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Desmistificando tabus: compreendendo o Setembro Amarelo e a prevenção do suicídio

O Setembro Amarelo é um período de conscientizar a sociedade sobre a prevenção ao suicídio. Entenda como funcionam as campanhas neste artigo!

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Falar sobre saúde mental ainda é um desafio em muitos espaços, seja dentro da própria família, nos serviços de saúde ou na educação. E um dos principais tabus envolvidos aqui é o suicídio. Não faltam exemplos de casos que são ignorados até que seja muito tarde, deixando amigos e entes queridos desamparados. É justamente para evitar isso que surgiu o Setembro Amarelo, o mês mundial de prevenção ao suicídio.

Entender mais a fundo o assunto, reconhecer os indicadores e saber como agir são passos fundamentais para lidar com o suicídio. É verdade que, para muitas pessoas, esse tema ainda é um tabu a ser evitado ou ignorado. Porém, quase sempre a vítima mostra sinais e pede ajuda, mesmo que de forma indireta. Estar atento é a primeira barreira que muitas famílias têm no trabalho de prevenção.

Acompanhe e entenda mais sobre o Setembro Amarelo e sua importância na prevenção ao suicídio.

Qual é o panorama da saúde mental no Brasil hoje?

O histórico do Brasil com relação à saúde mental é complicado, para dizer o mínimo. Além de fatores culturais que tornam o tema mais difícil de discutir, muitas pessoas também têm pouco acesso à informação, o que prejudica seu tratamento. Porém, também há vários movimentos em pró da saúde e bem-estar psicológico de toda a população, como a luta antimanicomial.

As questões relacionadas à saúde mental têm ganhado bem mais destaque ao longo dos anos. A pandemia de COVID-19 e o isolamento social decorrente foram dois eventos de grande importância nessa linha. Várias pessoas desenvolveram grande ansiedade e fobia diante do risco da doença, enquanto a falta de contato social também prejudicou a saúde mental da população.

O número de pessoas diagnosticadas com ansiedade, síndrome do pânico, depressão, transtorno bipolar ou borderline, entre outros transtornos, cresceu consideravelmente. Algo que se deve não apenas ao desenvolvimento dessas doenças, mas também à identificação dos casos não diagnosticados.

Como consequência, a demanda por serviços de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, também cresceu consideravelmente. O que antes era considerado um luxo ou mesmo tratamento para casos muito específicos, passou a ser reconhecido como uma necessidade básica de saúde.

Aos poucos, essa mudança de perspectiva também ajudou a quebrar o tabu ao redor da saúde mental e combater a psicofobia. Mais pessoas hoje se sentem à vontade para discutir o assunto, mas os desafios para implementar políticas de prevenção e tratamento ainda são limitadas. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que buscam ajuda também está longe do ideal.

O que é o Setembro Amarelo?

Como já mencionamos, o Setembro Amarelo é o mês de prevenção ao suicídio. Ele se refere, mais especificamente, ao dia 10 de setembro, que é o dia mundial de prevenção ao suicídio. Durante esse período, profissionais de saúde, empresas e instituições devem organizar campanhas e atividades que auxiliem na prevenção de casos de suicídio. Seja dentro de um ambiente em particular ou na esfera pública.

O principal foco dessas campanhas está na conscientização da população. Ou seja, desmistificar o suicídio enquanto uma questão de saúde, apontando sinais, possíveis causas e como evitá-los.

A forma que essas campanhas tomam pode variar bastante. Alguns grupos reúnem estatísticas sobre o tema para mostrar seu impacto na população. Outros abrem espaço para pessoas que têm pensamentos suicidas se expressarem, ou mesmo para famílias de vítimas. Seja qual for o contexto, quase sempre há algo que pode ser feito para conscientizar a população.

Qual é a origem dessa data?

O dia 10 de setembro foi escolhido em homenagem a uma vítima de suicídio. Em 1994, nos Estados Unidos, o jovem Mike Emme, de 17 anos, tomou a própria vida. A família e amigos não notaram sinais de tendências suicidas, pois Mike era altamente talentoso e amigável. Seu apelido, Mustang Mike, veio do seu carro, um Mustang 68 amarelo que ele mesmo restaurou.

No dia do seu velório, os familiares de Mike distribuíram vários cartões com uma fita amarela. Dentro de cada cartão, havia também a mensagem “Se você precisar de ajuda”. Esse evento acabou se espalhando por meio da mídia e da própria população, ganhando notoriedade em vários outros espaços.

Em 2015, o Brasil passou a adotar o Setembro Amarelo como mês oficial de prevenção ao suicídio. Prática que já faz parte de várias organizações de saúde, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Quais são os dados sobre o suicídio no mundo?

