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Apneia do sono: entenda o que é, os sintomas e possíveis tratamentos

Descubra tudo sobre a apneia do sono: um distúrbio mais comum do que você imagina - e ainda fique mais preparado para o Enem!

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Há mais de duas décadas, a comunidade médica reconheceu a apneia do sono como um dos principais distúrbios do sono, que desorganiza os movimentos respiratórios. Cerca de 30% da população mundial sofre com esse problema, sendo mais comum entre homens cis e mulheres transexuais mais velhos e homens trans em qualquer idade.

Mas a incidência em cada um destes três grupos decorre por motivos diferentes. Nos homens cisgêneros e mulheres trans, a tendência à apneia do sono decorre da própria anatomia de suas vias aéreas, que são mais estreitas.

Já nos homens trans, o principal motivo é a baixa quantidade dos hormônios estrogênio e progesterona, devido à terapia hormonal com testosterona, que causa a flacidez dos músculos da garganta. Ou seja, quem sai mais ou menos ilesas são as mulheres cisgênero (até a menopausa) e as crianças. Todavia, apesar de menos frequente, ainda pode acontecer.

Portanto, vale a pena ler este artigo completo, inclusive, para você conseguir responder às possíveis questões do caderno de Ciências da Natureza e suas Tecnologias no Enem 2023.

Tipos de apneia do sono e suas causas

Por mais incrível que pareça, existem, sim, formas diferentes de parar de respirar involuntariamente enquanto dorme. Brincadeiras à parte, os três tipos de apneia do sono são: obstrutivo, central e mista.

A mais comum delas é a apneia obstrutiva (AOS), onde a entrada de ar para os pulmões é interrompida por um bloqueio físico (concreto) da via aérea superior. Ou seja, uma barreira para o oxigênio surge na garganta, causando o estreitamento ou o colapso da faringe, podendo ter vários motivos.

Entre eles estão: relaxamento muscular durante o sono, que leva ao fechamento da garganta; depósito de gordura nos tecidos adjacentes; e alterações estruturais ou transitórias no nariz, na garganta ou na mandíbula. Por exemplo, um queixo recuado para trás pode favorecer a apneia do sono obstrutiva.

Vale ressaltar que favorecer não é o mesmo que ser “A” causa, pois este distúrbio é a consequência de um conjunto de fatores. Outros agravantes são:

  • Desvio de septo;
  • Pólipos nasais;
  • Hipertrofia dos cornetos.

Em contrapartida, a apneia do sono central (ACS) ocorre quando a comunicação entre o cérebro e o corpo é interrompida, acarretando na parada do fluxo de ar por insuficiência cardíaca. Lesões no cérebro, como acidentes vasculares cerebrais (AVC), tumores e infecções, também podem causar essa interrupção.

Neste caso, as vias respiratórias até estão abertas, mas não há nenhum esforço respiratório sendo feito. Além de ser o tipo menos comum, também trata-se do mais silencioso, literalmente, pois as pessoas não costumam roncar.

Já a apneia do sono mista, você pode imaginar o que é. Sua característica principal é a presença dos dois problemas, sendo a ausência de esforço seguida pela obstrução.

Sintomas da apneia obstrutiva do sono

Como mencionamos anteriormente, a apneia do sono central é silenciosa, pois deriva de uma falha de comunicação neural. Abaixo estão listados apenas os sintomas dos tipos obstrutivo ou misto do distúrbio.

São eles:

  • Ronco;
  • Sono agitado;
  • Engasgo e sensação de sufocação enquanto dorme;
  • Falta de disposição e sonolência durante o dia;
  • Cefaleia;
  • Perturbação da memória;
  • Falta de atenção e de concentração;
  • Irritabilidade e depressão;
  • Hipertensão;
  • Arritmias cardíacas.

Quem procurar? Otorrino ou pneumologista? 

Quando pensamos em problemas respiratórios, existem categorias que nos fazem recorrer a dois especialistas diferentes. Isso porque o pulmão é o nosso órgão responsável por oxigenar o sangue e eliminar o dióxido de carbono. E quem cuida dele são os pneumologistas.

