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4 especialidades para ajudar a combater a cultura da estética padrão

Descubra quais são os perigos da cultura estética padrão e as especialidades que podem contribuir mais para a autoestima de seus pacientes!

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Em maio de 2022, a marca Dove lançou um projeto sobre autoestima, focando, em especial, em adolescentes do gênero feminino, com uma campanha mundial. Quando descobrimos isso, percebemos que, como maior grupo de educação médica do Brasil, nós também deveríamos escrever algo a respeito.

Com o auxílio da tecnologia deepfake, o time de publicidade da marca criou vídeos falsos de cinco mães dando conselhos “tóxicos” de beleza a partir de áudios reais encontrados nas redes sociais de influenciadores do ramo. Depois, sem saberem sobre a montagem feita, elas foram convidadas a assisti-los na companhia de suas filhas.

O resultado você assiste abaixo:

Ficou arrepiado? Pois é, a gente também.

Como a própria campanha enfatizou, os pais são as principais referências durante o crescimento dos filhos. Logo, a ideia era promover uma conscientização sobre o assunto, objetivando um maior controle do que os adolescentes consomem on-line.

Mas esse problema é muito grave para ser combatido em apenas uma frente. Todos os dias, pessoas são internadas por conta de procedimentos estéticos malfeitos e distúrbios alimentares. Ou seja, trata-se de uma questão de saúde, o que, portanto, envolve todos os médicos em atividade.

Visto que a adolescência não seja propriamente uma fase reconhecida pela relevância que os indivíduos dão às opiniões parentais, acreditamos que a palavra de alguém que estudou Medicina seja mais eficiente no combate à cultura da estética padrão. E, em breve, este “alguém” pode ser você!

Então, bora se inteirar mais sobre o tema? Descubra a seguir quais são os perigos que existem nas redes sociais e as especialidades que mais têm a contribuir para autoestima de crianças e adolescentes!

Perigos da cultura estética padrão

Comecemos pelos mais conhecidos, que já estão enraizados há muito tempo em nossa sociedade. O padrão estético da magreza e do porte atlético, que levam muitos adolescentes a desenvolver uma baixa autoestima.

Infelizes com seus corpos, eles iniciam uma busca desenfreada por soluções rápidas para o que, infelizmente, aprenderam ser um problema. Entre os principais vilões estão as dietas sem pé nem cabeça, os períodos de jejum, seguidos pela compulsão alimentar e os anabolizantes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% dos jovens brasileiros sofrem com distúrbios alimentares, que podem ser fatais. Da mesma forma, o consumo recorrente de esteroides pode levar à depressão, afetar o coração, provocar infertilidade e até levar à morte por sobrecarregar o fígado.

Menos graves, mas igualmente preocupantes, estão algumas das novas tendências da rede social TikTok, cujo público é majoritariamente de crianças e adolescentes. Vamos à lista do que têm sido divulgados em massa, incluindo padrões racistas de beleza:

  • Depilação full face com cera quente;
  • Procedimento com agulhas para criar sardas falsas nas bochechas;
  • Uso do medicamento controlado Roacutan para afinar o nariz;
  • Alinhamento dos dentes com lixa de unha;
  • Contorno do rosto com mau uso de protetor solar;
  • Aumento dos lábios com cola.

Sim, tudo isso se tornou viral na internet nos últimos tempos, colocando o bem-estar das pessoas em risco. Embora a maioria sequer funcione, mesmo os que cumprem com o prometido não são recomendados pelos médicos.

A depilação, por exemplo, pode provocar asfixia, pois o produto endurece rapidamente. Caso isso aconteça nas vias aéreas, é necessária cirurgia para removê-lo do corpo.

Uma ex-participante do Big Brother australiano compartilhou seu trauma com o segundo procedimento que mencionamos. No vídeo, ela afirma que aprendeu a suposta técnica no TikTok, e que uma das consequências foi a perda temporária de visão.

Os outros procedimentos também trazem riscos. Já foi comprovado que o medicamento Roacutan causa efeitos colaterais perigosos, como lesões hepáticas. Lixar os dentes tampouco é uma boa ideia, pois os deixa mais suscetíveis ao desenvolvimento de cáries, e os resultados dos dois últimos têm potencial para o desenvolvimento de câncer de pele e alergias, respectivamente.

Especialistas que podem contribuir muito para a autoestima dos pacientes

Dermatologista

Este provavelmente é o médico mais procurado pelos adolescentes, pois as alterações hormonais que acontecem durante a puberdade causam o aparecimento de cravos e espinhas. Conversar com eles sobre como esse é um problema natural e temporário, para amenizar sua ansiedade, é fundamental.

Assim, há menos chances de que busquem soluções “mágicas” na internet. Além disso, uma relação de confiança, baseada na franqueza, pode deixá-los seguros de que somente o tratamento indicado pelo especialista será suficiente.

Nutrólogo

Saber a razão pela qual seu paciente o procurou será o ponto de partida da primeira consulta, a fim de quebrar expectativas baseadas em estereótipos. Afinal, uma alimentação balanceada é, sim, muito importante e precisa ser incentivada – mas por saúde, não por estética.

Seu trabalho será importante em duas frentes. Primeiro, no momento de ouvir e aconselhar. Depois, na hora de prescrever uma dieta saudável, flexível e que se encaixe na realidade da pessoa.

Pediatra

Chegamos em um ponto polêmico: quando o problema está dentro de casa. A campanha da Dove deixou claro que os pais não são o problema, mas a solução. No entanto, a realidade é que nem todos os lares são saudáveis para a autoestima de crianças e adolescentes.

Portanto, como pediatra, você precisará abordar tais assuntos, com o objetivo de descobrir se seus pacientes estão sofrendo alguma pressão estética familiar. Às vezes, suas respostas serão evasivas demais, mas, mesmo nessas situações, seus conselhos serão bem-vindos, nem que sejam para que a criança ou o adolescente reflita no futuro.

Cirurgião Plástico

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de procedimentos realizados em jovens de 13 a 18 anos cresceu 141% na última década. Por certo, a indicação médica e subsequente autorização dos pais para que a cirurgia seja feita acontece em prol da saúde física e mental dos pacientes.

São comuns as intervenções para reverter as chamadas “orelhas de abano” ou reduzir os seios devido à disfunções no desenvolvimento corporal durante a puberdade. Aqui, o mais importante talvez seja garantir que o paciente não confunda o resultado da cirurgia com a conquista da felicidade.

Mais importante que o sucesso do procedimento, é o cirurgião debater com o adolescente sobre suas expectativas e medos para evitar arrependimentos. Isso porque o pós-operatório já é um processo difícil para adultos.

Em suma, a autorização dos pais não pode bastar. O ideal é que o médico solicite pelo menos dois laudos de estado mental, de psicólogo e de psiquiatra, para ter certeza que o paciente está em condições de ser operado e de lidar com os efeitos imediatos e posteriores.

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