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Gestação tardia: quais os riscos, tratamentos e tecnologias disponíveis?

Gestação tardia: tudo o que você precisa saber sobre os riscos, os tratamentos e as tecnologias disponíveis!

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Entre os benefícios dos avanços na Medicina, destaca-se a possibilidade que muitas mulheres têm hoje de realizar o sonho da gestação tardia, inclusive após a menopausa. No entanto, apesar das melhorias nas condições de saúde, a gravidez após os 35 anos ainda é considerada de risco.

Diante desse cenário, vamos abordar os aspectos mais relevantes sobre os riscos da gestação tardia. Explore as principais características, desafios e particularidades que envolvem uma gravidez nessa fase da vida. Boa leitura!

O que é uma gestação tardia?

Conceitualmente, a maternidade tardia é considerada quando a mulher tem mais de 35 anos de idade. Já o termo prematuridade se aplica a nascimentos ocorridos entre 22 e 36 semanas gestacionais.

Por isso, as mulheres que decidem engravidar após os 35 anos devem ser orientadas sobre os riscos associados a essa condição. É importante ressaltar que a gestação tardia envolve diferentes contextos, relacionados a fatores biopsicossociais e patológicos, que podem aumentar os riscos.

Atualmente, muitas mulheres optam por ter filhos mais tarde, um reflexo de importantes mudanças sociais, como o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, o planejamento focado em estabilidade financeira, e a disponibilidade crescente de métodos contraceptivos seguros.

Quais as diferenças para uma gravidez normal?

Os riscos inerentes à gestação dependem de diversos fatores, especialmente do histórico clínico da mulher. Embora não exista uma idade ideal para a gestação, a maioria das mulheres se torna mãe antes dos 30 anos.

Problemas relacionados à gestação podem surgir independentemente da idade da gestante. Contudo, a maioria desses problemas tende a se manifestar com maior frequência em mulheres que optam por engravidar mais tardiamente, seja de forma natural ou por meio de técnicas de reprodução assistida.

Dados de um estudo da Fiocruz destacaram os fatores de riscos mais prevalentes na relação idade materna e gestação. Observe:

  • de 20 a 30 anos, a mulher tem risco de 10% a 17%;
  • de 31 a 35 anos, o risco é de 20%;
  • de 36 a 40 anos, o risco é de 40%;
  • de 41 a 45 anos, aumenta para 80%.

Além disso, alguns fatores podem exacerbar esses problemas, tais como:

  • tabagismo;
  • consumo de álcool e drogas;
  • uso de cafeína;
  • baixo índice de folato;
  • extremos de peso: IMC <18 ou >35.

Quais os riscos e particularidades da gestação tardia?

Destacamos os riscos potenciais de uma gravidez tardia. As referências para os dados aqui mencionados foram extraídas do Manual de Gravidez de Alto Risco, da Fiocruz. Veja quais são.

Gravidez ectópica

Esse quadro é caracterizado pela implantação e desenvolvimento do feto fora da cavidade uterina. Quando isso ocorre, a localização mais comum é a gravidez tubária, representando cerca de 90% a 95% dos casos, conforme a referência mencionada.

No entanto, a gestação ectópica pode ocorrer em outros locais próximos ao útero. Além das tubas, as localizações mais comuns incluem o colo do útero, a porção intersticial da tuba, o ovário e a cavidade abdominal.

Embora a incidência desse tipo de gestação seja baixa, entre 1% e 2%, ela exige atenção e cuidado, pois é considerada a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre da gravidez. Até o momento, não há uma causa determinada para essa condição.

Tratamento

Por meio de um check-up regular com as equipes de Ginecologia e Obstetrícia é possível o fazer o diagnóstico correto e minimizar os riscos da gravidez ectópica. O ideal é que tanto o diagnóstico quanto as intervenções terapêuticas sejam feitos o mais precocemente possível. Hoje, as tecnologias disponíveis na Medicina permitem o uso de métodos não invasivos e mais eficazes.

Entre as intervenções cirúrgicas, destacam-se a salpingectomia e a salpingostomia por via laparoscópica, especialmente em casos de gestação tardia. De modo geral, a cirurgia é o tratamento padrão para a gravidez ectópica. Quando combinada com o uso de medicamentos específicos, a gestante submetida a esses procedimentos pode alcançar bons resultados.

Parto prematuro

Diversas pesquisas médico-científicas comprovam a relação entre prematuridade e maternidade tardia. Os dados indicam que a presença de certas comorbidades exacerba os riscos de parto prematuro, destacando-se entre elas a pré-eclâmpsia, a hipertensão gestacional e o excesso de peso.

