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Telemedicina: o que é e como atua este médico?

Telemedicina, você sabe o que é e como atua este médico? Conheça mais sobre essa área tão importante, que tem ‘’ encurtado distâncias’’!

11
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No Brasil, a prática da teleconsulta entre médico e paciente foi autorizada em 2020, durante a pandemia de Covid-19. Porém, outros ramos da telemedicina, por vezes menos conhecidos, já fazem parte da realidade brasileira desde o início da década de 1990.

Diante dessa nova realidade, que envolve telessaúde e cuidado com o paciente, foram estruturados programas de assistência e cooperação pela expansão do atendimento remoto em saúde. Isso foi importante, pois mais pessoas foram beneficiadas por essa inovação tecnológica que existe há bastante tempo.

Ficou interessado em aprender sobre um dos temas mais relevantes da prática clínica atual? Então, aproveite a leitura!

O que é Telemedicina

A telemedicina corresponde à adaptação das práticas médicas para oferta do serviço à distância. Embora seja senso comum pensar que tal invenção é recente, principalmente devido à sua popularização durante a pandemia, na verdade, ela é anterior à era digital.

A telemedicina foi criada em Israel na década de 1950, a partir de tecnologias ainda bastante rudimentares frente aos equipamentos que temos hoje. À época, considerava-se parte desse modelo inovador, por exemplo, o uso de televisões para monitorar pacientes em locais remotos.

Isso, porém, era uma raridade, disponível apenas para certas camadas da sociedade. Em contrapartida, desde a ascensão da internet e a globalização, o escopo dessa função cresceu. Hoje, com equipamentos novos e mais acessíveis, é possível oferecer terapias digitais, ampliar a assistência à saúde e inserir tais conceitos no cotidiano de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Na prática, o que aconteceu de diferente nos últimos tempos — e colocou a telemedicina no vocabulário popular — foi a regulamentação das teleconsultas. Isso serviu para garantir que as pessoas não deixassem o isolamento social sem necessidade. Esse, porém, é apenas um dos braços dessa prática médica, como você descobrirá nos próximos tópicos.

A telemedicina no Brasil

No Brasil, os serviços voltados para a telemedicina, principalmente aplicada ao teleatendimento e emissão de laudos online, estão crescendo a cada dia. O objetivo principal deste tipo de assistência é o atendimento médico remoto e a geração de laudos e receitas à distância.. Essa prática já estava em vigor desde o início da década de 1990, que foi um dos marcos da expansão da internet.

Assim, a adesão a este formato de atendimento foi se consolidando, acompanhando a tendência mundial iniciada em Israel. No Brasil, muitas empresas focadas na gestão de saúde, hospitais e instituições médicas vêm fazendo um esforço bastante ativo para promover e disseminar a telemedicina. Além disso, algumas universidades de medicina de destaque no cenário nacional têm implementado mudanças na grade curricular privilegiando esse tipo de atendimento.

Também há um fomento por parte do Governo Federal ao desenvolvimento de mais programas de assistência centrados neste modelo. O objetivo é aumentar a oferta de serviços e otimizar o exercício da medicina. Isso facilita o acesso à saúde da população, principalmente na Atenção Primária à Saúde.

Em todo o país existe, portanto, o envolvimento em ações que incentivam a adesão dos profissionais de saúde à telemedicina. Desde o início do curso de medicina, a maior parte das universidades públicas e privadas já inserem os futuros médicos em procedimentos e núcleos especificamente voltados à aplicação da telemedicina.

Novas tecnologias de atendimento

Em linhas gerais, a Inteligência Artificial (IA) é considerada um campo de pesquisa que utiliza recursos tecnológicos focados na geração de mecanismos ou dispositivos específicos para aplicação prática em determinados serviços. Por meio da IA, é possível reproduzir a capacidade do ser humano e mimetizar algumas importantes habilidades.

O avanço da tecnologia possibilita até mesmo imitar características que, antes, eram exclusivamente humanas. Uma delas é a capacidade de pensar e de solucionar problemas. Hoje, na área médica, já existem alguns procedimentos de telemedicina que se valem dessa “racionalidade” tecnológica. Assim, a inteligência dos computadores — também conhecida por machine learning — traz benefícios significativos quando aplicada à saúde.

Os recursos de IA também têm sido amplamente empregados para auxiliar na detecção de diagnósticos em diferentes tipos de exames. Para essa função, utiliza-se uma ampla base de dados, acoplada a ferramentas extremamente específicas. Com isso, por meio da inteligência artificial é possível identificar alterações milimétricas, com cerca de 90% de acurácia na identificação das patologias.

