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Por que você deve respeitar o seu corpo para ser um bom médico

O autocuidado é essencial para ser um bom médico. Entenda o porquê com os três motivos que explicamos abaixo.

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Quem cuida de quem cuida de todos? A que horas um médico vai a outro médico e coloca seus exames em dia? Estas são questões que poucos se perguntam e que, mesmo os próprios estudantes de Medicina, acabam deixando de lado após se formarem. Mas, como em qualquer profissão, é preciso estar bem para ser, de fato, um bom médico.

Atualmente, o diagnóstico mental desses profissionais é predominantemente negativo. A Síndrome de Burnout — doença ocupacional caracterizada por estresse contínuo e intenso devido ao trabalho — acomete 62% dos médicos brasileiros, segundo um levantamento de 2022 feito pelo Research Center da Afya.  Você pode baixar a pesquisa completa aqui.

A saúde física não está muito melhor. Um levantamento feito em São Paulo relevou o uso de medicação por médicos:

  • 11% para diabetes;
  • 20% para colesterol;
  • 24% para hipertensão.

Além disso, os entrevistados também falaram sobre os problemas que enfrentaram ao longo de 2021. Os principais foram as dores musculares ou osteomusculares, que acometeram 49% dos participantes. Depois, os mais frequentes foram os distúrbios do sono, 48%; a cefaleia, 30%; e as disfunções sexuais, 11%.

Tudo isso é fruto de uma série de condições e comportamentos prejudiciais, como bullying no ambiente de trabalho, carga horária excessiva e a própria necessidade de lidar com o sentimento de perda constantemente, entre outros. E um dos reflexos disso hoje é uma frequência de suicídio 2,45 maior entre médicos do que na população geral.

É preciso que o autocuidado passe a ser uma prioridade também na vida desses profissionais para que possamos reverter esse quadro. Esse é o único jeito, inclusive, da população de todo o país ser mais saudável, como você descobrirá a seguir.

Autocuidado favorece a atenção plena

Um bom médico precisa sempre prestar bastante atenção ao que está fazendo para garantir a sua segurança e também a do paciente. Isso inclui escutar ativamente, fazer a anamnese com calma e escrever o prontuário com o máximo de detalhes possível.

Com a saúde física e mental em dia, tudo será mais fácil, e um dos hábito que mais contribuem para se manter a atenção plena é ter um bom sono e regulado. Passar noites em claro ou dormindo poucas horas prejudica a concentração, a tomada de decisão de forma rápida, o aprendizado e a criação de novas memórias.  

Trabalhar é estressante para todo mundo. Por isso é importante estar descansado para conseguir lidar com as demandas recebidas dentro do tempo ideal.

Quando estamos cansados, pequenos obstáculos tornam-se gatilhos para a irritabilidade, o que atrapalha diretamente na formação de uma conexão empática com o paciente. Além disso, segundo uma pesquisa da American Psychological Association (APA) de 2020, pessoas com cansaço crônico têm maior risco de desenvolverem ansiedade e depressão.

Um bom médico ensina pelo exemplo

Essa é uma chamada oficial para os especializados em Medicina da Família e Comunidade, visto que seu trabalho é acompanhar os pacientes ao longo de toda a vida. Já foi comprovado que o comportamento do paciente é muito semelhante ao de seu médico. Ou seja, você vai ensinar e inspirar os seus pacientes cuidando de si mesmo ao tomar suas vacinas em dia, praticar exercícios físicos frequentemente, alimentar-se de forma saudável e evitar substâncias tóxicas, como o álcool e o tabaco.

Melhora a produtividade

O mal-estar mental leva à insatisfação com o trabalho o que, consequentemente gera uma maior improdutividade. É aí que nasce o descaso, a procrastinação e a vontade de fazer tudo correndo para voltar logo para casa e descansar.

Mas isso não é benéfico para ninguém. Nem para o paciente que receberá um atendimento ruim, podendo até ser diagnosticado incorretamente, nem para o médico que sonhou a vida inteira em exercer a profissão e agora sente-se preso e desvalorizado.

O risco de erro médico aumenta quando se está cansado e com baixa concentração. Por esse motivo, exercer o autocuidado é o melhor a se fazer para não comprometer nenhuma vida ou a sua carreira por causa do excesso de trabalho ou pela falta de saúde física.

Aprenda a se cuidar ainda na faculdade de Medicina

Você, com certeza, já conhece os “procedimentos padrão”.  Ter uma vida ativa, com a prática regular de esportes ou atividades físicas, que te estimulam e fazem se sentir bem; alimentar-se com um alto consumo de alimentos in natura, evitando produtos ultraprocessados, prontos para consumo; beber bastante água e dormir pelo menos 8 horas por dia.

Sim, você precisa tornar cada um desses itens um hábito para se manter saudável. Porém, há muito que não é comumente dito, mesmo sendo partes essenciais do autocuidado, especialmente para a saúde mental.

O primeiro conselho é não aceitar o papel de super-herói. Médicos têm a tendência de assumir esse personagem ao vestirem seus jalecos, mas, por mais que essa ideia seja sedutora, ela não passa de uma ilusão.

Você não é capaz de salvar todo mundo e não precisa dar conta de tudo sozinho. É exatamente essa boa noção de que se é um ser falível que vai te tornar mais prudente, protegendo ainda mais seus pacientes, e capaz de pedir ajuda quando precisar.

Isso inclui procurar atendimento especializado quando sentir qualquer sintoma em vez de se automedicar. Não é porque você conhece bem as patologias e como elas atacam o organismo humano que você consiga dar o melhor diagnóstico em qualquer área ou para si mesmo. Afinal, quando se autoavalia, sua análise parte de um ponto de vista enviesado.

Pratique essas recomendações desde a faculdade para que, lá na frente, o processo de autocuidado seja o caminho mais óbvio a seguir diariamente. Assim, as chances de se tornar um bom médico ou uma boa médica serão ainda maiores.

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