Os estudos demonstram que a ocorrência de partos prematuros em mulheres que optam por gestações tardias está frequentemente associada a uma maior propensão ao desenvolvimento dessas condições clínicas. Como resultado, as gestantes tornam-se mais vulneráveis a riscos metabólicos e imunológicos.

Prevenção

A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a prevenção da prematuridade comece assim que a mulher decidir ter filhos. Isso significa que o planejamento deve ser iniciado antes mesmo da gestação, com ênfase no acompanhamento pré-natal adequado.

Essas recomendações são importantes em qualquer idade, mas são especialmente cruciais para mulheres que optam pela gestação tardia. A atenção ao pré-natal e o suporte à saúde mental desempenham um papel fundamental na redução dos riscos associados ao bebê prematuro.

Portanto, a melhor forma de prevenir complicações e garantir um parto seguro é seguir orientações focadas em educação preventiva. Um parto planejado, de qualidade e humanizado reduz os impactos tanto para a saúde da mulher quanto para a do recém-nascido.

Maior frequência de náuseas e vômitos

Durante a gravidez, episódios de náuseas e vômitos são comuns e podem afetar a saúde da gestante e do feto. Embora esses sintomas sejam frequentes, é importante controlá-los para minimizar os impactos que podem ter na gestação.

Esse quadro pode comprometer ainda mais a qualidade de vida da gestante, especialmente em gestações tardias, onde as ocorrências tendem a ser mais frequentes. Apesar de serem considerados parte da fisiologia normal da gravidez, especialmente no primeiro trimestre, o ideal é que a mulher mantenha um acompanhamento médico regular para o controle desses sintomas.

A hiperêmese gravídica, uma forma mais grave de náuseas e vômitos na gravidez, merece atenção especial. Este é um dos temas frequentemente abordados em provas de Residência Médica. Embora a origem do problema ainda não seja totalmente compreendida, as causas hormonais são as hipóteses mais prováveis apontadas pelos critérios atuais.

Manejo

O controle dos sintomas de náuseas e vômitos durante a gravidez pode ser alcançado com a adoção de algumas práticas simples. Uma das mais recomendadas é fazer refeições em intervalos mais curtos, idealmente a cada uma ou duas horas. Também é importante reduzir o consumo de alimentos picantes ou gordurosos, que podem exacerbar os sintomas.

Reestruturar os hábitos alimentares é outra estratégia eficaz. A inclusão de uma maior quantidade de vegetais nas refeições pode fazer uma grande diferença. Legumes como repolho, brócolis e couve-manteiga ajudam a reduzir a acidez estomacal e melhoram as funções hepáticas, o que, por sua vez, pode diminuir os episódios de náuseas.

Pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é uma das temáticas mais discutidas na graduação em Medicina caracterizando-se por um aumento súbito dos níveis de pressão arterial. Essa condição pode ser diagnosticada como hipertensão arterial ou como uma piora da hipertensão já existente.

Geralmente, a pré-eclâmpsia surge após a 20ª semana de gestação, sendo suas causas associadas ao excesso de proteína na urina.

Essa condição requer intervenção emergencial devido ao risco de parto prematuro, causado pelo desprendimento da placenta. Se não for controlada, a pré-eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia, resultando em graves complicações, incluindo a morte da mãe e do bebê.

Manejo

Devido ao alto risco de complicações associado à pré-eclâmpsia, o tratamento geralmente requer internação hospitalar. O manejo inclui a administração de medicamentos para reduzir e controlar a hipertensão arterial.

Em casos mais graves, o uso de sulfato de magnésio pode ser necessário. Esse medicamento é eficaz no controle das convulsões que podem ocorrer com a evolução para a eclâmpsia. Em algumas situações, a equipe médica pode avaliar os riscos e optar pelo parto prematuro por meio de cesariana, se necessário, para proteger a saúde da mãe e do bebê.

Aborto espontâneo

Por definição, o aborto espontâneo é a interrupção de uma gestação intrauterina antes das 20-22 semanas de gestação, ou quando o peso fetal é inferior a 500 g. Esse tipo de aborto é considerado precoce, ou de primeiro trimestre, quando ocorre até 12 semanas e 6 dias de gestação.

De acordo com o Manual da Fiocruz, o aborto é a complicação gestacional mais comum. A perda gestacional em mulheres com teste urinário positivo varia de 12% a 24%. No entanto, evidências sugerem que a taxa real de aborto é significativamente mais alta, devido às perdas que ocorrem antes de a gravidez ser detectada.

