Estágio e carreira

Por que é importante falar sobre diversidade durante o ano inteiro

Você pode até pertencer a uma minoria, mas será que você sabe o porquê devemos falar sobre diversidade durante o ano inteiro? 

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Você já ouviu falar sobre campanhas feitas somente para passar a impressão de que a empresa tem os valores do momento? Um exemplo é o Greenwash - utilizado para nomear posicionamentos sustentáveis falsos. Quando o assunto é diversidade, acontece a mesma coisa, e é por isso que as organizações que falam sobre este assunto o ano inteiro destacam-se no mercado.

Em 2020, muitas pessoas se manifestaram contra ao verem marcas que quase não contratam pessoas pretas publicando posts em apoio ao Black Lives Matter. Tentativas de marketing com foco na comunidade LGBTQIAPN+, o famoso pink bait, também são alvo de reclamação constantes nas redes sociais.

Quem sofre com a discriminação sabe qual é a importância que há em jogar luz sobre capacitismo, transfobia, homofobia, racismo, xenofobia e sexismo. E você?

Pertencendo ou não a uma ou mais minorias, sabe por que é preciso ir além das datas comemorativas? A seguir, falamos sobre o porquê principal e outras três razões para se fazer isso. Confira!

Objetivo Nº1: entrar no lugar comum

Imagine um mundo em que todas as pessoas reconhecem a existência dos padrões normativos e buscam desconstruí-los em seu dia a dia naturalmente. Uma sociedade em que as pessoas podem se expressar e ser realmente o que quiserem desde criança, sem repressão.

Até hoje, falar sobre questões minoritárias é visto como um tabu em várias instituições, empresas e até em mercados inteiros. Mas não falar sobre o assunto não impede que a violência aconteça nem faz ninguém capaz de se proteger contra ela.

Muito pelo contrário, pois o silêncio é aliado do medo. Assim, falar sobre diversidade o ano inteiro é pavimentar aos poucos o caminho que essa pauta merece no lugar comum. Ou seja, no cotidiano de cada pessoa, sem que alguém ache estranho.

Um dia a emancipação feminina foi tabu. Hoje, não é mais e a maior parte dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Um dia a segregação racial foi a regra. Hoje, impedir que uma pessoa entre em um espaço pela cor da sua pele é crime.

É sobre bater na mesma tecla até que todos estejam dançando no mesmo ritmo - e esse ritmo é o da inclusão. As campanhas e palestras pontuais que acontecem no mercado e em faculdades durante as datas comemorativas devem acontecer, sim, como reforço.

Mas nunca isoladamente e sem se transformar em atitudes. Afinal, ações falam mais do que palavras.

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Nº2: Aumentar a produtividade

Um ambiente diverso melhora o bem-estar geral, mesmo entre as pessoas que não pertencem a nenhuma minoria. Este foi um dos fatores identificados pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que realizou um levantamento sobre o impacto da diversidade no mercado de trabalho.

De acordo com a pesquisa, para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial, a produtividade nas empresas cresce em 4%. Misturar homens e mulheres também surte efeitos parecidos: para cada 10% de diversidade de gênero, os negócios tornam-se 5% mais produtivos.

Mas o que é produtividade? É o nome que se dá à capacidade de produzir, tanto de pessoas quanto de coisas. Logo, podemos entender que trabalhar com pessoas diferentes funciona como um agente de motivação.

Outras consequências sugeridas pelo Instituto foram:

  • Diversificação de competências e habilidades;
  • Melhoria do clima organizacional;
  • Declínio da rotatividade de profissionais no time;
  • Maior atração de trabalhadores capacitados e inclusivos.

Ou seja, a diversidade é um movimento como uma gota que cai em um lago, criando ondas cada vez maiores, pois essas pessoas priorizam ambientes saudáveis para se candidatar. Basta alguém decidir por quebrar o ciclo da normatização e gerar as primeiras contratações de minorias.

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Nº3: Preparar as pessoas para um mundo multicultural

Se o mercado de trabalho está ganhando com a diversidade, falar sobre este assunto na faculdade é imprescindível para preparar todos os estudantes para colaborar com pessoas diferentes. Mas como assim “preparar”?

Dizemos “preparar” não porque é difícil lidar com minorias, mas porque o acolhimento às diferenças ainda é um movimento “contracultura”. Isto é, vai de encontro aos estereótipos tradicionais reforçados pela sociedade, mesmo que sem querer.

Para respeitar de fato alguém é preciso saber como fazer isso. Por exemplo, extinguir palavras racistas do vocabulário; aprender sobre identidade de gênero; entender o porquê de as mulheres sentirem-se mais vulneráveis em lugares coletivos do que os homens, etc.

Tudo isso é um processo de desenvolvimento pessoal muito importante que transformará a sua carreira. Afinal, só consegue abraçar a diversidade, que só cresce no mercado de trabalho, quem sabe ser empático com qualquer pessoa.

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Nº4: Impulsionar a criatividade e, assim, a inovação

Diz-se que a criatividade é como um músculo que pode ser exercitado para tornar-se maior e mais potente ou atrofiar caso seja negligenciado. Quem faz academia ou pratica algum tipo de atividade física sabe que, com o passar do tempo, é preciso modificar o treino para que os efeitos persistam.

No caso das salas de aula e das equipes de trabalho, essa “mudança” vem por meio da diversidade. Funciona assim: você está viciado em uma linha de pensamento, então, reúne-se com alguém que possui outras referências para um brainstorm.

À medida que discutem ideias, seu cérebro passa a buscar caminhos diferentes a partir do ponto de vista do seu colega para encontrar uma solução. Já passou por isso? Se não, aconselhamos você a buscar por oportunidades como essa.

Nossos pontos de vista são moldados pelas nossas experiências desde o dia em que nascemos. Têm a ver com o lugar onde fomos criados, a cultura local e todos os desafios que precisamos superar para sermos quem somos.

Inevitavelmente, conseguir mais variáveis disso passa por incluir minorias.

Sabe de onde tiramos essa conclusão? Do estudo Getting to Equal 2019: Creating a Culture that Dives Innovation, em que os pesquisadores definiram investir em diversidade como um pré-requisito para as organizações tornarem-se inovadoras.

O estudo também revelou que os profissionais que trabalham em ambientes inclusivos sentem-se menos constrangidos em compartilhar suas ideias. Essa liberdade para pensar - e errar - é o principal motor para vencer as barreiras do que já não funciona mais.

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