Os números sobre o suicídio ao redor do mundo são bem alarmantes, independentemente da localização. Segundo dados a Organização Mundial de Saúde publicados em 2022, estimasse que mais de 700 mil pessoas tirem a própria vida por ano, sendo que, para cada uma dessas, há 20 outras que tentam suicídio e não conseguem.

É verdade que, com a pandemia e o aumento da demanda por serviços de saúde mental, há mais infraestrutura voltada para a prevenção de suicídio. Ainda assim, essas medidas precisam ser aprofundadas para prevenir futuros suicídios, especialmente na população mais vulnerável.

Quais são os fatores de risco para o suicídio?

A vida moderna é responsável por produzir uma série de doenças e dificuldades com a saúde mental. O estresse do dia a dia, falta de segurança, além de outros fatores externos, podem aumentar drasticamente o risco de suicídio.

Veja aqui quais são alguns desses fatores de risco e como eles impactam na saúde mental.

Diferentes transtornos psicológicos

Um dos principais elementos aos quais a família deve se atentar na prevenção do suicídio é o diagnóstico de transtornos mentais. Não necessariamente uma pessoa que sofre com uma doença da mente tem tendências suicidas. Porém, ela tem necessidades específicas para manter o próprio bem-estar.

Milhares de pessoas ao redor do mundo passam anos de suas vidas convivendo com doenças como ansiedade, depressão, transtorno bipolar, fobias, estresse pós-traumático, entre outras, sem receber a ajuda que precisam. Em alguns casos, a angústia que essas doenças causam pode levar uma pessoa a tomar a própria vida. Por isso é importante buscar ajuda de forma preventiva.

Falta de laços sociais

Algo que já foi comprovado durante a pandemia é como o isolamento social pode ter um impacto negativo na saúde mental. E no caso de pessoas que já apresentam alguma dificuldade psicológica, pode ser um fator agravante, ainda mais em um período prolongado.

O ser humano é um animal social por natureza. Mesmo as pessoas mais introvertidas têm necessidade de interagir, sentir proximidade e algum nível de intimidade com outras pessoas. O isolamento, por sua vez, é um fator de risco para ansiedade, depressão, diminuição nas habilidades sociais, entre outros efeitos.

É bom lembrar que esse é um risco tanto para pessoas que moram sozinhas quanto aquelas que dividem a casa com outras pessoas. A presença de outros indivíduos não necessariamente diminui o sentimento de isolamento.

Eventos traumáticos

Quando uma pessoa leiga pensa em possíveis causas de suicídio, um dos tópicos que mais aparecem é a ocorrência de um evento traumático. Essa ideia é parcialmente correta, já que certos eventos podem ser um gatilho para o desenvolvimento de tendências suicidas. Porém, raramente eles ocorrem de forma isolada.

O mais comum é que o trauma seja um desencadeador para diferentes transtornos psicológicos, como o estresse pós-traumático. Uma mente saudável tem diversos mecanismos de autopreservação sempre ativos, o que reduz as chances de que um único evento leve uma pessoa a tomar a própria vida.

Porém, para aqueles que já têm alguma doença mental ou fatores de risco, pode ser que o trauma seja um gatilho. Além disso, se uma pessoa é exposta a estresse e traumas recorrentes, esses mecanismos de autopreservação podem ser erodidos gradualmente.

Discriminação ou abuso no dia a dia

Seguindo a mesma linha do tópico anterior, o Setembro Amarelo hoje também é bastante ligado à luta contra a discriminação racial, sexual, LGBTfobia, abuso, bullying, entre outras formas de violência recorrentes. Isso porque, para pessoas que sofrem essas agressões regularmente, o risco de suicídio é bem mais alto.

Mesmo nos casos em que não há agressão física, essas ações impactam diretamente em seu estado psicológico, especialmente se for uma criança ou jovem que estão em espaços não inclusivos. Além disso, muitas dessas formas de violência envolvem deixar a vítima isolada, que é outro fator de risco que mencionamos acima.

Associação com espaços e pessoas que incentivam o suicídio

Em muitos casos, o fator que acaba desencadeando uma tentativa de suicídio é o próprio ambiente no qual a pessoa se encontra e as pessoas com quem convive. Certos espaços promovem uma visão de mundo mais negativa ou mesmo fatalista, o que pode agravar o estado psicológico de uma pessoa que já apresenta tendências suicidas.

Um dos exemplos mais comuns é a convivência doméstica e na escola. Jovens que têm dificuldades para se relacionar com familiares ou com seus pares tendem a se sentir mais isolados. Em resposta, a família ou colegas podem criticá-lo, sem compreender suas dificuldades, o que leva à redução da autoestima e maior incidência de pensamentos suicidas.