Manejo

O manejo do abortamento evoluiu significativamente nas últimas décadas. Anteriormente, as intervenções eram predominantemente baseadas em cirurgia de urgência. Hoje, o tratamento é mais individualizado, respeitando as escolhas da paciente.

Dependendo dos sintomas e da situação clínica, pode-se optar pela conduta expectante, que permite que o processo de aborto ocorra naturalmente. Outras opções incluem o uso de medicamentos para induzir o aborto e intervenções cirúrgicas, quando necessário. Essas abordagens modernas visam oferecer uma abordagem mais adaptada às necessidades e preferências da paciente, promovendo melhores resultados.

E qual a importância do pré-natal?

O pré-natal é uma medida essencial para a prevenção de muitas comorbidades que podem surgir durante a gravidez. Ele é uma ferramenta fundamental para o sistema de saúde na promoção da saúde gestacional e na prevenção de complicações.

Para que o pré-natal seja eficaz, deve-se garantir um atendimento qualificado, humanizado e eficiente, com foco na gestão dos riscos gestacionais. A integração das equipes multiprofissionais é crucial para alcançar essas metas e oferecer uma atenção qualificada.

Os profissionais envolvidos devem estar cientes da importância de sua atuação na redução das complicações gestacionais evitáveis. A combinação de conhecimento técnico específico com compromisso ético resulta em melhores resultados para as gestantes.

O rápido avanço das ferramentas tecnológicas permite que o monitoramento de condições clínicas seja realizado até por equipes de telessaúde, ampliando o suporte e otimizando o atendimento.

O uso de equipamentos médicos modernos, incluindo robótica e Inteligência Artificial, possibilita diagnósticos mais precoces. Além disso, a tecnologia é relevante para a detecção de condições como a síndrome de Down, especialmente em gestações tardias.

Estratificação de risco

Vale destacar a importância da estratificação de risco gestacional, uma das metas mais valiosas da assistência pré-natal. Esse conceito prevê que, nas unidades de saúde, cada gestante receba o cuidado necessário de acordo com suas necessidades individuais.

A estratificação de risco visa identificar, o mais cedo possível, quais mulheres têm maior probabilidade de enfrentar problemas de saúde durante a gestação. Essas projeções ajudam a direcionar os recursos de maneira mais eficiente, promovendo a padronização do cuidado e a melhoria da assistência tanto para a mulher quanto para o bebê.

Assistência multiprofissional

A meta da OMS é que a identificação de risco gestacional comece desde a primeira consulta de pré-natal, englobando todos os níveis de organização de saúde. Para alcançar essa meta, é fundamental que os profissionais e suas equipes atuem de maneira integrada, dinâmica e contínua.

Incentivar a continuidade do pré-natal é uma parte crucial desse processo. Apenas com um monitoramento constante é possível avaliar a evolução dos cuidados e a efetividade das ações implementadas.

No Brasil, mesmo nos municípios com menos recursos econômicos, há um esforço para priorizar o cuidado pré-natal. Este trabalho deve ser abrangente, incluindo consultas médicas, de enfermagem e visitas domiciliares. O objetivo é reduzir problemas comuns na infância, como doenças da visão e da audição, promovendo um acompanhamento mais eficaz desde os primeiros momentos de vida.

Como é a segurança e a saúde da mãe e do bebê na gestação tardia?

Por fim, é crucial considerar os impactos da gestação tardia na saúde da mulher e do bebê. Incentivar a educação preventiva é essencial para minimizar os efeitos do envelhecimento sobre a fisiologia do organismo durante a gestação tardia.

Em resumo, o óvulo de uma mulher de 40 anos foi armazenado em seu ovário por 40 anos e, durante esse tempo, sofreu os efeitos das condições de vida que ela experimentou. Fatores como doenças, uso de medicamentos, estresse, poluição e estilo de vida têm um impacto significativo.

Portanto, a segurança e a saúde da mulher e do bebê dependem da avaliação desses fatores antes de optar pela gestação tardia. Os riscos são geralmente proporcionais à idade da mulher: quanto mais velha, maiores as chances de complicações gestacionais. Nesse contexto, a palavra-chave é o pré-natal, combinado com medidas preventivas eficazes.

A gestação tardia pode ser saudável, desde que as orientações dos órgãos de saúde sejam seguidas. Com a educação preventiva, é possível reduzir os impactos das doenças associadas a essa fase gestacional e promover mais saúde e bem-estar.

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