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Afinal, existe relação entre açúcar e ansiedade ou outros distúrbios psicológicos?

Descubra se há uma relação entre açúcar e ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos. Tire as suas dúvidas agora mesmo!

5
minutos de leitura

Você é do tipo de pessoa que adora um docinho? Então, aqui fica um alerta: sabia que há uma relação entre açúcar e ansiedade? É isso mesmo!

Entender o lugar que o açúcar ocupa como um fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares e outros problemas psicológicos é fundamental. Afinal, esse é um dos ingredientes mais consumidos pelos brasileiros, país que já lidera o ranking de ansiedade global.

Continue a leitura para tirar as suas dúvidas e descobrir o que a ciência tem a dizer sobre essa relação!

Afinal, o que é o açúcar?

Quando se fala em açúcar, logo pensamos no ingrediente que é utilizado para adoçar nossas receitas e preparos na cozinha. Ele pode ser do tipo refinado, o mais comum, ou se apresentar nas formas demerara e mascavo, além de vários outros tipos.

No entanto, cientificamente falando, açúcar é um termo bem mais abrangente. Quimicamente, o açúcar de cozinha é classificado como um carboidrato simples, mais especificamente um tipo de carboidrato conhecido como sacarose. A sacarose é composta por uma molécula de glicose e uma molécula de frutose, que estão ligadas entre si.

No entanto, outros tipos de açúcares também existem, como o das frutas (frutose) e do leite (lactose). Portanto, carboidratos em geral podem receber esse tipo de denominação.

Como ele é processado no organismo?

Ao consumirmos alimentos que contêm açúcar, como frutas, doces ou bebidas açucaradas, esse carboidrato é digerido no trato gastrointestinal. Durante a digestão, as enzimas quebram a sacarose em suas duas moléculas componentes: glicose e frutose. Essas moléculas são então absorvidas pelo intestino delgado e entram na corrente sanguínea.

Uma vez na corrente sanguínea, a glicose é transportada para as células do corpo para ser usada como fonte de energia. A fim de que isso aconteça, a glicose precisa entrar nas células com a ajuda da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas.

Por outro lado, a frutose é metabolizada principalmente no fígado. Uma parte dela é convertida em glicose para ser usada como energia, enquanto o restante é transformado em outras substâncias, como glicogênio (uma forma de armazenamento de energia) ou gordura.

Se consumimos mais açúcar do que o necessário para atender às necessidades energéticas do corpo, o excesso de glicose é armazenado no fígado e nos músculos na forma de glicogênio, para uso posterior. No entanto, quando esses depósitos de glicogênio estão cheios, o excesso de glicose é convertido em gordura e armazenado no tecido adiposo.

Há relação entre açúcar e ansiedade?

De acordo com estudos, há sim uma relação entre açúcar e ansiedade. Um artigo publicado no JAMA Network Open, em abril de 2024, mostra que pessoas que consomem muito açúcar e têm altos níveis de triglicérides na corrente sanguínea apresentam um maior risco de desenvolver ansiedade, além de depressão.

Mas, afinal, como e por que isso acontece? Continue para entender mais sobre o assunto.

Inflamação e estresse oxidativo

O consumo elevado de açúcar tem sido associado à inflamação crônica e ao estresse oxidativo no corpo. Esse é o nome dado a um processo de oxidação causado pelos radicais livres, conhecidos como os "resíduos" das reações que acontecem entre as células do nosso organismo.

Essa situação pode gerar danos às células, afetando o funcionamento do cérebro e contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios de saúde mental, como a ansiedade.

Ganho de gordura corporal

O consumo excessivo de açúcar é capaz de levar ao ganho de peso e ao acúmulo de gordura corporal, especialmente gordura visceral ao redor dos órgãos internos. O excesso de gordura corporal tem sido associado a alterações nos níveis de hormônios e neurotransmissores no cérebro, que podem aumentar os sintomas de ansiedade.

Picos de insulina e flutuações nos níveis de glicose no sangue

Como vimos, o metabolismo do açúcar interfere nos níveis de insulina no sangue. Dessa forma, ele pode gerar picos do hormônio na corrente sanguínea.

Estes, por sua vez, são capazes de causar mudanças de humor e alterações nos níveis de energia. Lembrando que problemas com a resistência insulínica, comum na diabetes tipo 2, podem estar associados à depressão, e o desenvolvimento dessa doença também está ligado ao consumo exagerado de açúcar. Fique de olho!

Disbiose intestinal

O consumo excessivo de açúcar também pode afetar negativamente a saúde intestinal, levando a uma condição conhecida como disbiose, na qual há um desequilíbrio entre as bactérias "boas" e "ruins" no intestino. Esse desequilíbrio pode influenciar a saúde mental, causando a ansiedade.

Isso significa que não podemos comer açúcar?

Não necessariamente. Consumir açúcar com moderação, como parte de uma dieta equilibrada, geralmente não é um problema para a maioria das pessoas.

Na verdade, os prejuízos surgem quando o consumo de açúcar é excessivo e regular, o que pode ter efeitos negativos na saúde, incluindo um maior risco de obesidade e o surgimento de diabetes tipo 2, doenças cardíacas e problemas de saúde mental.

A chave é encontrar um equilíbrio saudável. Então, opte por alimentos naturais e integrais, como frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios com pouca gordura. Esses alimentos geralmente contêm açúcares naturais e são ricos em nutrientes essenciais.

Além disso, aproveite para ficar de olho nos rótulos dos alimentos. Muitos itens processados e industrializados contêm açúcares adicionados, mesmo aqueles que não são naturalmente doces, como os molhos para salada, os molhos de tomate e os produtos de panificação.

Inclusive, aqui vai uma dica interessante: a partir de outubro de 2023, uma nova regra de rotulagem foi determinada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ela obriga todas as empresas a informar se há altos níveis de açúcar adicionados nos alimentos. Portanto, as embalagens trazem dados preciosos para você.

Como você pôde perceber, há uma relação íntima entre açúcar e ansiedade

E isso não é tudo: a depressão e outros problemas psicológicos também estão relacionados com o consumo excessivo desse carboidrato. Por isso, o ideal é caprichar nos cuidados com a sua alimentação. Consequentemente, isso impactará sua saúde mental.

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