Pré-natal: tudo o que você precisa saber sobre esse período
Pré-natal: compilamos valiosas informações sobre essa bela fase da gestação. Leia e confira!

Saber quais são os principais riscos presentes durante uma gravidez é essencial para acertar questões sobre esse tema na prova de Residência Médica. Nesse contexto, estar a par da dinâmica que envolve o acompanhamento pré-natal faz toda a diferença na rotina clínica.
Hoje, vamos abordar os principais conceitos e mecanismos relacionados a essa temática, já que o pré-natal é uma prática que pode evitar muitos problemas que comprometem a saúde da mulher e da criança.
Está se preparando para a seleção de Residência, Enare, Enamed ou outros concursos médicos? Leia este material e fique por dentro de um dos assuntos mais cobrados nas provas de Medicina.
O que é o pré-natal e qual a sua importância?
Por definição, o pré-natal é considerado um conjunto de medidas que promovem o desenvolvimento saudável durante a gestação. É um processo que objetiva cuidar da saúde da mulher e do bebê a fim de evitar intercorrências que possam colocá-los em risco, tanto na hora do parto como após o nascimento.
O acompanhamento pré-natal é feito por uma equipe multidisciplinar, que envolve, além dos profissionais da Ginecologia e Obstetrícia, médicos clínicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistente social. Dependendo do caso, a gestante pode ser acompanhada por outros profissionais, tais como nutricionistas, educadores físicos e cardiologistas.
Entre outras metas, o pré-natal na gravidez tem um papel fundamental para a promoção do bem-estar materno e fetal. Por meio dessa prática, é possível detectar, de forma precoce, possíveis doenças que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.
Quando iniciar o pré-natal?
Considerando a importância do pré-natal, o ideal é que o acompanhamento comece antes da gravidez. Ou seja, essa prática deve ser parte integrante do planejamento gestacional, com a adoção de um estilo de vida saudável, orientado por profissionais de saúde.
Segundo os especialistas, a mulher deve iniciar o pré-natal de 1 a 3 meses antes de engravidar. Recomenda-se, portanto, que a futura mamãe faça uma consulta de orientação pré-concepcional, com recomendações claras sobre os riscos da gestação.
Além disso, é importante esclarecer as dúvidas dela e conversar com o pai da criança, se possível. O objetivo é que o casal possa receber orientações sobre a maternidade, preferencialmente focada nos cuidados necessários para uma gestação sem riscos.
Nessa consulta pré-concepcional, as instruções devem ser focadas em:
- instruções nutricionais para controle de peso;
- orientações sobre os prejuízos causados pelo consumo de cigarro, álcool e entorpecentes;
- explicação sobre o uso de certos medicamentos, caso a mulher faça uso contínuo de algum remédio;
- manejo da pressão arterial e do diabetes, caso exista esse diagnóstico;
- orientação sobre o surgimento de dores de cabeça repentinas, devido à relação com outras comorbidades;
- estimulação de atividades físicas monitoradas por profissional competente;
- importância de manter em dia o cartão de vacinas;
- orientações sobre o uso de métodos contraceptivos;
- medidas preventivas centradas no bem-estar materno e fetal.
A primeira consulta pré-natal
A primeira consulta do pré-natal deve ser um momento de diálogo aberto e acolhedor com o casal. Exceto nos casos de mãe solo, a presença do pai do bebê deve ser requisitada durante o agendamento. Esse encontro familiar ajuda a fortalecer os laços entre os companheiros e proporciona mais segurança para a gestante.
Quando não for possível a presença do parceiro, a orientação é convidar a mãe ou algum outro familiar de confiança da gestante. Começar o pré-natal com a presença de familiares faz diferença na motivação para a continuidade do acompanhamento, o que torna a gestação mais segura,
Por ser um período delicado, a gestação requer atenção e suporte profissional e envolvimento da família. Por isso, conversar com o casal abre possibilidades tanto de orientar sobre os principais cuidados exigidos na gestação quanto de perceber eventuais necessidades de suporte psicológico.
Nessa fase repleta de mudanças, é necessário que os familiares sejam orientados sobre as possíveis alterações na rotina, nos hábitos alimentares e no corpo da mulher. Por isso, a participação de um membro da família na primeira consulta é essencial para a adaptação a essas mudanças.
