Quais são os procedimentos para pessoas trans disponíveis no SUS?
Cerca de 2 em cada 100 brasileiros se identificam como transgêneros e não binários. Conheça os procedimentos para pessoas trans disponíveis no SUS para atender essa população.
Os seres humanos são marcados pela diversidade tanto na cor quanto nas opiniões e gostos. Segundo dados do Banco Mundial, cerca de 4 milhões de brasileiros são transgêneros ou não binários. Grande parte dessa população se reconhece como mulher, embora tenha nascido com o sexo oposto.
Viver uma vida com identidade de gênero diferente daquela atribuída no nascimento é um caminho muitas vezes doloroso. Mesmo que a sociedade esteja com outros pensamentos, essas pessoas frequentemente sofrem preconceito.
No entanto, para auxiliá-las, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais está à disposição. Por meio do SUS, muitas pessoas conseguem realizar procedimentos para pessoas trans.
Quer saber mais sobre esse assunto? Continue a sua leitura!
Qual é o panorama sobre as pessoas trans no Brasil?
Alguns estudos, como o do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), visam preencher lacunas que envolvem a diversidade sexual e de gênero das pessoas do nosso país, oferecendo, consequentemente, subsídios para a elaboração de políticas públicas que auxiliem essa parcela da população.
Identificação de gênero
Cerca de 2 em cada 100 brasileiros se identificam como transgêneros e não binários, conforme pesquisa realizada em 01/02/2022 pelo IBDFAM. Isso significa que 2% da população é formada por essas pessoas.
Portanto, muitos indivíduos se identificam com um gênero diferente do que lhes foi atribuído ao nascer. Há brasileiros, inclusive, que não se identificam nem totalmente com o sexo masculino nem com o feminino.
Posição no mercado de trabalho
Os estudos realizados pelo IBDFAM ainda demonstram que cerca de 58% desses indivíduos têm algum trabalho informal ou autônomo, de curta duração e sem contrato – ou seja, sem carteira assinada.
Nível educacional
A pesquisa do IBDFAM também revela que muitas dessas pessoas costumam abandonar a escola antes mesmo de terminar a educação básica. No entanto, nos últimos cinco anos, pôde-se perceber que as instituições de ensino superior registraram a conclusão de doutorados de alguns indivíduos assumidamente transgêneros e travestis.
Quais são os números de assassinatos e atos violentos contra as pessoas trans?
O último relatório da Transgender Europe (TGEU) revelou que o número de crimes cometidos contra travestis e mulheres trans aumentou consideravelmente nos últimos 15 anos. A instituição realiza o monitoramento das informações globais coletadas por outras instituições LGBTQIA+.
Crimes violentos
De acordo com a pesquisa, 33% dos assassinatos de pessoas trans ocorre no Brasil, infelizmente. Além disso, 70% desses crimes violentos ocorreram na América Central e na América do Sul. Os Estados Unidos e o México registraram, respectivamente, 53 e 65 óbitos por preconceito referente às questões de gênero em um período de 12 meses.
Transfeminicídios
Em 1 ano, tivemos 125 mortes de pessoas trans e não binarias, conforme o relatório da TGEU. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais apontou quase 200 transfeminicídios e mapeou em torno de 100 óbitos em apenas 3 meses. As pessoas assassinadas tinham, em média, apenas 30 anos.
Profissionais do sexo
Mais da metade das vítimas dos crimes de ódio são ou eram profissionais do sexo. 24% dos ataques violentos foram realizados nas residências e 36% nas ruas. Entre as pessoas assassinadas, 96% eram transfeminadas ou mulheres transgêneros.
Casos não reportados
As informações da TGEU são fornecidas por organizações da sociedade civil responsáveis por movimentos contra a discriminação e que monitoram os dados profissionalmente. Entretanto, os números coletados não coincidem a realidade brasileira, já que muitos casos não são registrados com a sua verdadeira motivação.
