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Divertida Mente 2: como cada emoção pode afetar a sua vida de estudante

Entenda como as emoções previstas para o filme Divertida Mente 2 estão presentes na sua vida sob um olhar filosófico.

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Em 2015, os estúdios Disney e Pixar lançaram um sucesso de bilheteria que fez muito marmanjo chorar nas salas de cinema mundo afora. Estamos falando do filme Divertida Mente, que teve sua continuação confirmada para 2024, com novas emoções para Riley - a protagonista, que se tornará adolescente.

Você, provavelmente, está no fim ou já passou por esta fase há algum tempo. Só que, na realidade, todas as emoções nos acompanham durante a vida inteira, e aqui vamos nos arriscar a dizer como você identificá-las no contexto da sua vida como estudante.

Antes, contudo, queremos apresentar algumas teorias que vão contribuir para o desenvolvimento da sua inteligência emocional. Acreditamos que tanto a filosofia quanto a psicologia são essenciais para fazer boas escolhas para o futuro.

Mas será mesmo? As próximas linhas lhe darão uma resposta para essa e várias outras questões pessoais. Boa leitura!

O que Filosofia e Psicologia têm em comum?

Muito, já podemos adiantar. No entanto, para chegar a uma resposta satisfatória, precisamos de algumas introduções básicas. Em primeiro lugar, vamos definir resumidamente cada uma dessas ciências.

A Filosofia é uma ciência social, cujo nome é a palavra de origem grega que se traduz por “amor à sabedoria”. Qual tipo de sabedoria? Essencialmente, aquela que diz sobre questões fundamentais da vida humana, da subjetividade de nossas escolhas, da moral de cada indivíduo à ética para a vida em comunidade.

Já a Psicologia é uma ciência que integra a área da saúde a partir do estudo do comportamento e da mente dos seres humanos. Esse estudo minucioso se dá por três vias: a ativa, a afetiva e a intelectiva, pelas quais busca-se compreender as pessoas para que elas façam escolhas melhores, alcançando assim o máximo bem-estar.

Ou seja, ambas têm por objeto investigativo tudo o que há de imaterial no ser humano: suas vontades, livre-arbítrio, hábitos, emoções, sentimentos, imaginação, memórias e associação de ideias, entre outras características singulares à nossa espécie. Há, porém, uma grande diferença.

Apesar de estudarem particularidades semelhantes, os filósofos não trabalhavam para desenvolver teorias e técnicas a fim de tratarem da saúde mental de outras pessoas. O ato de filosofar era intrínseco a cada cidadão livre, sendo uma atividade vista como nobre, pois apenas aqueles com acesso ao ócio podiam exercê-la. 

Seus objetivos, por assim dizer, eram muito mais políticos, literalmente. Isso porque política e filosofia nasceram juntas na Grécia Antiga, como gêmeos bivitelinos, para a substituição dos mitos e organização das cidades-estado (pólis), respectivamente.

Inclusive, esta é outra semelhança entre elas. Embora a Psicologia com a função reconhecida hoje tenha menos de 200 anos, quando Wilhelm Wundt criou o primeiro instituto especializado na disciplina, sua conceituação originou-se a partir de contribuições de filósofos antigos e modernos.

Um deles foi o grego Alcmeão de Crotona, que era também médico. Outro, tempos depois, foi René Descartes - um importante físico e matemático francês. E por aí vai. Isto é, nos arriscamos lá atrás, e estávamos certos, viu só?

As emoções segundo o Estoicismo e a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)

Pavor dos românticos, o Estoicismo é o movimento daqueles que defendem que o autocontrole e a disciplina formam o cerne de uma vida feliz. Essa vida, porém, não possui grandes arrebatamentos emocionais, como apaixonar-se perdidamente ou sentir luto profundo. 

Isso porque, para os estoicos, emoções exacerbadas podem levar a julgamentos errados, baseados na nossa imaginação, e não na realidade. Por exemplo, quando sentimos raiva ao sermos insultados, não estamos de fato ofendidos. Nossa raiva é na verdade uma reação à seguinte crença íntima: “eu jamais deveria ser insultado”. 

Assim, a pessoa virtuosa, que vive uma vida feliz, dá um passo atrás em situações como essa e substitui sua crença de acordo com a forma como a realidade se apresentou. Em vez de pensar “eu jamais deveria ser insultado”, ela pensa “às vezes, pessoas são insultadas, acontece”. 

Num piscar de olhos, uma raiva que poderia perdurar por dias, como a de Riley em Divertida Mente 1, simplesmente, desaparece. Soa familiar?

