada, com a melhoria da educação pública sobre as vacinas, o acesso aos serviços, o combate à desinformação e a promoção da confiança nos sistemas de saúde. Vários fatores contribuem para o declínio das taxas de pessoas vacinadas no Brasil. Nos próximos tópicos, falaremos sobre eles.

Desinformação e hesitação

Dúvidas sobre a segurança e a necessidade de vacinar atrapalham os esforços. A difusão de informações falsas sobre vacinas nas redes sociais alimentou o medo sobre a segurança e eficácia da vacinação. As teorias da conspiração e a propaganda antivacina contribuíram para o declínio da confiança das pessoas nos programas criados pelo governo para diminuir os impactos dos contágios.

Desafios logísticos e de acesso

Em áreas remotas, o acesso aos serviços de saúde e de vacinação pode ser limitado. Fatores como distância dos centros de saúde, falta de transporte e infraestrutura de saúde limitada podem dificultar a adesão à vacina​. Além disso, questões da cadeia de abastecimento podem levar à escassez, dificultando a realização das campanhas e os procedimentos médicos.

Fatores socioeconômicos

As disparidades socioeconômicas afetam o acesso aos cuidados de saúde e à vacinação. Famílias de baixa renda, por exemplo, podem enfrentar barreiras como custos associados ao deslocamento até os locais onde são aplicadas as vacinas. O afastamento do trabalho e o acesso a informações sobre calendários também impedem a eficiência dos programas de saúde.

Entenda as consequências da falta de vacinação

A manutenção de uma elevada cobertura vacinal é crucial para prevenir o ressurgimento de doenças evitáveis, garantir a saúde e o bem-estar das comunidades em todo o mundo. A falta de vacinação pode ter consequências graves para os indivíduos e as comunidades, afetar os sistemas de saúde, a economia e as estruturas sociais.

Surtos e epidemias

Quando as taxas de vacinação diminuem, doenças que anteriormente estavam sob controle ou eliminadas podem ressurgir. Consequentemente, ocorre o aumento das infecções e da mortalidade, uma vez que essas enfermidades evitáveis ​​ podem causar problemas graves e a morte dos pacientes. O sarampo, a difteria e a coqueluche podem causar complicações como pneumonia e encefalite.

Redução da proteção de populações vulneráveis

A imunidade coletiva é facilitada quando uma parte significativa da população é vacinada, o que proporciona proteção indireta àqueles que não podem ser vacinados como crianças e indivíduos imunocomprometidos. As taxas reduzidas de vacinação enfraquecem a proteção de pessoas que estão desprotegidas e aumentam os riscos para esses grupos vulneráveis​.

Aumento dos custos com cuidados de saúde

O tratamento de doenças evitáveis ​​por vacinação requer investimento significativo em Medicina, incluindo hospitalizações e cuidados de longo prazo quando há complicações. Esta situação coloca uma pressão financeira sobre os sistemas médicos e aumenta os custos gerais da área da saúde. Os surtos podem desviar a atenção de outros serviços e afetar a qualidade dos cuidados médicos.

Essas são as 5 doenças erradicadas por vacinas no Brasil! A vacinação pode eliminar enfermidades induzindo o aumento da imunidade coletiva e interrompendo a transmissão dos patógenos. A cobertura vacinal, as campanhas voltadas para as massas, a vigilância e a resposta rápida aos surtos são componentes cruciais do sucesso dos esforços de erradicação.

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