Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado: conheça as principais
Quer saber o que deve ser feito para que as doenças relacionadas ao saneamento básico sejam erradicadas? Leia este post!

O saneamento básico no Brasil ainda enfrenta sérias deficiências estruturais e institucionais, apesar de avanços pontuais nos últimos anos. Atualmente, apenas parte da população tem algum nível de acesso a esses serviços públicos, considerando abastecimento de água, coleta de lixo e tratamento de esgoto. Quando observados isoladamente, os indicadores revelam um cenário desigual.
As disparidades são mais acentuadas nas regiões Norte e Nordeste, que concentram os maiores déficits de infraestrutura, sobretudo em áreas rurais e periferias urbanas. O acesso à água tratada chega à maioria da população, enquanto a coleta de esgoto abrange apenas metade dos brasileiros. Neste post, vamos abordar as principais doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado.
Quer descobrir o que ainda precisa evoluir para que essas doenças sejam erradicadas? Prossiga.
Como está o saneamento básico no Brasil?
As consequências da ausência de saneamento adequado são evidentes na saúde pública. Doenças de veiculação hídrica, como diarreias e infecções gastrointestinais, continuam a afetar milhões de brasileiros. Nos últimos anos, ocorreram milhares de internações e óbitos evitáveis. Isso demonstra que a falta de investimento sobrecarrega o sistema de saúde pública e perpetua desigualdades sociais.
Em resposta a esse cenário, o Novo Marco Legal do Saneamento, Lei nº 14.026/2020, estabeleceu metas ambiciosas: garantir 99% de abastecimento de água potável e 90% de cobertura de coleta e tratamento de esgoto até o ano de 2033. Para atingir esses objetivos, o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) estima a necessidade de investimentos superiores a R$ 350 bilhões.
Contudo, os desafios são inúmeros. Há municípios brasileiros que ainda operam em situação irregular frente às exigências legais. Além disso, a baixa capacidade técnica, aliada à fragmentação da governança setorial, dificulta a implementação eficiente das políticas públicas. Portanto, embora o Brasil disponha de normas e metas definidas, a efetivação dessas diretrizes exige esforço coordenado entre União, estados, municípios e setor privado.
Quais são as principais doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado?
O saneamento precário, caracterizado pela falta de água potável, coleta e tratamento de esgoto, manejo incorreto de resíduos sólidos e ausência de drenagem urbana, contribui diretamente para a disseminação das Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), que incluem diversas enfermidades infecciosas e parasitárias. A seguir, confira as condições mais comuns nesse contexto!
Diarreia infecciosa
Início súbito de evacuações líquidas ou amolecidas, com ou sem sangue ou muco, podendo ser acompanhadas de febre, náuseas, vômitos, dor abdominal e desidratação, são as manifestações clínicas da diarreia. Entre os fatores de risco estão a ingestão de água imprópria para consumo, a má higienização ou o preparo inadequado dos alimentos, o contato com superfícies contaminadas e a falta de cuidados com a higiene pessoal e ambiental
O tratamento requer reposição oral ou venosa de líquidos e eletrólitos. Também é indicado o uso de antibióticos em casos bacterianos específicos, por exemplo, ciprofloxacino ou azitromicina para E. coli enterotoxigênica. Os médicos indicam, ainda, a suplementação de zinco, especialmente em crianças.
Hepatite A
As manifestações clínicas da Hepatite A são febre, fadiga, náuseas, dor abdominal, icterícia, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Os seus fatores de risco incluem consumo de água e alimentos contaminados com fezes, má higiene das mãos e saneamento precário em áreas endêmicas.
Não há tratamento antiviral específico, motivo pelo qual os médicos indicam repouso, hidratação e dieta leve. O autocuidado e a vacinação preventiva são eficazes.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença que causa febre alta, dores musculares, notadamente nas panturrilhas, cefaleia, náuseas, icterícia e conjuntivite. Ela pode evoluir para formas graves com insuficiência renal, hemorragias e meningite.
Geralmente é transmitida quando o paciente entra em contato com água ou lama contaminada por urina de roedores, enchentes e alagamentos urbanos, ou reside em moradias próximas a córregos sem tratamento.
A cura envolve o uso de antibióticos como penicilina G, doxiciclina ou ceftriaxona nas fases iniciais, além de suporte hospitalar em casos graves, incluindo hemodiálise e cuidados intensivos.
Esquistossomose
Na forma aguda, as manifestações clínicas incluem febre, calafrios, tosse, dor abdominal e diarreia. Em sua forma crônica, ocorre o aumento do fígado e baço, ascite e sangramentos digestivos.
A esquistossomose surge pela falta de tratamento de esgoto, presença de caramujos vetores ou contato com água doce contaminada com larvas. Os médicos tratam a doença com Praziquantel, em dose única.


O que ainda precisa evoluir no país para que essas doenças sejam erradicadas?
Para erradicar ou ao menos controlar de forma eficaz as doenças associadas ao saneamento ambiental precário, o Brasil precisa avançar em três eixos fundamentais: infraestrutura, governança e educação sanitária. Veja a seguir os principais passos a serem dados nesse sentido!
Universalização da infraestrutura de saneamento
Apesar dos avanços normativos com o Novo Marco Legal do Saneamento, o país ainda apresenta déficits significativos. A erradicação dessas doenças depende da ampliação massiva da cobertura de água potável, esgoto sanitário, drenagem urbana e gestão de resíduos sólidos, com foco especial no interior, periferias e comunidades tradicionais.
Fortalecimento da gestão e da regulação
É necessário fortalecer a capacidade técnica e administrativa dos municípios e dos consórcios intermunicipais, além de garantir regulação efetiva por parte das agências reguladoras estaduais. Muitos entes locais não têm estrutura para formular, executar ou fiscalizar políticas de saneamento. A governança deve ser pautada pela cooperação federativa, cumprimento de metas, fiscalização do setor privado e transparência na execução dos contratos.
Educação sanitária e mobilização comunitária
As doenças de veiculação hídrica e as parasitoses não são apenas fruto da ausência de infraestrutura, mas também da falta de hábitos de higiene pessoal e coletiva. Investir em educação ambiental e sanitária nas escolas, comunidades e serviços de saúde é crucial para quebrar o ciclo de contaminação.
A mudança de comportamento individual e coletivo, aliada ao acesso a serviços adequados, é determinante para o controle definitivo dessas enfermidades. A superação das desigualdades regionais e a melhoria da regulação são fatores importantes para transformar o saneamento em uma política pública efetiva e inclusiva, com impactos diretos na saúde, no meio ambiente e na dignidade da população.
Integração com políticas de saúde e habitação
O enfrentamento dessas doenças também exige integração com outras políticas públicas, especialmente saúde básica, vigilância epidemiológica, habitação e urbanização de assentamentos precários. Estratégias como o Programa Saúde da Família, ações de vacinação, controle de vetores e urbanização integrada de favelas contribuem para reduzir a exposição aos riscos ambientais.
Agora você já sabe quais são as principais doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado. Para erradicá-las, o Brasil precisa ir além da obra física: é preciso planejamento sistêmico, coordenação entre esferas de governo, mobilização social e investimentos sustentáveis e contínuos. O saneamento é, ao mesmo tempo, um direito humano, um dever estatal e um vetor estratégico para o desenvolvimento sustentável.
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