COVID-19 e os desafios para o futuro da Medicina
A OMS criou uma nova categoria para casos de "Covid Longa" e é melhor você conhecer desde já os desafios que o aguardam no futuro.
No último mês, a Fiocruz Minas publicou um estudo em que 50% dos pacientes apresentou sintomas pós-infecção pelo novo coronavírus, que têm sido classificados como “Covid Longa” pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Este, porém, não foi o primeiro e com certeza não será a última pesquisa relacionada às possíveis sequelas que a doença pode causar em sobreviventes.
Entre 2020 e 2021, ou seja, do início da pandemia no Brasil até seus piores índices em quantidade de casos, houve um aumento de 22% do número de mortes por infarto em jovens. Tal levantamento foi feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e lançou um alerta sobre o grau das lesões causadas pelo coronavírus nas células do miocárdio.
Outras questões quanto a prejuízos neurológicos também têm sido investigadas. Mas, embora seja preocupante, nosso objetivo com este artigo é, na verdade, mostrar como a tecnologia e a ciência são fundamentais para os avanços na área da Saúde. Vale lembrar que, foi por meio de muitas pesquisas em laboratório que os testes para detecção do vírus e a própria vacina foram desenvolvidos.
Além disso, como pré-vestibulandos e estudantes de Medicina, melhor conhecer os desafios que os aguardam no futuro desde já, não é mesmo? Pois bem! Nas próximas linhas, você vai se inteirar mais do que médicos e médicas têm enfrentado cotidianamente em relação à COVID-19.
Sintomas no pós-alta de COVID-19
Separamos os sintomas em três grupos com características distintas. Aqueles que têm sido mais recorrentes, principalmente em pacientes que evoluíram para quadros mais graves da doença e precisaram de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os que têm aparecido com menor frequência e, por fim, outros que foram relatados de forma isolada.
Mais comuns:
- Fadiga, cansaço, fraqueza, mal-estar;
- Falta de ar (ou dificuldade para respirar, respiração curta);
- Perda de paladar e olfato (temporária ou duradoura);
- Dores de cabeça;
- Dores e/ou fraqueza musculares;
- Dificuldades de linguagem, raciocínio/concentração e memória;
- Distúrbios do sono (insônia).
Menos comuns:
- Dor no peito, palpitações e hipertensão;
- Tontura;
- Bexiga neurogênica (dificuldade de urinar de forma espontânea);
- Queda de cabelo;
- Diarreia, dores abdominais, náusea e apetite reduzido.
Raros:
- Impotência sexual ou perda de libido;
- Alucinações e delírios;
- Convulsões e inflamação de nervos;
- Zumbido e dores de ouvido;
- Dores de garganta, febre e erupções cutâneas;
Doenças causadas pela COVID-19
Pessoas imunossuprimidas ou com demais condições preexistentes receberam a vacinação de forma prioritária após o início das campanhas e, hoje, já podemos ver que este procedimento salvou vidas. Estudos mostraram uma piora no quadro do diabetes de quem foi infectado pelo coronavírus, tornando o controle do nível de açúcar no sangue mais difícil.
Outras pessoas desenvolveram doenças novas após enfrentarem a COVID-19. Veja quais têm sido reportadas abaixo.
Trombose arterial e/ou venosa
As artérias são responsáveis pelo transporte de sangue oxigenado para os tecidos enquanto as veias levam-no de volta aos pulmões para um novo ciclo de oxigenação. Em geral, as obstruções destes caminhos são uma consequência do acúmulo de colesterol em suas paredes e, quando acontecem, podem causar derrames, infartos do miocárdio, entre outros problemas graves.
Porém, a maior incidência de trombose em pacientes que sofreram de COVID-19 é resultado do aumento da produção de citocina pelo organismo. Esta proteína acelera o processo de coagulação do sangue, desencadeando obstruções.
Pericardite e Miocardite
Miocardite é o nome dado à inflamação do músculo cardíaco. Já a pericardite refere-se à inflamação do tecido que envolve o coração. Via de regra, tais condições são causadas por infecções virais, como a COVID-19.
Acredita-se que 7% dos óbitos pela doença tenham sido devido à miocardite, como complicação adicional. No entanto, há uma grande preocupação também em relação às pessoas que estão curadas e talvez desenvolvam pericardite no futuro.
Fibrose pulmonar e Bronquiolite Obliterante
Caracterizadas pela cicatrização do tecido e pela incapacidade de as células pulmonares recuperarem-se após a infecção e possível inflamação do órgão, respectivamente. Ambas são doenças crônicas que podem ser desenvolvidas depois de um paciente já ter se curado da síndrome respiratória aguda grave, pois o principal alvo deste agente são os pulmões.
Fibrose renal
Esta complicação decorre da fragilização do sistema imunológico do paciente infectado pelo coronavírus. Isso porque células inflamatórias também podem acometer os rins, gerando um processo de cicatrização dos tecidos destes órgãos.
Na prática, as consequências podem ser insuficiência real em vários níveis até ser necessário que a filtragem do sangue seja feita por meio de diálise. Segundo uma publicação do Clinical Journal, quase 50% dos pacientes com lesão renal durante a internação ainda apresentavam alguma disfunção no momento da alta hospitalar.
Ansiedade e depressão
Por fim, há também complicações vinculadas à saúde mental. Em muitos casos, o acúmulo de estresse pós-traumático e a permanência de um estado de alerta em relação à infecção pela doença causam desequilíbrios psíquicos, que podem afetar tanto a cognição da pessoa quanto seu comportamento diante da vida.
Um estudo apontou um elevado índice de ansiedade entre pessoas que se recuperaram de quadros moderados e graves de COVID-19. Mais da metade também relatou uma pior capacidade de memória pós-infecção e cerca de 3% foi diagnosticado com depressão.
Reabilitação e desafios para a Medicina
Atualmente, a maior parte das complicações pode ser resolvida por meio de procedimentos cirúrgicos e assistência médica. Além da COVID-19 em si, a própria internação é capaz de trazer prejuízos à mobilidade e à circulação do paciente, entre outros problemas. Logo, métodos de reabilitação precisam estar disponíveis para todos que foram infectados pelo vírus.
Por outro lado, também existem sequelas que hoje são consideradas permanentes. E este é o principal desafio para a Medicina: fazer com que tais questões sejam em breve passíveis de cura, para que os indivíduos afetados possam voltar a usufruir de um bem-estar pleno.
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