Porém, para que o oxigênio chegue até os alvéolos, existe um caminho longo a ser percorrido: do nariz, passando pela garganta, que é composta por várias partes, como a faringe. Quem é responsável por essa região do corpo é o otorrinolaringologista.

Mas, no caso específico da apneia do sono, o ideal é procurar um médico especializado em Pneumologia. Durante a consulta, ele vai prescrever a realização de um exame chamado polissonografia, com o qual é possível diagnosticar a presença e a gravidade do distúrbio.

Depois, um otorrino também pode ser consultado para verificar se existe alguma questão física que pode ser corrigida por meio de remédios ou cirurgia. Porém, o retorno ao pneumologista é fundamental para o direcionar o tratamento que você vai conhecer mais adiante.

Polissonografia e o diagnóstico da apneia do sono

Você provavelmente já viu esse exame ser encenado em alguma série médica ou filme. Uma pessoa vai a uma clínica, onde um enfermeiro cola vários fios no seu corpo, inclusive na cabeça, para que ela seja monitorada enquanto dorme.

É assim que funciona o exame de polissonografia, que também é indicado para pessoas que vão fazer certos procedimentos cirúrgicos, como a bariátrica. Além de diagnosticar a apneia do sono, o resultado pode indicar também o distúrbio mental do Transtorno da Hiperatividade com Déficit de Atenção (TDAH).

Por durar várias horas e depender de uma análise minuciosa de um médico, o resultado leva cerca de 10 dias úteis para ser liberado ao paciente. Com o documento em mãos, está na hora de voltar no pneumologista para saber como proceder a partir do diagnóstico.

Um tratamento eficaz e permanente 

A parada da respiração pode acontecer uma ou várias vezes, e o índice de gravidade é medido pela quantidade de ocorrências dentro do espaço de uma hora. Pessoas com índices maiores do que cinco já são consideradas portadoras de apneia do sono.

No entanto, pacientes com índices de até 20% normalmente são assintomáticos. Se a pessoa chegou a procurar um médico para verificar questões de ronco e/ou de sonolência durante o dia, provavelmente, lhe será recomendada a terapia com o CPAP.

Este é o nome pelo qual é conhecido o instrumento que produz uma pressão positiva contínua nas vias aéreas da pessoa, impedindo que ocorra uma obstrução. Inclusive, esta é a tradução para a sigla que vem do inglês: Continuous Positive Airway Pressure.

Então, precisamos falar duas coisas: uma boa e outra ruim. Este tratamento é muito eficaz e entrega melhorias em curto prazo aos portadores do distúrbio, que logo percebem a melhora da sua qualidade de vida. A má notícia é que o uso do CPAP deve ser para sempre.

Além disso, também é indicado fazer a higiene do sono todos os dias antes de se deitar à noite. Este é um procedimento que, inclusive, traz benefícios para qualquer pessoa.

Consequências de não tratar a apneia do sono

A apneia do sono afeta todo o organismo porque impede que a pessoa descanse de verdade enquanto dorme. Quando acontece a interrupção respiratória, seu cérebro a faz acordar para que retome a respiração voluntariamente.

Esse despertar várias vezes ao longo da noite não permite alcançar o sono profundo, que é quando as atividades cerebral e corporal caem no nível mais baixo. Ou seja, consomem o mínimo de energia possível.

Como vimos nos sintomas, a sensação de cansaço decorrente disso pode afetar o humor, causando irritabilidade, e acarretar outros problemas mentais e sociais. Mas, para além disso, não dormir bem impacta na pressão arterial e no funcionamento do coração como um todo, aumentando os riscos de infarto. Outras duas consequências são a disfunção sexual e o aumento das chances de morrer dormindo.

Quando começou esta leitura, você provavelmente não imaginou que a apneia do sono seria um problema tão grave, certo?

Pois é. E você pode aprender muito mais com outros conteúdos do nosso Blog. Não deixe de conferir e aproveite para fazer sua inscrição para o vestibular de Medicina da Afya. Comece sua carreira na Medicina no primeiro semestre de 2024!