Síndrome de Tourette: o que é o transtorno de Billie Eilish, seus sintomas e tratamento
Conheça tudo sobre a síndrome de Tourette: quais são seus sintomas desde a infância, como é o diagnóstico e os possíveis tratamentos.
A síndrome de Tourette é uma doença rara que vira e mexe ganha espaço no Google Trends. Um dos motivos que aguçam a curiosidade das pessoas e que talvez também tenha feito você visitar o nosso blog é o fato de que artistas famosos têm falado abertamente sobre como é conviver com esse transtorno.
Dois dos que estão no auge de suas carreiras são a cantora Billie Eilish, que venceu seu segundo Oscar no mês passado, e o cantor escocês Lewis Capaldi, conhecido pelos icônicos singles “Someone You Loved” e “Before You Go”. Outras celebridades que também já revelaram ter síndrome de Tourette foram o ex-jogador David Beckham e o ator hollywoodiano Seth Rogen.
A seguir, você vai conhecer tudo sobre como essa condição se manifesta desde a infância, como é o diagnóstico e os possíveis tratamentos. Continue sua leitura até o fim.
O que é síndrome de Tourette?
Quando falamos sobre síndrome de Tourette, estamos tratando de um transtorno neuropsicológico responsável por alterar padrões emocionais, assim como o comportamento das pessoas que a têm. Sua principal característica é a presença de tiques motores, como virar o rosto e os olhos repetidas vezes, como é o caso da cantora Billie Eilish.
Os tiques vocais também são frequentes e já foram registrados em uma série de vídeos no Instagram e no Tik Tok. Recentemente, viralizou o de uma motorista de uber que, vez ou outra, grita, fazendo com que ela precise se explicar a seus passageiros logo que entram no veículo para não se assustarem.
Tanto os tiques motores quanto os vinculados à fala iniciam-se logo na infância e podem persistir por mais de um ano. Foram tais “vícios de comportamento” que fizeram Giles de La Tourette diagnosticar, em 1825, a primeira paciente com a síndrome: a Marquesa de Dampierre. É por isso, que o transtorno recebeu o seu nome.
A ocorrência dos tiques varia no decorrer de uma semana ou de um mês para o outro, acontecendo sempre em ondas mais brandas ou mais fortes. Sua intensidade, inclusive, pode ser maior quando em momentos e situações de estresse, estando também comumente associados a quadros de:
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
- Distúrbio da atenção com hiperatividade (TDAH);
- Distúrbios de aprendizagem.
Embora existam fortes fatores hereditários comuns às três condições citadas anteriormente, a causa originária da síndrome de Tourette segue desconhecida.
Quais são os principais sintomas da Síndrome de Tourette?
Esses tiques sobre os quais falamos anteriormente são o principal sintoma, atingindo mais de 80% das pessoas com a condição. São movimentos rápidos, súbitos e sem propósito, que podem ser simples ou complexos. Da mesma forma que o estresse é capaz de piorar essa questão, pois em situações que exigem atenção e momentos de repouso, acontece justamente o contrário.
Se você ainda não conseguiu imaginar como esses tiques podem se manifestar, aqui está uma breve lista:
- Piscar os olhos de modo anormal;
- Franzir a testa;
- Contrair outros músculos do rosto;
- Balançar a cabeça.
Outra característica sobre a qual não falamos antes é que esses sintomas podem estar vinculados à movimentação de objetos próximos que, a princípio, pode até ser confundida com uma ação voluntária.
Quanto aos tiques vocais, chamam a atenção:
- Fungar;
- Coçar a garganta;
- Gritar subitamente;
- Usar palavras obscenas involuntariamente;
- Repetir um som ou palavra proferidos por outra pessoa.
Os dois últimos itens da lista têm nome próprio: coprolalia e ecolalia, respectivamente. Assim como os demais, ambos podem ser suprimidos por certo tempo, questão de instantes, mediante algum esforço da pessoa. Porém, essa supressão pode acabar gerando um efeito rebote, no qual o próximo tique seja mais exagerado.
