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Uso medicinal de canabidiol: saiba tudo sobre o assunto

O uso medicinal do canabidiol já é realidade em diversos países, inclusive o Brasil. Saiba tudo sobre o assunto aqui, no blog Graduação Afya.

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O uso medicinal da cannabis sativa remonta à pré-história da humanidade. Vestígios arqueológicos e até mesmo pinturas rupestres demonstram que nossos antepassados já utilizavam das propriedades da popularmente chamada maconha em diversas situações.

As propriedades medicinais da planta se devem ao fato dela conter substâncias, chamadas canabinóides, que atuam diretamente no Sistema Nervoso Central, podendo auxiliar no tratamento de problemas como epilepsia, depressão e fibromialgia. 

E é justamente sobre a utilização medicinal de um desses canabinóides que iremos abordar neste conteúdo: o Canabidiol.

O que são os canabinóides?

As plantas cannabis sativa, do gênero angiosperma, família cannabaceae, possuem cerca de 500 compostos químicos em sua composição. Dentre eles, 120 fitocanabinóides já foram identificados, sendo o Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabinol (THC) os mais estudados. 

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Com a mesma estrutura molecular, CBD e THC diferem-se apenas por uma sutil alteração em sua organização dos átomos, fazendo com que suas propriedades e aplicações se tornem muito diferentes.

Canabidiol

O CBD não possui propriedades intoxicantes. Desta forma, ela não provoca alterações na percepção da realidade quando ingerida. Por outro lado, ela é reconhecida pelas suas diversas propriedades que podem ser utilizadas na Medicina, como anti-inflamatórias, antioxidantes, ansiolíticas, antidepressivas, neuroprotetoras, anticonvulsivas e antináuseas.

O CBD também é responsável por modular o efeito do THC, evitando efeitos indesejados, como ansiedade, depressão e, em casos extremos, alucinações.

Tetrahidrocanabinol

O THC, por sua vez, é o responsável pelas experiências psicotrópicas do consumo da maconha - a famosa sensação de estar “chapado”. Além da ação psicoativa, ele também possui efeitos como estimulante do apetite, relaxante muscular, sedativo, analgésico e anti-inflamatório.

O THC tem o potencial de ser utilizado para combater as náuseas e vômitos decorrentes de quimioterapia, além de ter efeito positivo no humor em quadros depressivos.

Os subtipos de canabidiol

Quando utilizado para fins medicinais, o CBD não é consumido em forma de cigarro, mas, principalmente, em forma de óleo extraído da planta. Os laboratórios disponibilizam o canabidiol em diferentes subtipos, sendo os principais:

  • Full spectrum: contém mais de 60 substâncias da planta - é a forma plena do extrato do produto;
  • Descarboxilada: possui as mesmas substâncias da versão full spectrum, mas em uma forma não ácida;
  • Broad spectrum: forma sem THC, mas com todos os demais componentes da planta;
  • Canabidiol isolado: contém exclusivamente o CBD em sua composição. 

Em suas diversas formas, o canabidiol conta com vantagens sobre os medicamentos convencionais, visto que não causa efeitos colaterais e nem dependência química, ao contrário do que muitos acreditam. 

Uso medicinal do Canabidiol: aplicações

Atualmente, há um consenso médico para a utilização do Canabidiol em três indicações: epilepsia, autismo e dor neuropática/crônica.

O uso no tratamento dessas doenças é amplamente difundido em diversos países, e também era unânime no Brasil. No entanto, em outubro de 2022, o Conselho Federal de Medicina reduziu o uso terapêutico do Canabidiol em todo o território nacional.

Desde outubro, os médicos podem prescrever a substância apenas para dois tipos de epilepsia, ficando proibido o uso para outras doenças, bem como da planta in natura ou outros derivados dela para uso medicinal.

O CFM justifica a decisão com base em revisões científicas sobre aplicações terapêuticas publicadas entre 2020 e 2022. O órgão levou em consideração também a contribuição de mais de 300 médicos brasileiros que apontam resultados positivos em síndromes convulsivas, mas negativos para outros casos clínicos.

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A decisão, no entanto, tornou-se alvo de muito debate e controvérsia, visto que vai na contramão do que é praticado atualmente em países como Estados Unidos, Holanda e Uruguai, onde a legalização da maconha para fins medicinais e recreativos é liberada ou tolerada.

As discussões para utilização médica no Brasil ainda são recentes e diferentes propostas tramitam no Congresso Nacional. Desta forma, o uso terapêutico ainda pode passar por alterações.

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