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Por que o NHS do Reino Unido está copiando a Estratégia Saúde da Família (ESF) do SUS

Se você ainda não conhece esse braço inovador da Atenção Primária à Saúde no Brasil, está na hora de descobrir. Boa leitura!

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O sistema de saúde britânico (NHS) enfrenta uma grave crise: 7,2 milhões de pacientes aguardam tratamentos não urgentes, incluindo cirurgias cardíacas e oncológicas – 400 mil estão na fila há mais de um ano. Essa situação levou à maior greve em 75 anos do NHS, com milhares de profissionais paralisando serviços em protesto por melhores salários e condições de trabalho.  

Sem falar que, para pessoas trans, o acesso a qualquer tratamento pode ser tornar ainda mais difícil daqui para frente. Isso porque a Suprema Corte decidiu recentemente que a definição legal de mulher é baseada no sexo biológico.

Há décadas, o NHS serviu de inspiração para a criação do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), onde hoje existem ambulatórios exclusivos para que essa população seja atendida em sua integridade. Agora, os papéis se inverteram, e foi um jornal britânico que cantou essa bola.

Em abril, o The Telegraph publicou uma matéria falando sobre como a Estratégia Saúde da Família (ESF) pode ser a corda salva-vidas que o Reino Unido precisa. Mas a verdade é que esse modelo foi importado há mais tempo, e já existem vários resultados positivos.

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Como funciona a Estratégia Saúde da Família (ESF)

Baseada em equipes multiprofissionais, a ESF é o alicerce da Atenção Primária no SUS, oferecendo cuidado integral e personalizado conforme as necessidades locais. Seu modelo, focado na prevenção e na proximidade com as comunidades, reorganiza a saúde pública de forma eficiente e acessível.

Com mais de 49 mil equipes cobrindo 79% da população, a Estratégia reduz o número de hospitalizações, com excelente custo-benefício. Afinal, durante as visitas domiciliares, os agentes podem, por exemplo:

  • Orientar os pacientes sobre o calendário de vacinação;
  • Monitorar doenças crônicas, como hipertensão e diabetes;
  • Cuidar de feridas;
  • Verificar se estão tomando seus medicamentos corretamente.

Tudo isso faz parte da Atenção Primária, que é considerada pelo Ministério da Saúde como a porta de entrada do SUS. Quando lembramos que é nessa esfera que se encontra a maior parte dos problemas da população, esse modelo se torna ainda mais valioso para o nosso país.  

Equipes previstas na PNAB e suas conquistas

Entre as equipes diversificadas previstas na PNAB estão: saúde bucal, equipes ribeirinhas, Consultório na Rua e atenção prisional. Ao todo, são 270 mil agentes comunitários do SUS trabalhando de forma holística por meio de visitas mensais a cada uma das 150 famílias sob sua responsabilidade.

Desde a implementação, a Estratégia contribuiu, por exemplo, para uma redução de 34% nas mortes por doenças cardiovasculares. Tal conquista somente foi possível devido à sua capilaridade e capacidade de adaptação a diferentes realidades territoriais e populacionais, oferecendo cuidado contínuo e personalizado.

Objetivos e diretrizes da Estratégia de Saúde da Família

Seu objetivo central é ampliar a cobertura da Atenção Primária à Saúde (APS), priorizando regiões e populações em situação de vulnerabilidade. No interior do Brasil e pelas comunidades periféricas dos grandes centros urbanos, a ESF busca garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde por meio de um atendimento humanizado.

Entre as suas diretrizes está o fortalecimento da regulação do SUS, promovendo a coordenação do cuidado e a organização dos fluxos de atenção. Além disso, a estratégia incentiva a participação social e a escuta ativa da comunidade, estimulando o vínculo entre equipes de saúde e população para uma gestão mais democrática e eficiente.

Quais conquistas a ESF já trouxe para o Reino Unido?

A adaptação da Estratégia Saúde da Família (ESF) ao sistema britânico teve como principal articulador Matthew Harris, especialista em saúde pública do Imperial College London. Após passar por uma experiência de quatro anos atuando como clínico-geral em Pernambuco, Harris reconheceu o potencial do modelo e liderou sua implementação preliminar no Reino Unido.

Esse processo foi acelerado pela urgência sanitária durante a pandemia de Covid-19. Não à toa, os primeiros dados, processados pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido, comprovaram que a eficácia da abordagem é referente à vacinação: em áreas com visitas domiciliares a adesão foi 47% maior.

Outra vitória foi o aumento do rastreamento de câncer em 82% em comparação com regiões não atendidas por equipes similares à ESF. Tais resultados evidenciam como soluções simples e intrinsecamente humanas, como o vínculo comunitário e a proximidade dos serviços, podem transformar indicadores de saúde pública.

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