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Nutrição: cresce o número de pais que criam filhos veganos, como orientá-los?

Veganismo na infância: entenda nutrientes-chave, suplementação e o papel do nutricionista para um crescimento saudável.

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Nos últimos anos, o veganismo deixou de ser apenas uma tendência e passou a se consolidar como um estilo de vida adotado por milhões de pessoas no mundo.

Isso ocorre porque a busca por uma alimentação livre de produtos de origem animal está ligada a fatores como ética, sustentabilidade e saúde, e vem impactando diretamente o mercado de consumo. Restaurantes, supermercados e até a indústria farmacêutica já adaptaram produtos para atender esse público.

Dentro desse movimento, cresce também o número de pais que criam filhos veganos. Essa decisão, que pode gerar muitas dúvidas e até polêmicas, traz à tona uma questão central: como garantir que crianças em desenvolvimento recebam todos os nutrientes necessários?

É justamente aqui que entra a importância da orientação de profissionais da saúde, especialmente os nutricionistas. Continue para saber mais!

O que é o veganismo e como funciona na prática

Antes de entender o impacto do veganismo nas famílias, é importante reforçar o que esse conceito significa.

Diferente do vegetarianismo, que exclui apenas carnes, o veganismo vai além e elimina todos os alimentos de origem animal: carnes, peixes, ovos, leite, mel e derivados. Além disso, muitas pessoas veganas estendem essa filosofia para o dia a dia, evitando o uso de roupas, cosméticos ou produtos testados em animais.

Na prática, a dieta vegana é baseada em leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha), cereais integrais, frutas, verduras, sementes e oleaginosas. Isso garante variedade de sabores e nutrientes, mas também exige planejamento para evitar carências nutricionais.

Quais são as diferenças entre veganismo e vegetarianismo?

Um ponto que gera confusão é a diferença entre dieta vegana e vegetariana. Enquanto o vegetariano pode incluir alimentos como ovos e laticínios, o vegano exclui completamente tudo de origem animal.

Essa diferença é importante porque ovos e leite, por exemplo, são fontes naturais de proteínas de alto valor biológico, cálcio e vitamina B12, ou seja, nutrientes que precisam ser repostos de outras formas no veganismo.

Por isso, a escolha pela criação de filhos veganos envolve ainda mais cuidado, já que a criança está em fase de crescimento e desenvolvimento acelerado.

Como se deu o aumento de pais que criam filhos veganos?

De modo geral, é possível perceber que o número de famílias que optam pelo veganismo está crescendo. Os pais que criam filhos veganos fazem isso, em grande parte, por convicções éticas e ambientais, mas também acreditam que uma dieta baseada em vegetais pode trazer benefícios à saúde.

No Brasil, ainda não há números consolidados, mas observa-se esse aumento pelo número de escolas, restaurantes e empresas que passaram a oferecer opções veganas específicas para crianças. Essa demanda reflete não apenas uma escolha alimentar, mas um estilo de vida que está sendo transmitido de geração para geração.

Quais são os impactos do veganismo na saúde infantil?

Um dos maiores questionamentos é: será que o veganismo pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento das crianças? A resposta é que isso depende de acompanhamento e equilíbrio.

Crianças em fase de crescimento precisam de atenção especial em alguns nutrientes. Confira a seguir!

Vitamina B12

Não é encontrada em vegetais, devendo ser suplementada. Mesmo pessoas que comem carne podem apresentar deficiência, mas no caso do veganismo, a reposição é indispensável.

Vitamina D

Essencial para os ossos e imunidade. A principal fonte é a exposição solar, mas a suplementação também pode ser necessária.

Ferro

Pode ser obtido em leguminosas e vegetais verde-escuros, mas sua absorção é melhorada quando consumido junto à vitamina C.

Cálcio

Presente em vegetais como brócolis, couve e gergelim, mas muitas vezes em menor biodisponibilidade que o cálcio dos laticínios.

Proteínas

Precisam vir de combinações de cereais e leguminosas, como arroz com feijão, para garantir um perfil completo de aminoácidos.

Quando bem planejada, a dieta vegana pode sim sustentar o crescimento saudável. Ou seja, sim: é uma dieta considerada segura para crianças, inclusive por órgãos como o Conselho Federal de Nutrição. O problema surge quando há restrições sem acompanhamento, o que pode levar a déficits de energia, anemia ou atraso no desenvolvimento.

Qual é o papel do nutricionista na orientação?

É aqui que a orientação nutricional faz toda a diferença. O nutricionista pode montar um cardápio variado, indicar exames periódicos para avaliar níveis de vitaminas e minerais e orientar quanto à suplementação correta.

Outro profissional que pode ajudar nesse processo é o nutrólogo, caso ocorra algum desequilíbrio nutricional importante ou a alimentação precise ser adequada, a fim de tratar alguma doença. No entanto, em boa parte dos casos, o profissional da Nutrição pode tocar o acompanhamento, sem maiores problemas.

Além disso, é essencial entender que a Nutrição vai muito além da dieta. Esse campo inclui prevenção de doenças, promoção de hábitos saudáveis e orientação individualizada para cada fase da vida.

Quais são os cuidados especiais com o veganismo na infância?

Para os pais que criam filhos veganos, algumas práticas podem ajudar:

  • variar legumes, frutas, cereais e sementes para garantir diferentes nutrientes;
  • acompanhar níveis de vitamina B12, ferro e vitamina D;
  • organizar cardápios com combinações proteicas e incluir alimentos ricos em cálcio e ferro;
  • ensinar desde cedo sobre a importância da alimentação equilibrada.

Quando esses cuidados são seguidos, o veganismo pode ser uma forma saudável de crescer, desde que respeite as particularidades de cada criança.

Qual é o panorama para o futuro das famílias veganas em crescimento?

O aumento do número de famílias veganas é uma realidade que deve continuar crescendo. Isso significa que médicos, nutricionistas e educadores precisam estar preparados para lidar com essa demanda, com informações baseadas em evidências científicas e sem preconceitos.

Cada vez mais, a discussão sobre veganismo para crianças vai sair do campo da polêmica e se tornar parte da prática clínica e do acompanhamento nutricional.

Como você viu, o número de pais que criam filhos veganos está crescendo e, com isso, surgem novos desafios e oportunidades para a área da Nutrição. Com acompanhamento adequado, exames de rotina e orientação profissional, é possível garantir que crianças veganas cresçam saudáveis e bem nutridas.  

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