Mesmo espaços digitais podem apresentar risco, com muitas comunidades e indivíduos na internet incentivando a autoviolência. Alguns o fazem por acidente, já que não há o mesmo grau de empatia em suas palavras. Por isso que muitas campanhas do Setembro Amarelo conscientizam a população sobre a importância de tomar cuidado com a própria linguagem.

Como identificar sinais de tendência suicida?

Durante o Setembro Amarelo, umas das prioridades é a conscientização da população. Muitos casos de suicídio podem ser prevenidos que familiares e pessoas próximas se atentarem a alguns dos principais sinais.

Veja aqui alguns fatores os quais você deve se atentar.

Expressão de desejos suicidas

Algumas pessoas desconsideram a prevenção ao suicídio dizendo “se quisesse se matar, já teria feito” ou “é só drama para chamar a atenção”. Porém, a realidade é que as tentativas de suicídio, muitas vezes, são um pedido genuíno de ajuda. A vítima não quer morrer, mas sente que não tem boas alternativas.

Sendo assim, se uma pessoa expressa desejos suicidas, você jamais deve apenas desconsiderar o que ela diz. Mesmo nos casos em que não haja intenção real, essa fala precisa ser levada a sério. Caso contrário, pode ser mais um caso que poderia ser prevenido.

Isolamento da família e amigos

Mencionamos antes como o sentimento de isolamento pode contribuir com os pensamentos suicidas. Porém, mais do que isso, também existe um ciclo vicioso em muitos desses casos, no qual uma pessoa se sente isolada e, por isso, se fecha e se distancia de pessoas próximas.

Há algumas explicações possíveis para isso. Primeiro, o indivíduo não tem energia para interagir com outras pessoas, que também é um sinal de depressão. Segundo, por não sentir uma conexão genuína com as pessoas mais próximas, prefere se isolar. Terceiro, está se distanciando emocionalmente por ter medo de magoá-las.

Seja qual for a razão, você deve sempre se atentar a esse padrão de isolamento. Ainda mais quando ele é generalizado, não apenas com grupos específicos.

Tomar atitudes perigosas regularmente

Pessoas com pensamentos suicidas também tendem a agir de forma mais impulsiva e arriscada no dia a dia. É o caso de direção perigosa, consumir álcool, remédios ou substâncias ilícitas em grande quantidade, entre outras formas de negligenciar a própria segurança.

Mais uma vez, é não é apenas um sinal que determina se uma pessoa tem pensamentos suicidas ou não. O mais importante é se atentar a esses casos para saber quando é hora de intervir.

Dificuldade de fazer planos para o futuro

Um sinal mais sutil que muitas possíveis vítimas mostram inicialmente é a dificuldade em criar planos para o futuro. Sejam eles para daqui a alguns meses ou alguns anos. Essa é uma mudança de comportamento também associada à depressão.

Pode ser que haja um desinteresse geral por planejar o futuro ou um bloqueio real para pensar nesses cenários. Pode se manifestar na dificuldade para fazer escolhas banais, buscar um objetivo próprio ou mesmo tomar ações que serão necessárias para sua sobrevivência. Em casos mais extremos, pode ser que a pessoa já tenha aceitado sua decisão de tirar a própria vida e não considere mais o próprio futuro.

Apatia generalizada

Pessoas com pensamentos suicidas também podem apresentar uma falta de interesse generalizada em relação ao mundo e às pessoas ao redor. Mesmo atividades que antes geravam grande interesse podem se tornar cansativas, não gerando qualquer prazer, satisfação ou mesmo expectativa de gratificação. Ao mesmo tempo, não há um novo interesse que tome o lugar do antigo.

Esse sinal fica mais claro quando esse sentimento de apatia se estende a áreas mais básicas do dia a dia. A vítima pode perder o interesse em se alimentar, se limpar, cuidar da própria saúde ou mesmo buscar conforto.

Ações feitas em preparo para a morte

Mais um sinal grave, mas que muitas vezes é ignorado, é a preparação da pessoa para a morte. A vítima pode já ter tomado sua decisão, mas dedica algum tempo para “deixar tudo em ordem” antes de tomar a própria vida. Ela paga dívidas, arruma a casa, prepara um testamento ou mesmo se despede diretamente.

Esse é um caso mais comum para indivíduos que têm responsabilidade de cuidado, como pais e mães. O intuito aqui é fazer com que sua partida cause o mínimo possível de incômodo, tanto que os familiares podem não reconhecer esse sinal, confundindo-o apenas com algum ato de carinho ou responsabilidade.

Como auxiliar na prevenção ao suicídio?

Muitos dos casos de suicídio que ocorrem hoje ao redor do mundo poderiam ser prevenidos com algumas ações. E uma das missões do Setembro Amarelo é conscientizar a população para que identifiquem os sinais e saibam como intervir.

