O que é um enxerto e como ele é feito?
Descubra o que é um enxerto, quando é indicado, quais os tipos existentes e como funciona a recuperação.

Se você já viu reportagens sobre grandes queimaduras, cirurgias reconstrutivas ou até mesmo transplantes, provavelmente já ouviu o termo enxerto. Mas o que é um enxerto exatamente? Para que ele serve? E como o corpo reage a esse tipo de intervenção?
Neste artigo, vamos explicar tudo o que você precisa saber sobre o tema: quando os enxertos são indicados, como eles funcionam, quais os tipos existentes, qual a diferença entre enxertos e retalhos, e como é o processo de recuperação após o procedimento.
Se você é estudante de Medicina, ou apenas tem curiosidade sobre como o corpo humano reage a cirurgias complexas, continue a leitura.
O que é um enxerto?
De forma simples, um enxerto é um tipo de transplante em que uma parte do corpo é retirada de um local e implantada em outro. Essa transferência pode envolver tecidos como pele, osso, cartilagem, gordura, nervos ou vasos sanguíneos. O principal objetivo é reparar ou reconstruir áreas danificadas por trauma, queimadura, doença ou cirurgia.
Ao contrário dos transplantes de órgãos (como coração ou fígado), o enxerto geralmente envolve pequenas porções de tecido e pode ser feito com material do próprio paciente (autógeno), de um doador (alogênico) ou até mesmo de origem sintética ou animal.
O enxerto é amplamente usado em diversas especialidades médicas, especialmente na cirurgia plástica, ortopedia, neurocirurgia e cirurgia cardiovascular.
Quando um enxerto é necessário?
Os enxertos são indicados quando o corpo precisa de ajuda para se regenerar em áreas onde o processo de cicatrização natural seria insuficiente ou muito lento. Algumas situações comuns incluem:
- queimaduras graves, quando a pele foi destruída;
- perda óssea após fraturas ou cirurgias ortopédicas;
- cirurgias reconstrutivas, como em casos de mastectomia ou trauma facial;
- lesões neurológicas, que exigem enxerto de nervos;
- correções estéticas, como o preenchimento de áreas com perda de volume.
No campo estético, o lipofilling, por exemplo, é uma técnica de enxerto de gordura usada para preencher ou modelar partes do corpo com tecido adiposo do próprio paciente.
Como um enxerto é feito?
O processo varia conforme o tipo de tecido a ser enxertado, mas geralmente envolve três etapas principais. Confira a seguir:
Etapa 1 - Retirada do enxerto
O tecido é coletado de uma área doadora, que pode ser do próprio paciente (como a coxa ou o abdômen, no caso de enxerto de pele).
Etapa 2 - Preparo da área receptora
A região que vai receber o enxerto precisa estar livre de infecções, com boa vascularização e pronta para a integração do novo tecido.
Etapa 3 - Implantação e fixação
O enxerto é colocado na nova área e fixado com pontos, curativos especiais ou, em alguns casos, adesivos cirúrgicos. A região é então protegida e monitorada até que o tecido se integre ao organismo.
Vale lembrar que a revascularização do enxerto é fundamental para o sucesso do procedimento, ou seja, ele precisa receber sangue para se manter vivo. Caso isso não ocorra, o enxerto pode ser rejeitado ou necrosar.


Quais são os tipos de enxerto?
Os enxertos podem ser classificados de várias formas, mas os principais critérios envolvem a origem do tecido e o tipo de material utilizado.
Quanto à origem
Confira as variedades de enxerto de acordo com a origem:
- nos autógenos (ou autólogos), o tecido vem do próprio paciente. É o tipo mais comum e com menor risco de rejeição;
- no alógeno (ou homólogo), o tecido vem de outro ser humano (geralmente de um doador falecido). Exige compatibilidade e cuidados com rejeição imunológica.
- no xenógeno, o tecido é de origem animal (como pele de porco ou membranas bovinas). É usado como solução temporária.
- no sintético, os materiais produzidos em laboratório, como substitutos ósseos ou dérmicos.
Quanto ao tipo de tecido
Agora, as diferenças quanto ao tecido que é contemplado pelo enxerto:
- enxerto de pele, usado em queimaduras, feridas crônicas e cirurgias reconstrutivas;
- enxerto ósseo, muito comum em ortopedia e odontologia;
- enxerto de gordura, usado em cirurgias plásticas e correções volumétricas;
- enxerto de nervo, em lesões neurológicas periféricas;
- enxerto vascular, usado para substituir artérias danificadas.
Enxerto e retalho são a mesma coisa?
Apesar de ambos envolverem transplantes de tecidos, enxerto e retalho não são a mesma coisa.
A principal diferença está na vascularização:
- no enxerto, o tecido é transferido sem o seu suprimento sanguíneo original. Ou seja, ele precisa se integrar à nova região e criar novas conexões vasculares;
- no retalho, o tecido é transferido com vasos sanguíneos preservados ou seja, ele já chega à nova região com vascularização própria;
Por isso, os retalhos são usados em casos mais complexos, quando é necessário reconstruir áreas maiores ou com alto risco de necrose. O uso de um ou outro depende da extensão da lesão, da saúde do paciente e da região do corpo a ser tratada.
Como é a recuperação após um enxerto?
A recuperação depende do tipo e da extensão do enxerto. No geral, o pós-operatório exige:
- cuidados com a higiene da área enxertada;
- proteção contra traumas, atrito e infecções;
- acompanhamento médico frequente para avaliar a integração do enxerto;
- uso de medicamentos, como analgésicos e antibióticos, quando necessário.
A adaptação do organismo pode levar semanas ou meses. Em alguns casos, o enxerto é absorvido parcialmente ou não se integra completamente, o que pode exigir um novo procedimento.
Fatores como alimentação, circulação, controle de doenças crônicas e repouso adequado influenciam bastante no sucesso do processo.
Além disso, é essencial cuidar da saúde emocional durante a recuperação. Procedimentos reconstrutivos muitas vezes envolvem traumas prévios ou impacto na autoestima, e o apoio psicológico pode fazer parte do cuidado integral ao paciente.
Agora que você já entendeu o que é um enxerto, como ele funciona, quando é indicado e quais os tipos existentes, fica mais fácil perceber a importância desse procedimento na Medicina moderna. Seja para reconstrução estética, reparo funcional ou tratamento de lesões graves, o enxerto é uma ferramenta poderosa, mas exige conhecimento técnico e cuidados no pós-operatório.
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