Novas ferramentas

Dentro da proposta do atendimento remoto em saúde, encontra-se uma gama de ferramentas e serviços considerados os pilares de integração desses encargos por meio da Web. Entre eles, os mais utilizados na rotina clínica são:

  • Prontuário Eletrônico (ePaciente);
  • Saúde móvel (mHealth);
  • Big Data;
  • Cloud Computing;
  • Apps específicos para a Medicina Personalizada.

Além dessa infinidade de alternativas, a perspectiva é que haja a criação de novas máquinas, ainda mais avançadas. A meta é armazenar e processar todo o repertório de dados, cruzar as informações e explorar as imagens captadas em todos esses processos.

Assim, a disponibilidade desses dados e informações otimizam o conhecimento necessário para flexibilizar soluções e agilizar as demandas em saúde. Quando somado ao histórico dos pacientes, já armazenados digitalmente, isso pode gerar ótimos resultados. Ademais, tais recursos facilitam o trabalho dos médicos na definição de diagnósticos e na determinação das condutas.

Importância da Telemedicina

Algumas das características que tornam a telemedicina tão importante são a praticidade e a acessibilidade. É graças aos seus recursos que oferecer diagnósticos e atendimento de qualidade para quem vive em regiões isoladas, por exemplo, virou uma realidade. Afinal, tudo isso pode ser feito com alguns cliques em um aparelho eletrônico.

Por que isso significa tanto? Em um país tão extenso como o nosso, a descentralização da força de trabalho médica dos grandes centros urbanos é fundamental para ampliar o acesso à saúde da população. Ou seja, a telemedicina quebra barreiras não apenas físicas, mas também socioeconômicas e culturais.

Desse modo, os investimentos que ocorreriam no deslocamento dos pacientes até as metrópoles, ou no fornecimento de auxílios para a classe profissional — como é feito pelo programa Médicos Pelo Brasil —, podem ser realocados na prevenção de doenças e na compra de medicamentos, por exemplo.

Impactos da pandemia no atendimento remoto

Diante dos desafios impostos pela pandemia, uma das principais mudanças relacionadas à assistência à saúde foi o uso de recursos de atendimento remoto. Nesse cenário, muitos profissionais de saúde tiveram que se adaptar à nova realidade. Além de buscar estratégias para manter os atendimentos, também era preciso auxiliar no controle da propagação da doença.

Nessas circunstâncias, saber como funciona a telemedicina e conhecer os seus benefícios tornou-se um diferencial em muitos serviços de saúde. A telemedicina foi um recurso essencial para permitir a manutenção do isolamento social, sem, contudo, interromper a continuidade dos tratamentos.

Portanto, apesar de todos os desafios inerentes ao cenário pandêmico, é possível afirmar que esse panorama ajudou a impulsionar o uso dessa ferramenta e divulgar a sua importância. Nesse contexto, a telemedicina foi usada como um recurso essencial, o que tem sido considerado um aspecto positivo para o setor da saúde.

Vantagens da telemedicina

Para além do papel no combate à Covid-19, existem diversas outras vantagens proporcionadas por essa modalidade:

  • amplia o acesso a especialistas e profissionais de referência;
  • facilita a troca de informações entre os serviços de saúde;
  • diminui o deslocamento de pacientes a hospitais, prevenindo o contato com antígenos perigosos;
  • possibilita a realização de exames em clínicas e postos de saúde;
  • melhora a qualidade dos laudos emitidos e agiliza a entrega;
  • possibilita o monitoramento do paciente de forma mais recorrente;
  • permite maior segurança no atendimento, sobretudo em cenários de pandemia;
  • aumenta a praticidade no atendimento;
  • flexibiliza mais redução de custos na assistência;
  • otimiza o tempo;
  • favorece ampliar o número de atendimentos.

Quais são os ramos da Telemedicina?

A telemedicina pode ser dividida em várias frentes. Entre as principais, existem pelo menos cinco que merecem destaque. Veja quais são!

Teleassistência

O primeiro é a teleassistência, cujo propósito é monitorar o paciente em sua própria casa ou em um centro de saúde local. Nesse caso, o serviço é prestado em dois eixos: pelo médico que o atende e pelo enfermeiro que cuida dele presencialmente.

Teleconsulta

O segundo, e o mais conhecido, é a teleconsulta. Ela é realizada tanto entre médico e paciente quanto entre os próprios especialistas, quando precisam de uma opinião a mais para fechar o diagnóstico. Isso beneficia a troca de informações entre hospitais e instituições de saúde, impulsionando áreas de pesquisa e a discussão de casos de doenças raras.