Alguns sintomas associados à síndrome de Tourette são a ansiedade, a fobia social e a compulsão. Isso acontece, pois seus comportamentos involuntários podem ser desagradáveis às pessoas ao redor, o que acaba causando uma maior dificuldade de socialização desde a infância.
Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Tourette?
De modo geral, o diagnóstico é feito por meio da observação e análise dos relatos do paciente durante a anamnese. Não há, por exemplo, um exame físico ou laboratorial de imagem, de sangue ou de outros fluidos corporais que possam atestar a presença da síndrome de Tourette.
A avaliação médica deve seguir os seguintes parâmetros para ser assertiva:
- Múltiplos tiques motores;
- Um ou mais tiques vocais;
- Tiques que acontecem diversas vezes ao dia;
- Tiques que acontecem quase todos os dias;
- Tiques que acontecem em forma de ataque por longo prazo (+ de 1 ano);
- Ter início antes dos 18 anos.
É essencial que o paciente seja muito sincero durante toda a consulta, pois o diagnóstico clínico depende da veracidade das informações fornecidas. Por exemplo, caso sua perturbação seja momentânea devido ao consumo de alguma substância, a omissão desse fato pode levar a uma avaliação equivocada de síndrome de Tourette.
Também é relevante ser honesto quanto ao seu histórico de saúde pessoal e familiar. Outras condições médicas, como a síndrome de Huntington e o TOC, podem ser confundidas com o transtorno por terem comportamentos estereotipados semelhantes.
Como é o tratamento para Síndrome de Tourette?
Embora não exista ainda uma cura para esse transtorno, existe tratamento para controle, sendo extremamente importantes para melhorar os desconfortos do indivíduo e melhorar seu convívio social. As intervenções médicas podem ser por meio de medicamentos e a indicação de acompanhamento psicológico.
Os remédios antipsicóticos têm por objetivo aliviar e controlar certos sintomas. A automedicação, porém, é completamente contraindicada, visto que somente uma análise cuidadosa é capaz de prever e remediar eventuais efeitos colaterais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das linhas da psicologia mais indicadas para os casos desse transtorno. Isso porque ela oferece uma série de técnicas para mudar padrões de pensamento que por sua vez influenciam suas ações, que podem ser negativas ou positivas.
Duas dessas técnicas são: a exposição com prevenção de resposta (EPR) ou treinamento de reversão de hábitos (TRH). A primeira envolve exposição progressiva a estímulos simultaneamente a supressão de reflexos obsessivos. Seu objetivo é aumentar a consciência do paciente quanto ao próprio comportamento disfuncional, sendo mais capaz de substituí-lo, amenizando-o.
Em complemento a isso, também podem ser muito benéficas atividades que envolvem o autocontrole da mente e do corpo, como a meditação e a yoga. Elas servem para aliviar o estresse, que pode ser um agravante, assim como outros esportes que naturalmente promovem bem-estar.
Por fim, tiques isolados e com localização específica podem ser tratados com aplicação de toxina botulínica (botox). Além disso, existem autores que defendem intervenções cirúrgicas para estimulação cerebral profunda em casos muito excepcionais da síndrome de Tourette.
Quais as especialidades médicas envolvidas no acompanhamento dessa condição?
Como mencionamos no item acima, o acompanhamento da pessoa com síndrome de Tourette deve ser multidisciplinar com profissionais de outras áreas da Saúde. Aliado à medicina, o trabalho do psicólogo é essencial para a melhoria do quadro do paciente.
Entre as especialidades médicas, há também uma boa variedade de especialistas que podem contribuir para o tratamento do transtorno. No caso das crianças, pediatras e neuropediatras, sendo posteriormente atendidos por neurologistas e psiquiatras.
Vale lembrar que, o trabalho dessa equipe será mais difícil quanto mais tempo demorar para o diagnóstico ser feito. É por isso que os pais devem estar atentos ao comportamento dos seus filhos desde os primeiros anos e, claro, não reprimir bruscamente ações que podem ser, na verdade, tiques iniciais da síndrome.
A repressão pode levar ao trauma pela vergonha, o que tornará a autoaceitação do paciente ainda mais difícil. Seu estado mental e autoestima debilitados também afetarão suas relações interpessoais e tudo isso traz apenas malefícios para o indivíduo.
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