O que é hemorragia intracraniana e como é o seu tratamento?
Você sabe o que é e por que acontece a hemorragia intracraniana? Leia este artigo e descubra.

Conceitualmente, a hemorragia intracraniana também é conhecida por hemorragia cerebral e se caracteriza por um tipo de sangramento que ocorre dentro do cérebro. Em vias gerais, esse quadro surge em decorrência de condições resultantes de quedas de altura maior que a altura do próprio corpo, acidentes ou por ferimentos traumáticos.
Dada à complexidade desse quadro, vamos explicar como acontece a hemorragia intracraniana, quais são as suas principais causas, sintomas e fatores de risco. Se você é médico plantonista em emergência, saiba qual a conduta mais indicada ao atender um paciente nessa situação. Acompanhe!
Quando suspeitar de hemorragia intracraniana?
Esse quadro ocorre mediante o rompimento de um vaso sanguíneo dentro do crânio. Após o rompimento, o sangue extravasa para as áreas adjacentes e pode causar edema. Em geral, essa condição resulta de traumas físicos, decorrentes de uma lesão intensa na cabeça, ou também por causas não-traumáticas, como a pressão alta, AVC Hemorrágico ou um aneurisma.
Os primeiros sintomas da hemorragia intracerebral podem variar entre tontura, visão embaçada, sinais que surgem acompanhados de cefaleia súbita e muito intensa. No entanto, em pacientes idosos, a cefaleia pode surgir de forma leve ou está ausente.
O profissional de Medicina deve estar atento às manifestações mais relevantes, conforme a idade e perfil clínico de cada paciente. Um dos sinais sugestivos desse quadro é a perda de consciência, que costuma surgir em questão de minutos.
Outros sintomas que também podem estar presentes, são:
- náuseas;
- vômitos;
- delírios;
- crises epilépticas generalizadas ou focais;
- fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
- dificuldade para falar;
- confusão.
Como tratar hemorragia intracraniana?
Listamos algumas práticas que ajudam a decidir a melhor conduta diante dessas circunstâncias. Observe quais são!
Medicamentos e conduta expectante
Em geral, se o sangramento é pequeno e não há indícios de manifestação clínica preocupante, o médico pode optar por observar a sua evolução. Nesse caso, o ideal é monitorar com exames periódicos por imagens e aguardar um certo tempo na expectativa do organismo reabsorver o coágulo.
Na maioria das vezes, o coágulo é reabsorvido de forma espontânea, sem a necessidade de intervenção médica. Enquanto observa a evolução da hemorragia intracerebral, o médico deve prescrever medicamentos para controle da dor de cabeça.
No entanto, se não houver a reabsorção do coágulo e o quadro passar para evolução com aumento do hematoma, é preciso optar pelo tratamento cirúrgico.
Como é a cirurgia para hemorragia intracraniana?
O tipo de cirurgia depende do local do coágulo. Se a lesão estiver localizada no espaço meníngeo, com o hematoma liquefeito, a cirurgia mais indicada é a trepanação com drenagem do líquido hemorrágico.
Porém, nos casos em que o hematoma se mantiver sólido, pode ser necessária uma craniotomia. Esse procedimento é feito com abertura maior do osso do crânio, a fim de acessar o local da lesão e extrair o coágulo sanguíneo
Vale frisar que esses procedimentos são bastante delicados e, por isso, a abordagem cirúrgica deve ser sempre avaliada por uma equipe especializada. Nos casos em que há evidência de que a hemorragia é volumosa, existe o risco do efeito compressivo parenquimatoso e com possível comprometimento do nível de consciência.


Como é o protocolo de cirurgia de emergência na hemorragia intracraniana?
Destacamos as orientações disponíveis no site do Canadian Stroke Best Pratices, em referência à conduta da hemorragia intracraniana decorrente do AVC hemorrágico, que pode ocorrer no cérebro.
Em geral, independentemente da causa, os protocolos de cirurgia são semelhantes. Observe como deve ser feito o manejo, conforme o fragmento extraído do artigo:
A drenagem ventricular externa (DVE) deve ser considerada em pacientes com nível de consciência reduzido e hidrocefalia devido a hemorragia intraventricular ou efeito de massa .
A evacuação cirúrgica não é recomendada se os sintomas forem estáveis e não houver sinais de hérnia.
Trombólise intraventricular para tratar hemorragia intraventricular espontânea com ou sem ICH associada geralmente não é recomendada. O tratamento pode reduzir o risco de morte, mas não aumenta as chances de sobrevivência sem incapacidade grave.
A intervenção cirúrgica aguda pode ser considerada em pacientes com hemorragias supratentoriais cirurgicamente acessíveis e sinais clínicos de herniação (por exemplo, diminuição dos níveis de consciência (LOC), alterações pupilares).
Há risco de sequelas?
Sim, pois o surgimento de sequelas pode variar conforme o tamanho, a localização e a área de comprometimento da hemorragia. Se havia alguma complicação antes do surgimento do quadro hemorrágico, o risco de sequelas aumenta.
Outra condição que exige atenção da equipe médica são quadros de hematomas subdurais: o quadro é compatível com compressão do cérebro, mas que pode ser revertido mediante a drenagem. Por meio do exame de imagem é possível avaliar o estado clínico do paciente e intervir para extrair a área do coágulo.
Epilepsia
Nos casos de edema em torno da lesão principal — resultantes da diminuição da barreira hematoencefálica — o risco de sequelas é provável. Em alguns casos, a equipe médica pode intervir realizando procedimentos como a craniectomia descompressiva precoce. Essa intervenção objetiva reduzir as chances de sequelas mais graves.
Risco de hemorragias fatais
Boa parte dos pacientes pode apresentar o risco de grandes hemorragias fatais, que surgem em poucos dias. No entanto, nos sobreviventes, o processo de recuperação da consciência depende do nível de comprometimento cerebral.
Para reduzir esses impactos sobre o sistema cognitivo do paciente, o ideal é antecipar as intervenções. Quando os pacientes são atendidos precocemente, os déficits neurológicos podem diminuir gradativamente.
Vale frisar, ainda, que em certas condições hemorrágicas — como traumas menores — a maioria dos pacientes tem poucos problemas neurológicos. Quanto menor a hemorragia, menos destrutiva e, por conseguinte, maiores as chances de reversão do coágulo.
Como é feito o diagnóstico?
Além dos sinais clínicos que evidenciam a hemorragia, o diagnóstico é feito pelos exames de imagens: tomografia e angiografia cerebral são os mais indicados.
Igualmente relevante é a coleta de informações sobre o histórico clínico do paciente. Tanto o perfil clínico anterior como o estado de saúde imediatamente antes ao episódio hemorrágico devem ser criteriosamente avaliados.
Por fim, vale destacar, que a hemorragia intracraniana se caracteriza por um quadro crítico, mas que é passível de reversão. Para amenizar os efeitos mais graves dessa condição, o ideal é seguir os protocolos na emergência e antecipar as condutas o mais rápido possível.
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