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Calor extremo x saúde mental: por que pacientes psiquiátricos sofrem mais?

Entenda a conexão existente entre o calor extremo e o funcionamento do organismo de pacientes psiquiátricos aqui!

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Ninguém é time calor quando o assunto é aquecimento global. As temperaturas acima dos 30ºC estão por trás não apenas do desconforto físico, como o suor excessivo, mas também da piora de quadros de insônia, fadiga e irritabilidade. Não à toa, pessoas com distúrbios mentais ficam mais vulneráveis com o calor extremo.

Um estudo publicado na revista científica Environment International revelou que a mortalidade por tentativas de suicídio e automutilação aumenta a cada elevação de 1ºC. Outros estudos também confirmaram que o departamento de emergência é mais procurado para sanar questões de saúde mental quando está mais quente.

Essa correlação ultrapassa o aspecto social do calor extremo que, por vezes, causa a morte de entes queridos, a perda de bens materiais e a emigração – obrigando indivíduos a deixarem seus lares para trás. Sim, tudo isso pode desencadear depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.

No entanto, nós reservamos este artigo para falar estritamente da conexão existente entre a temperatura ambiente e o funcionamento do organismo de pacientes psiquiátricos. Entenda quais são esses prejuízos a seguir.

Como o calor extremo impacta pacientes psiquiátricos

O problema começa em uma parte do cérebro chamada hipotálamo anterior, responsável por nos dizer se precisamos suar ou tremer quando está quente ou frio. Ambos são mecanismos naturais que os seres humanos têm para regular a própria temperatura.

O suor e a tremedeira também servem como sinais de que nós temos que tomar certas medidas para melhorar nosso bem-estar. Ou seja, tomar mais água, um banho, ou vestir um casaco.

Duas coisas relacionadas a isso colocam as pessoas com distúrbios mentais em perigo no calor extremo. A primeira é o fato de que os transtornos prejudicam a neurotransmissão de informações ao hipotálamo anterior.

Já a segunda refere-se à dependência do hipotálamo anterior pela serotonina e pela dopamina para ser estimulado. Ambas as substâncias normalmente aparecem em baixas quantidades ou são manipuladas por medicamentos em pessoas com a saúde mental debilitada.

Distúrbios mentais que são fatores de risco no calor extremo

Entre tantos distúrbios mentais existentes, você deve estar se perguntando quais deles são considerados fator de risco no contexto do aquecimento global. Bom, aqui estão eles: bipolaridade, esquizofrenia e ansiedade.

Em 2021, pesquisadores descobriram que 8% das pessoas mortas devido à uma onda de calor extremo eram esquizofrênicas. Além disso, ansiosos crônicos podem ter seus quadros piorados por causa da exposição à poluição atmosférica – agravada pela crise climática –, no longo prazo.

A psicose esquizofrênica pode colocar um indivíduo ainda mais em risco quando está quente ao dificultar sua interpretação do clima. Isto é, ele pode não sentir que está superaquecido e, assim, não usar os recursos que têm para abaixar sua temperatura corporal.

Por fim, uma investigação revelou que a exposição excessiva à radiação solar pode aumentar a incidência de episódios maníacos em bipolares. Há de ser considerada também a questão da automedicação, que é mais comum entre pessoas com problemas mentais.

Infelizmente, os problemas não param por aqui. A correlação entre os remédios psiquiátricos e o calor extremo você confere no próximo tópico.

Calor extremo versus medicamentos psiquiátricos  

Aripiprazol, olanzapina, risperidona, quetiapina e lurasidona são alguns dos medicamentos para distúrbios mentais que afetam a capacidade de suar dos pacientes. Além disso, eles também podem inclusive aumentar a temperatura central de seus corpos.

Mas isso não é exclusivo a medicamentos antipsicóticos. Determinados ansiolíticos e remédios estimulantes, receitados a pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também têm esse efeito colateral.

Sem falar que, o lítio presente em estabilizadores de humor controlados pode causar desidratação. Ou seja, o cuidado de pessoas que são pacientes psiquiátricos precisa ser redobrado com o calor extremo.

O que pode ser feito para amenizar essa situação?  

Manter as atividades físicas em dia são fundamentais para o equilíbrio da saúde mental de bipolares, esquizofrênicos e ansiosos. Durante os períodos de calor extremo, o ideal é exercitar-se em lugares climatizados ou quando a temperatura estiver mais amena.

O sono também é uma parte importante do seu bem-estar. Portanto, escolher ao menos um aparelho, como ventiladores, umidificadores e ar-condicionado, será de grande ajuda para melhorar a sensação térmica enquanto dorme.

Na maioria dos casos, o estresse é um gatilho para episódios e crises de transtornos mentais – e lidar com o aquecimento global é uma fonte interminável disso. Algo que pode ajudar com essa questão é ser uma pessoa ativa pela causa ambiental, engajando em movimentos e fazendo a sua parte.

Já no que se refere aos efeitos colaterais de medicamentos, conversar com um psiquiatra é a única opção segura. Vale ressaltar, claro, que as medidas que servem todos não podem ser deixadas de lado:

  • Hidratar-se bastante;
  • Tomar banho frio;
  • Usar roupas largas e claras;
  • Usar protetor solar, chapéus e óculos escuros.

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