Ozempic: o que você precisa saber como estudante de Medicina
O uso do Ozempic para emagrecer é off-label e, seja qual for a sua opinião até agora, você precisa de dados para poder falar sobre o assunto.
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Toda discussão possui pelo menos dois lados, então, vamos aos fatos. Número 1: o uso do Ozempic para combater a obesidade é seguro e já foi estudado a fundo por cientistas. Número 2: essa função para o medicamento não é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pois a entidade se baseia nas informações fornecidas pela farmacêutica responsável para dar seu veredito.
Dito isto, você deve estar se perguntando “por que é possível fazer esse tratamento no Brasil?”. Eis aqui a sua resposta: remédios podem ter utilidade off-label. Isto é, embora a prescrição para determinado fim não esteja contida na bula, os médicos podem receitá-lo por sua própria conta e risco baseados em pesquisas e evidências.
Tais fatos podem ter deixado você mais interessado ou preocupado em relação ao Ozempic. Mas, independentemente do que esteja sentindo, a única saída para ter argumentos que sustentem a sua opinião é saber mais sobre o assunto. É por isso que você está aqui para ler este artigo.
O que é o Ozempic?
Trata-se de um remédio que contém como princípio ativo a semaglutida, um hormônio sintético análogo ao GLP-1, que serve para controlar o nível de açúcar no sangue de pessoas com diabetes tipo 2. Ou seja, o diabetes que é desenvolvido a partir do sedentarismo e da má alimentação - 90% dos casos.
Por esse motivo, o uso correto do medicamento deve ser feito junto à dieta e à prática de exercícios físicos. O médico pode receitá-lo sozinho para pacientes que não podem usar metformina, que também é um remédio para diabetes, ou paralelamente a outros, como a tiazolidinediona ou a própria insulina, para ajudá-los a controlar a doença.
Como um remédio para diabetes serve para perda de peso?
Talvez você esteja esperando por uma explicação complexa, mas a verdade é que o processo do Ozempic no combate à obesidade é bem simples. O medicamento funciona para emagrecer, pois ajuda a retardar o esvaziamento gástrico.
Ou seja, a sensação de saciedade da pessoa sob tratamento é mais prolongada, o que para uma pessoa que tem disciplina para seguir uma dieta é muito positivo. Além disso, esse hormônio sintético atua diretamente nas vias de regulação do apetite do sistema nervoso central.
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Contraindicações da farmacêutica
Diretamente da bula do medicamento, trouxemos algumas informações relevantes mesmo para quem quer fazer o uso off-label. A primeira é que o Ozempic não é um substituto para a insulina e não deve ser utilizado por pessoas com diabetes tipo 1, que é autoimune.
O uso para pacientes que possuem cetoacidose diabética - uma complicação da doença com glicemia alta - também é contraindicado. Outros sintomas, que podem aparecer juntos ou separados dessa disfunção são:
- Dificuldade para respirar;
- Confusão;
- Sede em excesso;
- Hálito com odor adocicado;
- Gosto metálico na boca.
Quem mais não pode usar Ozempic? Pessoas que têm casos de câncer de tireoide na família, conhecido por carcinoma medular (CMT), e quem possui síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2).
Por fim, um médico deve ser consultado em todas essas situações, assim como para quadros confirmados ou suspeitos de gravidez. Não há estudos suficientes para constatar que o medicamento não afeta o feto ou se é excretado no leite, então, o indicado é parar o tratamento pelo menos dois meses antes se estiver planejando engravidar.
Funcionamento do tratamento
Em geral, os médicos receitam o Ozempic em pequenas doses iniciais para evitar reações adversas, como náuseas e vômito. Depois, a quantidade administrada vai aumentando até chegar ao ponto considerado ideal de acordo com as características e necessidades do paciente.
Por exemplo, a unidade do medicamento é vendida com 1mg, mas a prescrição inicial pode ser de 0,25mg por semana. A importância do acompanhamento profissional está nessa avaliação constante dos efeitos do remédio no organismo, que podem ser até imperceptíveis para leigos.
Riscos a curto e longo prazo do uso do Ozempic
Como qualquer remédio, o Ozempic tem efeitos colaterais previstos. Vamos começar pelos mais famosos, que ficaram conhecidos por “rosto de Ozempic” e “cabeça de Ozempic”.
As reações por trás dessas impressões do público são a perda acentuada de massa magra junto à gordura. Elas acontecem em especial em pessoas que ingerem pouca proteína, têm má absorção desse macronutriente e/ou que não fazem exercícios anaeróbicos ou musculação.
Assim, o paciente pode apresentar flacidez na face e em outras partes do corpo, como nos braços, glúteos e coxas, devido também à perda de colágeno que acontece simultaneamente. Embora não aconteça com todos, este é um efeito colateral comum.
Segundo especialistas, outras reações até imediatas podem ser:
- Inapetência excessiva;
- Diarreia;
- Mal-estar;
- Dor de cabeça;
- Desidratação;
- Pedra na vesícula, devido à rápida perda de peso.
Além disso, para pessoas que utilizam Ozempic sem acompanhamento médico, existem riscos mais graves, capazes de perdurar indefinidamente. Estamos falando do “efeito rebote”, que ocorre quando a pessoa ganha todo ou até mais do peso que perdeu de volta após o término do tratamento.
Isso acontece porque a interrupção da medicação deve ser feita junto a um plano de ação, que apenas um profissional formado é capaz de traçar. Inclusive, os efeitos mais leves do tratamento, como distúrbios gastrointestinais e náuseas, também podem ser evitados com orientação médica.
Como? Um nutrólogo junto ao seu endocrinologista pode receitar uma dieta mais equilibrada, com porções menores, visto que a pessoa sentirá menos fome, sem frituras e comidas gordurosas, sem álcool e bastante hidratação.
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