Como o estudante de Psicologia pode atuar em tragédias ambientais como voluntário
Elencamos 5 caminhos que você pode trilhar para ser útil às vítimas como estudante de Psicologia diante de um desastre.
Tragédia ambientais, como a que assistimos acontecer no Rio Grande do Sul, têm sido mais frequentes pelo mundo, causando sofrimento psicológico em vários níveis às populações atingidas. Diante disso, todo estudante de Psicologia sente-se movido a ajudar mesmo antes de se formar.
Fica, porém, a dúvida: como ajudar de forma voluntária sem clinicar? A seguir, elencamos 5 caminhos que você pode trilhar para ser útil nesse momento.
1. Reconstruindo redes de apoio
O número de mortes confirmadas na tragédia que assolou o RS já chega a 172. Esse número representa pais, tios, avós, primos e amigos de milhares de sobreviventes. Eram professores, médicos, comerciantes, assistentes sociais, agricultores – enfim, integrantes de várias comunidades que se desfizeram do dia para a noite.
Nesse contexto, as vítimas que sobreviveram precisam de ações que vão além da intervenção clínica sobre os efeitos da perda em seu emocional. Há autores que defendem ser também um papel da Psicologia capacitar as pessoas para construírem redes de apoio para enfrentar momentos difíceis.
Como estudante inapto a clinicar, você pode voluntariamente ajudar quem mora no Rio Grande do Sul a encontrar grupos de apoio on-line. Caso esteja ao seu alcance, também pode oferecer-se como um aliado e promover a aproximação de pessoas que tenham afinidades em comum no local.
Assim, você desenvolverá a visão sistêmica que é fundamental para qualquer psicólogo, que deve ser capaz de analisar a realidade do micro, meso, exo e macrossistema. Isso porque suas ações dependerão do seu entendimento sobre cada indivíduo a partir de suas relações com o que é externo: família, escola, vizinhos e a própria cidade afetada.
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2. Entendendo os diferentes mecanismos de enfrentamento
Se você está lidando direta ou indiretamente com a tragédia do Rio Grande do Sul, perceberá que o seu mecanismo de enfrentamento pode não ser igual ao de seus entes queridos. Mais do que isso, talvez você consiga detectar que alguns deles são prejudiciais à pessoa.
Na faculdade de Psicologia, você aprendeu ou ainda vai aprender sobre riscos e capacidades de responder a uma situação estressora. Use o seu conhecimento para melhor acolher o luto de quem está à sua volta sem juízo de valor, como lhe será exigido quando estiver formado.
3. Advogando pelo acesso democrático à saúde mental
Petições on-line são um instrumento legítimo ao qual grande parte dos cidadãos têm acesso para reivindicar direitos. Será de grande ajuda às vítimas de tragédias ambientais se o serviço público tomar iniciativas em prol de programas de saúde mental mais flexíveis.
Essa reivindicação poderia conter, por exemplo, a inserção do psicólogo em equipes multiprofissionais e interdisciplinares de cuidados à saúde. Outra medida poderosa é a promoção de fóruns nacionais permanentes que abordem os impactos sobre a psique humana.
Trata-se de intervenções que podem ajudar tanto os sobreviventes hoje quanto preparar a população como um todo para possíveis desastres. Sua petição para assinatura voluntária também pode abordar políticas públicas de cursos de capacitação para tais situações, entre outros assuntos.
Advogue por essa causa que já é sua desde a faculdade mesmo que a reivindicação não seja aceita. O simples fato de criar um debate e conscientizar as pessoas sobre o tema já é bastante relevante e diz muito sobre o profissional que você deseja ser.
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4. Aprendendo a lidar com as percepções de cada pessoa
Os mitos e as crenças por vezes determinam as respostas das pessoas a um evento. Isso pode acontecer mesmo que haja informações científicas e técnicas suficientes sobre as ameaças físicas de um desastre.
Cabe ao estudante de Psicologia observar a influência que a cultura da pessoa tem sobre sua percepção de risco a fim de ajudá-la com empatia. É assim que os profissionais trabalham na emergência, adaptando os tratamentos baseados em evidências à cultura local.
5. Criando conteúdo on-line para conscientização
É natural que os sobreviventes da tragédia estejam enfrentando perda de memória recente, ansiedade, desorientação e chorando compulsivamente por conta do acontecido. Logo, patologizar tais repostas, que são normais e previstas pela Psicologia como sintomas não é de nenhuma ajuda.
Outro comportamento que deve ser evitado é solicitar fotos e vídeos para saber como está a situação no local. Não é justo buscar alimentar qualquer tipo de curiosidade pelo ocorrido, desviando a atenção das pessoas do que elas realmente precisam: apoio.
Conscientizar as pessoas sobre como agir em relação às vítimas é um trabalho louvável que você pode fazer pela saúde mental delas ainda como estudante. A última coisas que essas pessoas precisam é de mais pressão e exposição sobre as suas vidas agora.
Pesquisas mostram que, daqui a um ano, pelo menos 30% da população que vivenciou a tragédia enfrentará quadros de estresse pós-traumático. Ou seja, o conteúdo que você criar hoje ainda será relevante por muito tempo.
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