Teleducação

A teleducação também é importante e já é aplicada em diversos outros setores. Esse ramo da telemedicina busca aprimorar a capacitação de profissionais que se encontram longe dos grandes centros urbanos, onde eventos médicos são mais abundantes. Para tanto, são oferecidas videoconferências, aulas, palestras, e-learning e programas Pós-graduação médica.

Telelaudos

Também é possível a emissão de laudos à distância ou os denominados “telelaudos”. Essa frente consiste no envio de resultados de exames, analisados por profissionais qualificados, por meios de softwares específicos. Por exemplo, vários laboratórios de exames disponibilizam os resultados em seus sites ou aplicativos, de forma que o paciente não precisa voltar ao local para buscar o laudo.

Além disso, caso você um dia precise de uma segunda opinião sobre um exame, poderá escolher um especialista localizado em qualquer lugar do país.

Cirurgia robótica

Por fim, nós temos a cirurgia robótica. Sim, essa importante inovação tecnológica também é um braço da telemedicina, uma vez que se traduz em uma atuação médica indireta sobre o paciente. Entre os benefícios da cirurgia robótica destacam-se maior precisão, menores incisões e diminuição dos riscos de sangramentos e de infecções.

Especialidades que podem atuar via Telemedicina

O potencial de certas áreas da Medicina para serem ofertadas à distância é bastante óbvio quando pensamos na psiquiatria e na nutrologia, por exemplo. Afinal, o procedimento de anamnese feito por esses especialistas não requer contato físico. No entanto, existem diversas outras especialidades que podem atuar via telemedicina.

Cardiologistas, neurologistas e pneumologistas estão entre os profissionais habilitados para atender via teleconsulta em diferentes demandas. Por meio da telemedicina, eles podem avaliar exames como eletrocardiograma, mapa de pressão arterial, registros de holter, eletroencefalograma com mapeamento cerebral e teste de broncodilatação.

Diante disso, esse método de consulta online facilita bastante a rotina médica. Depois de receber os resultados, o médico não precisa estar junto ao paciente na hora de apresentar suas conclusões e orientações para tratamento, se for o caso.

Está surpreso? Pois você ainda não viu nada. Por meio de um protocolo específico, os dermatologistas também estão aptos a prestar atendimento remoto, com o uso de fotografias para detecção de lesões, alergias e possíveis dermatoses. Além disso, o exame de acuidade visual, que serve para o diagnóstico de desgastes na capacidade de enxergar com nitidez, pode ser conduzido via telemedicina pelos oftalmologistas.

Desafios que dificultam a prática da Telemedicina

Mesmo com todas as vantagens que proporciona, essa modalidade de consulta apresenta algumas limitações. Primeiramente, porque, em certas situações, o atendimento presencial se torna necessário. Mesmo nesses casos, ainda é possível explorar os recursos da telemedicina e trocar informações entre profissionais presenciais e remotos para acompanhar os casos e propor soluções.

Apesar de ser acessível para muitos, nem todos os especialistas podem trabalhar via telemedicina. Mesmo os que podem, como os clínico-gerais, sofrem perdas em sua atuação quando feita remotamente. Segundo Henrique Cal, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, em texto no Portal PBMED, essa nova modalidade, apesar de prática e inovadora, também vem acompanhada de alguns empecilhos e limitações, como:

  • impossibilidade de realizar exames físicos;
  • o ambiente onde o paciente se encontra pode ser inadequado e atrapalhar a chamada de vídeo;
  • caso a internet do paciente falhe, a teleconsulta precisa ser remarcada;
  • falta de habilidade com recursos digitais, que pode deixar algumas pessoas retraídas e inseguras.

Telemedicina para médicos brasileiros

Para exercer a profissão e atuar por meio da telemedicina, os médicos não precisam passar por nenhum outro treinamento ou certificação específica. Basta apenas obter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), como já é previsto para o trabalho presencial. Ou seja, tanto quem já tem especialização médica, quanto quem é recém-formado pode atuar na telemedicina.

Aliás, também é recomendável consultar a resolução publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que diz respeito às práticas e serviços prestados por meio da telemedicina.

Portanto, desde o seu surgimento, a telemedicina tem se mostrado uma excelente ferramenta para diferentes nichos da saúde. Por meio dos avanços significativos da tecnologia, essa metodologia de atendimento torna a saúde mais acessível a qualquer hora e em qualquer lugar.

Além disso, saber o que é telemedicina e conhecer os benefícios que ela representa gera, por si só, vantagens competitivas aos profissionais das mais diversas áreas da saúde. Essa metodologia é mundialmente conhecida como eHealth ou “saúde digital”. Nesse contexto, as projeções são excelentes, mesmo que ainda existam certos desafios a serem superados.

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