Número de consultas no pré-natal
De acordo com o Ministério da Saúde — que segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) — preconiza-se que sejam realizadas, no mínimo, seis consultas de pré-natal. Porém, para gestantes de alto risco, o ideal é que sejam feitas de 8 a 9 consultas, ou conforme a demanda.
A periodicidade das consultas depende da necessidade e dos estado de saúde da mulher e da criança. Partindo do pressuposto que a mulher seja saudável, as consultas de pré-natal na gravidez devem seguir o seguinte cronograma:
- mensal até a 28ª semana;
- quinzenalmente, da 28ª até a 36ª semana;
- semanalmente, da 36ª semana até o parto.


Quais exames devem ser feitos no pré-natal?
Durante o acompanhamento de pré-natal, a gestante deve ser monitorada pela equipe multidisciplinar. O objetivo das consultas e exames é prevenir, detectar e tratar doenças maternas e fetais que possam surgir nessa fase. Assim, há mais chance de reduzir os riscos de complicações para a mulher e seu filho.
A solicitação dos exames depende de diversos fatores, principalmente da existência de doenças crônicas anteriores ou que foram detectadas durante a gestação. Para isso, o médico avalia cada caso e solicita a avaliação da função renal, função cardíaca e de outros sistemas que exigem atenção nessa fase.
Entre os exames mais relevantes, listamos os que não podem ficar fora da lista durante o pré-natal. Confira:
Ultrassonografia
No pré-natal, recomenda-se o mínimo de três ultrassonografias. A primeira deve ser realizada assim que a gravidez é confirmada. Nessa fase, o exame serve para confirmar a idade gestacional.
Depois, deve ser feito o ultrassom morfológico do primeiro trimestre: o mais indicado é entre 11 e 14 semanas. A segunda ultrassonografia objetiva analisar os parâmetros relacionados ao risco de malformações fetais. Avalia-se, portanto, a medida da translucência nucal e a presença ou não do osso nasal.
Por fim, a mulher deve fazer mais um exame entre 20 e 24 semanas. Nessa etapa, é possível avaliar a morfologia do bebê: o médico poderá observar o crescimento, a localização e o estado da placenta, bem como o líquido amniótico. Tais avaliações são cruciais para o seguimento saudável da gestação até seu termo.
Se necessário, a gestante poderá fazer outro exame mais perto do parto. O exame do terceiro trimestre objetiva analisar o crescimento do bebê, o peso e o desenvolvimento fetal. Também é importante avaliar, funcionalmente, a placenta, o cordão umbilical e o volume de líquido amniótico.
Hemograma
Uma das doenças mais comuns na gestação é a anemia férrica. Por isso, o hemograma completo é um exame essencial e que analisa se há anemia, risco de infecções e a funcionalidade das plaquetas.
Tipagem sanguínea
A eritroblastose fetal é uma condição em que há incompatibilidade de fator Rh entre mãe e filho: mãe Rh negativa e bebê Rh positivo. Nesse caso, se as hemácias do bebê passarem para o sangue da mãe, a gestação fica em risco pela possibilidade de ocorrer a formação de anticorpos contra essas hemácias do feto.
Logo, esse exame possibilita descobrir, na gestação, o tipo de sangue e o fator Rh. Se não corrigida, essa incompatibilidade pode causar anemia, quadros hemolíticos e até mesmo doenças neurológicas na criança.
Exames de urina
Os exames mais importantes são a urocultura e o exame de urina comum. O principal objetivo é analisar se a mãe está perdendo proteínas na urina. Na gestação, a análise da urina também auxilia na detecção de infecção e na avaliação da função renal.
Glicemia em jejum
Esse é um teste que avalia a possibilidade de a gestante estar desenvolvendo diabetes. Quando existe fator de risco na família, o ideal é repetir o exame periodicamente e orientar a mulher sobre a importância de manter uma dieta balanceada.
Teste de sífilis
Entre as infecções sexualmente transmissíveis (IST), a sífilis eleva os riscos de complicações na fase gestacional. Isso porque a doença pode passar da gestante para o feto. Se não identificado e tratado a tempo, esse quadro pode causar abortamento.
