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Letra de médico: Saiba como surgiu a expressão, qual o problema por trás dela e qual a solução

Letra de médico? Saiba como o tipo de escrita pode comprometer a prescrição médica e conheça algumas alternativas de solução!

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Ao longo da história da Medicina, a expressão “letra de médico” tem sido alvo de críticas, polêmicas e até piadas. Entretanto, a questão vai além da caligrafia em si, envolvendo uma relação direta com a ilegibilidade de receitas, prontuários e outros documentos médicos. Felizmente, há soluções práticas para esse problema.  

Neste texto, vamos explorar a origem da expressão “letra de médico” e discutir os impactos que ela pode causar. Além disso, abordaremos como uma prescrição médica deve ser realizada e os principais cuidados para evitar erros que comprometam a segurança e a saúde dos pacientes. Continue lendo!

De onde veio a expressão “letra de médico”?

Embora letras legíveis ou ilegíveis sejam características de diferentes grupos profissionais, os médicos acabaram ganhando a fama de ter uma caligrafia particularmente difícil de compreender. No entanto, não existe uma única causa que explique a dificuldade de leitura de suas letras, e é importante ressaltar que há exceções: alguns médicos escrevem de forma clara e legível.  

Fatores como o volume de conteúdo estudado, a quantidade de provas e os plantões exaustivos durante a formação contribuem para o desenvolvimento de técnicas de escrita rápida. Para economizar tempo e acompanhar a rotina intensa, o uso de siglas, abreviaturas e jargões torna-se frequente entre os estudantes de Medicina.  

Após a formatura, a prática persiste. A extensa carga horária em consultórios, clínicas e plantões hospitalares, frequentemente sob alta demanda, reforça a consolidação da caligrafia apressada. Assim, essas técnicas de escrita rápida, desenvolvidas como uma necessidade na formação, continuam a ser utilizadas na vida profissional, perpetuando a fama de "letra de médico".

O legado dos boticários

Outra explicação para a origem da "letra de médico" remonta aos tempos dos boticários, os precursores dos farmacêuticos modernos. Esses profissionais eram alquimistas responsáveis por criar fórmulas medicinais, desempenhando um papel crucial nos tratamentos médicos antes do surgimento dos laboratórios farmacêuticos atuais.

De acordo com a história, boticários, alquimistas e médicos da época mantinham um acordo informal para usar caligrafias que apenas esses especialistas fossem capazes de interpretar. Assim, os médicos adotaram estilos de escrita específicos que os boticários conseguiam decifrar nas prescrições.  

Essa prática visava evitar que pessoas leigas tivessem acesso às instruções, manipulando substâncias terapêuticas de forma inadequada. A letra ilegível, nesse contexto, era uma estratégia de proteção, impedindo o uso indevido de medicamentos e reduzindo o risco de acidentes ou complicações no tratamento dos pacientes.

Quais os impactos da ilegibilidade das prescrições médicas?

Em primeiro lugar, é importante destacar que a escrita legível é um dos pilares fundamentais da boa formação ética do médico. Mais do que uma questão técnica, adotar essa prática reflete um comprometimento com os princípios que envolvem a profissão médica e demonstra uma genuína preocupação com a segurança e o bem-estar do paciente.

Uma receita médica mal escrita pode comprometer seriamente a saúde do paciente por diversos motivos. Entre eles, destaca-se a possibilidade de troca de medicamentos, erros na dosagem ou falhas no seguimento das orientações sobre os horários de administração. Tais equívocos podem resultar em complicações ou até agravar o quadro clínico.

No passado, a máquina de escrever era amplamente utilizada para minimizar esses problemas, oferecendo uma alternativa às prescrições manuscritas. Hoje, com os avanços tecnológicos, o uso do computador e de sistemas digitais representa uma solução ainda mais eficiente, garantindo clareza e segurança na elaboração de receitas médicas e outros documentos.

“Letra de médico” e os farmacêuticos

Por razões óbvias, a letra legível na prescrição de medicamentos é fundamental para a manutenção dos cuidados com os pacientes. Isso envolve tanto o bem-estar das pessoas quanto a redução do risco de falhas na dispensação de remédios entre a classe farmacêutica.

Na rotina de trabalho, a letra ilegível impacta a atuação dos profissionais que trabalham nas farmácias. Assim como os atendentes de balcão, os farmacêuticos podem ser punidos caso vendam medicamentos errados. Mesmo que o erro seja causado pela má interpretação da receita, a responsabilidade de quem liberou o remédio pode resultar em punições que chegam até o âmbito criminal.

Por segurança, como a receita deve ser redigida?

Conforme a Lei nº 14.063, de 23 de setembro de 2020, a receita médica deve ser escrita de forma legível e sem abreviações. Pela legislação, esse documento deve ser feito de forma eletrônica, mesmo que a prescrição feita à mão continue igualmente válida.

Em ambos os casos, o ideal é observar a nomenclatura e o sistema oficial de pesos e medidas para que a prescrição seja preenchida adequadamente. A mesma norma vale para atestados e laudos médicos.

Também é necessário que a prescrição médica contenha o nome, a idade e o endereço residencial do paciente. O número de um documento oficial deve compor os elementos da receita.

Igualmente relevante é observar os aspectos preconizados no Código de Ética quanto à importância da responsabilidade profissional na Medicina. O próprio código defende a necessidade de não causar mal a outros, com ou sem intenção.

Quais os cuidados mais importantes com a prescrição médica?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem alguns passos a serem observados para evitar falhas durante a prescrição médica. Observe algumas práticas que colaboram para a Medicina mais humanizada.

  • defina o quadro clínico do paciente;
  • especifique o objetivo terapêutico;
  • verifique se o tratamento é o mais adequado ao paciente;
  • elabore a prescrição de forma clara, legível e com indicações claras e precisas;
  • forneça todas as instruções, informações e recomendações necessárias;
  • monitore regularmente os efeitos do medicamento, sobretudo os colaterais.

Como amenizar os impactos da caligrafia ruim na rotina médica?

Atualmente, o Governo Federal, em parceria com a Anvisa, implementou normas e orientações que estão sendo seguidas pelas Unidades Básicas de Saúde. Essas instituições agora contam com sistemas modernos e informatizados, que exigem que os médicos façam as prescrições diretamente no computador.

Com isso, as receitas e outros documentos médicos são impressos de forma legível. Além disso, os profissionais devem registrar o estado de saúde e os medicamentos do paciente no momento da consulta.

Muitos profissionais e algumas instituições utilizam o prontuário eletrônico. Dessa forma, o uso do aplicativo otimiza o trabalho médico e ainda evita falhas com a escrita ilegível.

Como você pode perceber, os desafios relacionados à famosa “letra de médico” estão sendo gradualmente substituídos por soluções eficazes. Esses avanços garantem maior segurança na prescrição, beneficiando tanto os pacientes quanto os médicos e outros profissionais da saúde.

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