Carreira e Mercado

Terapias digitais: o que são e como são usadas para tratar pacientes

As terapias digitais utilizam softwares e dados para prevenir, gerenciar e tratar pacientes por meio de métodos comprovados cientificamente. Entenda

5
minutos de leitura

A Organização Mundial da Saúde estima que os gastos com saúde representam cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.  Os dados demonstram ainda que, em países de baixo e médio rendimentos, mais da metade dos gastos em saúde são dedicados à Atenção Primária em Saúde (APS). Neste contexto, o modelo entregue pelas terapias digitais tem muito a contribuir, tanto com a redução de gastos quanto com o cuidado primário em saúde. É sobre isso que trataremos neste artigo.

O que são as terapias digitais?

As terapias digitais são definidas, segundo a Digital Therapeutics Alliance, como uma nova categoria da entrega em soluções médicas em saúde. Isso porque a abordagem, baseada em evidências científicas, consiste no uso de programas e softwares que sejam capazes de prevenir, gerenciar ou tratar um distúrbio de saúde, geralmente relacionados a doenças crônicas – as que mais demandam da APS.

Entre as vantagens das terapias digitais, a Digital Therapeutics Alliance destaca:

  • Acesso às terapias por meio smartphone, tablet ou outros dispositivos similares;
  • Aumento do acesso de pacientes a terapias efetivas e clinicamente seguras;
  • Redução do estigma associado a algumas terapias;
  • Conveniência e comodidade;
  • Maior acesso a profissionais com habilidades clínicas para cuidar de pacientes.

Vale ressaltar que as terapias digitais se diferem dos wearables uma vez que não é o paciente o responsável por monitorar a si mesmo e se esforçar para se engajar sozinho no autocuidado. Elas também são diferentes dos aplicativos de saúde disponíveis nas lojas de app do smartphone, por exemplo, principalmente em razão de três aspectos relevantes:

  1. Apresentam evidências clínicas;
  2. Têm segurança e eficácia comprovadas;
  3. Foram aprovadas pela Food and Drugs Administration (FDA), dos Estados Unidos.

Em geral, as terapias digitais contam com dashboards médicos para que os profissionais possam acompanhar a adesão e evolução do paciente. Este último, por outro lado, recebe suporte e orientação toda vez que se desvia do caminho terapêutico esperado, o que visa elevar a adesão ao tratamento. Outro dado importante é que a aplicação das terapias digitais pode ocorrer de maneira conjunta, ou não, ao tratamento farmacológico.

No campo da medicina preventiva, o emprego de recursos como Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning favorece a identificação e classificação de pacientes em grupos de risco e consequente implantação de ações de antecipação para evitar o surgimento e evolução de doenças.

Leia também: Medicina digital: esteja preparado para a telessaúde e para o paciente

Conheça as áreas de aplicação das terapias digitais

Já é amplo o campo de atuação por meio das terapias digitais – ou em desenvolvimento. Com objetivo de esclarecer em que tipos de cuidados elas podem ser empregadas, a Digital Therapeutics Alliance disponibilizou uma lista com algumas delas.

  • Hematologia – desordens de coagulação, como hemofilia;
  • Neoplasias – câncer, tanto para gerenciamento terapêutico quanto para otimização do uso das drogas associadas ao tratamento;
  • Doenças metabólicas, endócrinas e nutricionais – pré-diabetes, diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, obesidade;
  • Desordens mentais, comportamentais ou cognitivas – Abuso de álcool, TDAH, ansiedade, TEA, depressão, compulsão alimentar, abuso de medicamentos, síndrome do pânico etc;
  • Doenças do sistema nervoso – epilepsia, insônia, esclerose múltipla, doença de Parkinson;
  • Doenças do sistema circulatório – hipertensão, infarto;
  • Doenças do sistema respiratório – asma, DPOC;
  • Doenças do sistema digestivo – Síndrome do Intestino Irritável (SII);
  • Doenças de pele – doenças de pele em geral;
  • Doenças do sistema musculoesquelético – condições ortopédicas, osteoartrites;
  • Gravidez e puerpério – depressão pós-parto.

Leia também: Médico do futuro: 6 habilidades esperadas para esse profissional

Perspectivas para o futuro

Segundo uma previsão feita pela consultoria americana Insider Intelligence, até 2025, o mercado de terapias digitais deverá movimentar US$ 56 bilhões. A previsão anterior da consultoria era de que o montante ficasse em torno de US$ 9 bilhões para o mesmo período, mas a movimentação de mercado e fusões de grandes empresas, como Teladoc e Livongo, fez com que a previsão fosse revista. 

Apesar das expectativas de rápida evolução, a consultoria acredita que ainda existem alguns obstáculos a serem superados por quem atua no segmento de terapias digitais. Exemplos deles são: atualização regulatória em alguns países, garantia de que as plataformas de fornecedores estejam interligadas aos sistemas com os quais os médicos já trabalham e cobertura dos serviços por parte de operadoras de saúde.

Gostou desse conteúdo? Compartilhe com outros colegas e continue a navegação pelo nosso blog para ler outros similares.

Vestibular online e gratuito ou nota do Enem: clique aqui para saber mais