Além disso, a sífilis pode provocar outras condições agravantes e comprometer a gravidez. Os problemas mais comuns nessa fase são:
- parto prematuro;
- baixo peso ao nascer;
- malformações congênitas;
- cegueira.
Teste de HIV
O vírus causador da AIDS também tem alta taxa de transmissão da mãe para o feto durante a gravidez. Ele pode ser transmitido durante a realização do parto ou no período de amamentação.
Por isso, quanto mais cedo for identificado, maiores serão as chances de controlar a carga viral por meio das medicações específicas contra o HIV. Para maior segurança do pré-natal na gravidez, os testes de HIV devem ser feitos no início do primeiro trimestre e no final do terceiro trimestre.
Testes para hepatite B
Outra doença que pode ser transmitida da gestante para o bebê é a hepatite B. Caso a mulher tenha esse diagnóstico confirmado, o ideal é que se iniciem os cuidados com a criança logo após o parto. Além da vacina, a terapia com imunoglobulina humana anti-hepatite B é a forma mais eficaz de proteção do recém-nascido.
Quais as principais vacinas para a gestante?
Durante os cuidados do pré-natal, a mulher deve manter o cartão de vacinas atualizado. As principais vacinas da gravidez são:
- Tríplice bacteriana acelular (dTpa): a partir da 20ª semana de gestação;
- Hepatite B: deve ser tomada apenas se a gestante não estiver imunizada;
- Influenza: a dose é anual e deve ser reforçada na gestação.
Quais problemas podem ser evitados com o pré-natal?
Algumas condições clínicas são mais comuns durante a gestação e podem colocar em risco a saúde da mulher e da criança. Veja quais são elas:
Hipertensão gestacional
Essa é uma das complicações mais comuns da gravidez e requer atenção profissional especializada. Se não controlada, a hipertensão pode levar a um quadro de pré-eclâmpsia e, eventualmente, evoluir para eclâmpsia.
Os sintomas mais prevalentes desse quadro são dor de cabeça, desconforto no estômago, alterações visuais, convulsões e sangramento vaginal. Nos casos mais graves, a mulher pode entrar em coma.
Diabetes gestacional
Ainda que os índices de diabetes gestacional sejam baixos na gravidez, durante o acompanhamento pré-natal, as mulheres que integram os fatores de risco devem ser submetidas à triagem periódica. Em geral, a doença se manifesta na metade do terceiro trimestre, com episódios de hipo e hiperglicemia.
Placenta prévia
Caracterizada por uma complicação associada ao posicionamento atípico da placenta, esse quadro também coloca a gestação em risco. Além disso, a posição anormal da placenta torna o parto mais difícil. Ainda, eleva o risco de abortamento e parto prematuro.
Quais as recomendações do Ministério da Saúde?
Dados do Observatório de Saúde Pública trazem números preocupantes em relação às taxas de mortalidade materna no Brasil. Como vimos, a maioria das doenças que levam ao óbito das gestantes pode ser evitada com o acompanhamento pré-natal.
Destacamos as estatísticas publicadas pela Saúde Pública. Observe:
- a razão de mortalidade materna no Brasil foi de 54,5 a cada 100 mil nascidos vivos em 2022;
- nove em cada dez mortes maternas seriam evitáveis com a implementação de medidas e recomendações eficazes.
Quanto às estatísticas por regiões e municípios brasileiros, os números da mortalidade materna desafiam a Medicina. Nas provas de Residência Médica, essa temática é bastante abordada, assim como no vestibular e no ENEM.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde orienta que o direito ao pré-natal é garantido a todas as mulheres. Para isso, a gestante deverá procurar a unidade de atenção básica mais próxima de sua residência e solicitar a inclusão nas consultas periódicas de pré-natal.
Nessas consultas, a equipe multiprofissional também deve considerar os aspectos psicossociais envolvidos. Conflitos familiares e exposição à violência precisam ser notificados pelos profissionais do serviço, a fim de oferecer à gestante o suporte adequado.
Portanto, o pré-natal é a alternativa mais eficaz para minimizar os impactos dos problemas que mais ocorrem na gestação. Por meio desse acompanhamento, pode-se promover a saúde gestacional e proporcionar mais bem-estar e qualidade de vida para a futura mamãe e seu bebê.
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