Transtorno obsessivo-compulsivo: a importância do diagnóstico à saúde
Neste artigo, buscamos trazer informações sobre o Transtorno obsessivo-compulsivo, mais conhecido popularmente como TOC. Confira!
Todos nós estamos repletos de desafios em nossa rotina, vivenciando experiências que nem sempre são positivas. Seja na faculdade ou no estágio, no convívio social ou familiar, temos que aprender a encarar e saber lidar com as emoções. Quando analisamos a maneira como reagimos a tudo isso, entra em questão um conceito que já deve fazer parte do seu vocabulário enquanto estudante de Medicina: saúde mental. É claro que existe um grande leque dentro desta temática. Neste artigo, buscamos trazer informações sobre o Transtorno obsessivo-compulsivo, mais conhecido popularmente como TOC.
O TOC é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade descrito desta maneira no “Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5)”, da Associação de Psiquiatria Americana, e que muitas vezes é confundido com a mania. Cerca de 2% da população mundial é acometida pelo TOC, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, cerca de quatro milhões de pessoas se deparam com o diagnóstico deste distúrbio, que atinge mulheres e homens na mesma proporção. Comumente, o TOC surge nos primeiros anos da adolescência, mas é na vida adulta que começam a aparecer crises recorrentes de obsessões e compulsões, e isso vai muito além daquela mania de deixar tudo organizadinho no seu local de estudo.
O que são compulsão e obsessão?
O TOC é um transtorno mental que gera problemas no cotidiano, já que as pessoas apresentam rituais com grande consumo de tempo, provocando muito sofrimento, explica Rafael Polakiewicz, doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Especialista em Atenção Psicossocial. Polakiewicz aponta ainda a diferença entre compulsão e obsessão, principais características do TOC:
Podemos considerar que as obsessões são pensamentos, ideias ou impulsos que se repetem ou são persistentes, gerando desconforto e ansiedade. Já a compulsão é um mecanismo de amenização da ansiedade, sendo atos de comportamento repetitivo.
Exemplos de obsessões:
- Preocupação com contaminação (se tocar na maçaneta serei contaminado?);
- Dúvidas (será que tranquei a porta da frente?);
- Preocupação com objetos que não estão perfeitamente alinhados ou uniformes.
Exemplos de compulsões:
- Lavar ou limpar algo para evitar contaminação;
- Verificar algo para eliminar dúvidas (conferir por diversas vezes se a porta está trancada);
- Contar (repetir uma ação um determinado número de vezes);
- Ordenar (deixar os objetos da mesa de estudo em um padrão específico).
Da causa ao diagnóstico
Um artigo publicado recentemente pelo professor e doutorando em Ciências da Educação Madson Marcio de Faria Leite revela que, no Brasil, a grande maioria de pessoas portadores do TOC seguem sem diagnóstico e, por consequência, sem o tratamento adequado. Ele afirma ainda que o Transtorno obsessivo-compulsivo foi reconhecido como uma doença recentemente e que, até pouco tempo, era considerado mania, tanto por portadores quanto por familiares.
Mas então, qual o momento ideal para procurar ajuda? Os profissionais da área apontam que ainda não existe um esclarecimento em torno das causas do TOC. Alguns estudos sugerem que existem alterações na comunicação entre zonas cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores genéticos, psicológicos, histórico familiar também estão entre as possíveis causas. Desta maneira, ao perceber os primeiros sinais de que os hábitos estão fora da normalidade, é recomendável procurar uma assistência profissional.
Dos sintomas ao tratamento
A realização de rituais compulsivos como forma de controle da ansiedade é um dos principais sintomas do TOC. Isso pode ser observado em diversas formas na rotina do paciente, como a preocupação excessiva com a higiene pessoal, a dificuldade em pronunciar algumas palavras e até o medo de que suas escolhas possam acabar com um resultado ruim como acidentes ou até morte.
Polakiewicz explica que o sofrimento dos portadores do Transtorno obsessivo-compulsivo ocorre no ato de aprisionamento em um comportamento que objetiva o alívio do estresse, da necessidade de expressão do corpo a um sofrimento impossível de se conter. Ele destaca ainda que alguns estudos na área apontam o TOC como uma das maiores causas de incapacitação para o trabalho e para a vida acadêmica.
Sobre o tratamento, o doutorando ressalta que é importante envolver o paciente, familiares e profissionais de saúde na definição de metas para melhora no quadro e qualidade de vida:
O importante é compreender a necessidade da realização de um projeto terapêutico singular (PTS). A construção passa pelo diagnóstico, junto à pessoa, em sofrimento dos principais sinais e sintomas da doença, e sobre as questões mais relevantes relacionadas à doença e à vida da mesma.
Em consultas que não sejam de especialidade é sempre importante a educação permanente para o tratamento de casos de sofrimento psíquico. A empatia deve estar sempre presente nos atendimentos, assim como o acolhimento. É comum a negligência dos profissionais com as pessoas que sofrem com o TOC, reduzindo os sintomas à atitude de mania, como já mencionado anteriormente.
Polakiewicz acrescenta que a entrevista pode ser uma forma de solucionar o problema, compreendendo o usuário e seu estado de ansiedade, além do comportamento e do sofrimento. Lembre-se que a sensibilidade em relação ao outro é de suma importância para qualquer atividade terapêutica.
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