Os desafios enfrentados pelos sistemas governamentais em relação à segurança pública dessas pessoas são significativos em nosso país. O Instituto Brasileiro Transmasculinidades (IBRAT) e a Revista Estudos Transviades revelam que os crimes motivados por preconceitos no Brasil são praticamente invisíveis pela falta de Boletins de Ocorrência.
Quais são os principais procedimentos oferecidos pelo SUS?
As pessoas travestis e trans têm o direito de receber vários tratamentos especializados de forma gratuita, que estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cada fase do tratamento se divide entre atenção básica e atenção especializada. Veja a seguir mais detalhes sobre esses procedimentos!
Atenção básica e especializada
A atenção básica envolve a triagem, o acolhimento e o posterior direcionamento para os serviços de saúde especializados fornecidos pelo SUS. Já a atenção especializada é subdividida em atendimentos psicológicos, ambulatoriais, endócrinos, proctológicos, ginecológicos e psiquiátricos. Os procedimentos não cirúrgicos são disponibilizados para quem tem mais de 18 anos, e as cirurgias somente são realizadas depois dos 21 anos.
Hormonização
O SUS oferece a terapia de reposição hormonal denominada hormonização, para que os níveis de hormônios sejam adequados às pessoas transgêneros. O procedimento é executado por meio de comprimidos e injeções receitadas por um médico, que realiza e acompanha o tratamento. A hormonização somente é realizada em pessoas diagnosticadas com disforia de gênero, com consentimento informado.
A terapia hormonal para transgêneros é uma forma de tratamento na qual hormônios e outros medicamentos são administrados para pessoas trans ou que não estão em conformidade com o seu gênero. O objetivo desses tratamentos é alinhar as suas características sexuais de acordo com a identidade do paciente, promovendo a feminização ou a masculinização.
A terapia hormonal feminizante consiste na aplicação de estrogênios com ou sem antiandrogênios em mulheres transexuais ou pacientes trans femininas. A terapia hormonal masculinizante depende da administração de andrógenos e antiestrogênios para masculinizar homens transexuais ou pessoas trans masculinas. Cada paciente é informado sobre os procedimentos, riscos e benefícios de cada tratamento.
Cirurgias de mamoplastia
O implante de prótese mamária e o procedimento cirúrgico de mamoplastia masculinizadora em pessoas trans também são assegurados pelo SUS. O processo é realizado para que o paciente tenha a parte do corpo superior mais masculina ou feminina, com a finalidade de melhorar a sua autoestima. São avaliados aspectos como tamanho do corpo e correções de eventuais imperfeições.
Cirurgia genital em travestis e mulheres trans
O processo transexualizador já está sendo realizado nos hospitais públicos dos estados brasileiros. A cirurgia de afirmação de gênero é considerada essencial no tratamento da disforia de gênero de indivíduos trans. No caso das mulheres transexuais, os médicos removem os órgãos genitais e os substituem por uma aparência que corresponde ao sexo feminino, tendo como foco a saúde mental dessas pacientes.
Mastectomia e histerectomia
A escolha da técnica de mastectomia (retirada das mamas) e histerectomia (retirada do útero) adequada para cada paciente depende de uma avaliação cuidadosa sobre as características da pele, grau de ptose e elasticidade. O procedimento é realizado para maximizar a satisfação e minimizar revisões secundárias, sendo um passo muito importante relacionado à masculinidade ou feminilidade física.
Entendeu quais são os procedimentos disponíveis para pessoas trans no SUS?
No nosso país, o sistema de saúde pública tem o dever de promover atendimentos médicos humanizados e livres de preconceito e discriminação para os pacientes com disforia de gênero. Os profissionais levam em consideração as necessidades e as metas terapêuticas de cada pessoa.
Gostou das informações? Você pode receber outros conteúdos informativos relevantes, basta assinar a nossa newsletter!