Veja aqui algumas atitudes que podem ajudar na prevenção ao suicídio.

Buscar ajuda profissional

As doenças mentais são muito mais complexas do que aparentam. Assim como acontece com infecções e outros diagnósticos físicos, é perigoso para uma pessoa leiga tentar diagnosticar uma pessoa com pensamentos suicidas e apontar tudo que deve ser feito. Quase sempre há mais por trás desses sinais iniciais do que você pode notar rapidamente.

O mais recomendado aqui é estar atento e buscar ajuda profissional o quanto antes. Se você suspeita que um familiar ou outra pessoa próxima esteja lidando com esses pensamentos, considere entrar em contato com um psicólogo para ter uma opinião profissional a respeito.

Ouvir e tentar compreender

Algo que é sempre destacado em todo Setembro Amarelo é como a falta de empatia com as vítimas é um dos maiores fatores de risco para o suicídio. Não faltam exemplos de vítimas que deram sinais ou mesmo pediram ajuda diretamente, mas foram ignoradas.

Ter empatia com pessoas que desenvolvem pensamento suicidas, mostrando compreensão por suas dificuldades e ouvindo o que elas têm a dizer, já faz uma grande diferença. Em vez de reagir com raiva, agressividade ou repreensão, mostre que você está presente para ajudá-la caso seja necessário.

Construa uma rede de apoio

Seguindo a mesma linha de raciocínio, também é importante criar uma rede de apoio para a possível vítima. Como já dissemos várias vezes ao longo do texto, o isolamento é um dos principais fatores para o desenvolvimento de tendências suicidas, tanto em separação física quanto emocional. E a melhor forma de evitar esse cenário é a criação de uma rede de apoio.

Além de ser uma forma de comunicar a essa pessoa que ela pode contar com a ajuda de todos os presentes, é também uma forma de dividir as responsabilidades. Se o caso for muito grave, pode ser necessário contar com diversas pessoas para contribuir com sua recuperação.

Incentive a prática de atividades prazerosas

A apatia é outro elemento a ser sempre observado. Muitas pessoas perdem interesse em suas atividades diárias, realizando apenas o mínimo necessário para sobreviver, o que não é uma forma saudável de vida. Encontrar novas atividades prazerosas é uma forma de combater esse sentimento de apatia e enfraquecer esses pensamentos nocivos.

Exercícios físicos são bastante recomendados, pois sua prática contribui com o bem-estar do corpo e da mente de várias maneiras diferentes. E a saúde física também é um fator no desenvolvimento de doenças como depressão e ansiedade. Claro, sempre de forma razoável. Não há benefício algum em forçar alguém a realizar atividades que não trazem nenhuma satisfação.

Crie um ambiente positivo

Outro ponto que mencionamos é como o ambiente e a convivência podem incentivar pensamentos suicidas. Se há muita agressividade e inimizade em todas as interações, então é mais provável que a vítima continue a se afastar.

O melhor que a família e amigos podem fazer é desenvolver um ambiente acolhedor, em que a pessoa possa ter uma convivência tranquila. Se o indivíduo se sente bem-vindo e seguro, então o risco de se isolar também é menor. Algo muito importante quando ele tem uma crise e precisa pedir ajuda.

Remova objetos que facilitem o suicídio

Nos casos mais graves, em que há o risco de a vítima cometer um suicídio por impulso, é necessário tomar algumas precauções. A primeira delas é garantir que ela não tenha acesso a ferramentas que possam assistir em suas tentativas de suicídio, para que o impulso não possa se concretizar facilmente.

Esse é o caso de objetos afiados, como facas e barbeadores, ferramentas pesadas, álcool, produtos químicos corrosivos ou mesmo quedas de grande altura. Também é recomendado que haja sempre uma pessoa próxima para socorrê-la quando necessário.

Tenha paciência

Com as atitudes certas, muitos casos de doença podem ser prevenidos com a intervenção de pessoas próximas e ajuda profissional. Porém, é sempre bom lembrar que esse é um processo, não uma cura imediata. Sendo assim, você não deve abandonar o tratamento e acompanhamento por frustração.

Leva tempo até que a vítima se recupere e consiga retornar à sua rotina normal. Porém, também é possível que nunca haja uma “cura”. Apenas um controle regular desses pensamentos para que eles não se manifestem.


Faça a sua parte sempre!

O Setembro Amarelo é uma das épocas mais importantes para a conscientização sobre o suicídio. Porém, isso não significa que seus esforços devem ficar restritos apenas a esse período do ano. Várias pessoas se tornam vítimas todos os dias e precisam receber ajuda. Então, fique atento e saiba quando intervir ou apenas ouvir.

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