Se você faz ou já teve algum contato com um psicólogo que segue a linha da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), provavelmente percebeu que há uma influência estóica ali. É por meio dessa substituição de pensamentos que os profissionais da TCC ajudam seus pacientes a superarem desafios e traumas. 

A tese de Epicuro para a felicidade e o behaviorismo

De modo geral, a razão do epicurismo é conceber a felicidade e os meios para o ser humano alcançá-la. Escreveu Epicuro “O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Uma vida feliz, por sua vez, tem como finalidade a saúde do corpo e a tranquilidade do espírito”.

Em meados do século 20, um expoente da linha behaviorista da psicologia explanou muitas teses que parecem inspiradas por tal corrente filosófica grega. Seu nome era Burrhus Frederic Skinner, um psicólogo e professor de Harvard norte-americano.

Segundo ele, sente-se bem quem possui um corpo sadio, livre de dores e de sofrimento, ou seja, um corpo que foi “positivamente reforçado”. Assim, se levarmos em conta que os behavioristas ignoram a consciência e os sentimentos, baseando-se tão somente nas ações humanas, seria possível ser feliz apenas por adotar comportamentos saudáveis.

Skinner também não reduz a felicidade à ausência da tristeza - que é a principal discussão retratada em Divertida Mente 1. À semelhança de Epicuro, que afirma ser a dor uma sensação necessária à vida, ele defende que nem todo evento aversivo deve ser evitado se levar a um evento reforçador positivo maior no final.

Funciona mais ou menos assim: quando nos acostumamos a estar sempre debaixo de um ar-condicionado, mais sensíveis ficamos ao calor que, por vezes, é inevitável. Em resumo, é sobre utilizar os pequenos obstáculos para se fortalecer em vez de evitá-los.

Sabe quem é responsável por isso dentro da sua cabeça? Você descobrirá no próximo tópico.

As emoções de Divertida Mente 2 na vida de um estudante

Depois de tantos conceitos enriquecedores, vamos brincar um pouco? Chegou a hora de fingirmos que estamos no painel de controle das emoções, dentro da cabeça de um estudante, diante à iminência da vida adulta.

Quais situações são responsáveis por causar cada uma das emoções que Riley vai experimentar em Divertida Mente 2? Fizemos as nossas melhores apostas abaixo.

Alegria

Nota 1.000 na redação do Enem e passar sem pegar especial no final do semestre. A alegria traz uma sensação de bem-estar que, nesses casos, está muito relacionado ao pensamento de “dever cumprido”.

Tristeza

Chegar atrasado e perder o horário para o vestibular. Ficar triste é a resposta natural a essa situação e é ela que vai ensinar você a refletir sobre o que aconteceu. A experiência valerá para não acontecer um novo atraso.

Raiva

Ser ridicularizado por um professor na frente dos colegas. Você vai sentir raiva e com razão, pois essa emoção serve para impormos um limite às ações alheias que nos afetam direta ou indiretamente. Use-a para reportar o caso à ouvidoria da faculdade ou do pré-vestibular.

Nojo

Ver a foto de uma doença na apostila de biologia. Essa sensação de aversão pode ser o insight que faltava para você não optar por um curso ou por uma residência que envolva o contato direto com tal problema.

Medo

O professor pergunta se todos entenderam a explicação e você mente dizendo “sim”. Não deixe que o medo fique entre você e seu aprendizado. Ninguém nasce sabendo das coisas e é natural precisar de mais tempo para aprender qualquer matéria.

Ansiedade

Prova importante amanhã! Você pensa em tudo que pode dar errado e quais serão suas alternativas caso seu desempenho seja ruim. A princípio, essa emoção vai ajudá-lo a ficar mais atento para evitar erros, mas pratique o estoicismo para não deixá-la crescer.

Inveja

Um colega foi o melhor da turma. Existe a teoria de que invejamos alguém quando nos identificamos com a pessoa, mas acreditamos que somente nós poderíamos receber determinado reconhecimento que foi concedido a ela. Praticar a gratidão é o melhor exercício contra a inveja e a sensação ruim decorrente dela.

Tédio

Sem conseguir estudar ou descansar, fica apenas olhando para as paredes. Essa é uma resposta do seu corpo à falta de energia ou a estar em um ambiente ruim, por exemplo. Identifique a causa para, depois, agir na solução e melhorar o seu humor.

Vergonha

Dar uma resposta errada na frente de todos. A vergonha fará com que você sinta que não é inteligente porque cometeu um erro. Mais uma vez, coloque o estoicismo em ação, pois essa autocrítica não tem fundamento lógico, sendo assim, uma mentira.  

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