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Procedimentos estéticos: quais são os riscos e as responsabilidades do profissional da saúde?

Entenda o caso de peeling de fenol que ganhou mídia em 2024 e as questões levantadas acerca da segurança de determinados procedimentos estéticos.

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Em junho de 2024, um empresário morreu após passar por um procedimento estético chamado “peeling de fenol”, em São Paulo. Segundo o Boletim de Ocorrência, antes de receber a aplicação do produto, a vítima passou por uma limpeza de pele e uma raspagem após receber uma anestesia tópica - ou seja, na pele, não foi injetada ou ingerida pelo paciente.

Até então, as investigações estão em curso para descobrir qual foi a causa exata do óbito. Uma das hipóteses é que tenha ocorrido uma reação alérgica ao fenol. Assim, o paciente teria falecido devido a um choque anafilático.

Porém, também há a possibilidade de ter sido uma parada cardíaca isolada, visto que o empresário já sofria de arritmia. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), quaisquer procedimentos estéticos invasivos apresentam riscos ao coração, ao fígado e aos rins ao ser absorvido pela corrente sanguínea.

O acontecimento acabou gerando discussões quanto à segurança do peeling de fenol, a formação profissional necessária para executá-lo, entre outros assuntos relevantes para todos que pensam em atuar nessa área. Falaremos sobre tudo isso a seguir. Confira!

O que é peeling de fenol?

Trata-se de uma técnica que, até o ocorrido, era autorizada no país, sendo muito executada por biomédicos, dentistas e esteticistas. Todavia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu proibir a importação, fabricação, manipulação, comercialização, o uso e a propaganda de produtos à base de fenol em procedimentos de saúde em geral ou estéticos.

A SBD indicava o peeling de fenol para tratar casos de envelhecimento severo, condição em que o paciente apresenta rugas profundas e uma pele com textura muito comprometida. Diante disso, o procedimento surgia como uma alternativa para favorecer a produção de colágeno a partir de uma reação inflamatória na pele.

Essa inflamação leva à descamação dérmica, resultando na redução de manchas e cicatrizes cutâneas após algumas semanas ou meses, a depender da profundidade da aplicação. A recuperação total do paciente podia demorar até três meses.

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Outros procedimentos estéticos de maior risco

São considerados invasivos ou minimamente invasivos todos os procedimentos estéticos que alteram a forma do corpo. Algumas das diferenças entre eles é a falta de necessidade por incisões profundas, internação e repouso pós-operatório. Já o seu denominador comum é o fato de ambos ultrapassarem a superficialidade da pele.

Há várias outras técnicas invasivas e minimamente invasivas além do peeling de fenol. Entre as mais comuns estão a aplicação de botox, a harmonização e o preenchimento facial com ou sem aplicação de ácido hialurônico.

Outras menos conhecidas e consideradas de maior risco são a carboxiterapia e o preenchimento com PMMA. A primeira consiste na injeção de gás carbônico medicinal no tecido subcutâneo para destruição mecânica de células gordurosas e maior produção de fibras colágenas.

Já a segunda trata-se de um componente plástico que, no Brasil, somente pode ser utilizado para preenchimento subcutâneo em casos de correção de lipodistrofia – um problema que atinge pacientes soropositivos devido ao uso de retrovirais. Também é permitida sua aplicação para correção volumétrica facial e corporal, comum em casos de poliomielite.

Quais os riscos envolvidos?

Anteriormente, mencionamos possíveis danos à saúde do paciente, como no coração, no fígado e nos rins – mas existem outros riscos envolvidos nesses procedimentos estéticos. A aplicação de compostos químicos, que são absorvidos pela pele e pelos tecidos, pode causar dor intensa, cicatrizes, alteração na coloração da pele e até infecções.

Tudo isso independentemente da concentração, do método de aplicação e da profundidade atingida na pele. Esses são riscos-padrão para procedimentos invasivos e minimamente invasivos, o que justifica a necessidade de precauções rigorosas e do consentimento oficial do paciente após uma explicação detalhada sobre o assunto.

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Profissões autorizadas e suas responsabilidades

Apenas profissionais da saúde são autorizados a realizarem procedimentos estéticos invasivos ou minimamente invasivos no Brasil, como era o caso do peeling de fenol.

Então, quem pode aplicar botox e realizar harmonização ou preenchimento facial? As possíveis carreiras para quem deseja atuar nessas áreas são:

  • Medicina, com especialização em Dermatologia;
  • Enfermagem;
  • Farmácia;
  • Biomedicina;
  • Odontologia.

A partir dos riscos listados no tópico anterior, você pode imaginar quais são as responsabilidades para a execução dessas técnicas com segurança. Por exemplo, qualquer cirurgia requer a realização exames que atestam o “risco cirúrgico” de cada paciente.

Do mesmo modo, considerando os riscos de cada procedimento estético, o profissional deve avaliar quais testes devem ser feitos, como uma vistoria de possíveis danos. A depender dos resultados, pode haver a contraindicação da técnica para a pessoa, o que, muito provavelmente, salvará sua vida.

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