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Anamnese médica: o que é e como deve ser feita

Queixa principal, história da doença, hábitos de vida... são apenas alguns aspectos que devem ser abordados em uma anamnese médica. Descubra quais são os outros!

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Se você acha que o maior desafio da faculdade de Medicina é aprender conceitos e técnicas, precisamos conversar sobre anamnese médica. Afinal, o que adianta buscar todo conhecimento do mundo se não tiver habilidade com o paciente?

Sim, o contato com ele é crucial para prestar uma boa assistência em saúde. Nesse sentido, o momento da consulta requer uma escuta qualificada por parte do profissional que, ao mesmo tempo que recebe informações, precisa guiar o atendimento.

Por esse motivo, a anamnese médica se mostra bastante desafiadora para os acadêmicos, sobretudo aqueles que estão apenas no início da jornada. Por isso, preparamos uma série de dicas que vão te ajudar nesse momento!

Entenda a importância de um bom atendimento

Foi-se o tempo em que as doenças guiavam a prática médica. Cada vez mais, vemos uma abordagem humanizada, centrada na pessoa, de modo que suas particularidades biológicas e psicossociais se sobressaem na assistência. Por isso, é tão importante fazer um bom atendimento.

Estabelecer um vínculo

Por quantos médicos você já passou na vida? A resposta para essa pergunta pode variar bastante, principalmente quando o paciente é uma pessoa mais velha. De fato, dificilmente um único profissional vai te acompanhar durante toda a vida. E como isso afeta na assistência?

De certa forma, a variedade de profissionais que prestam atendimento pode influenciar na relação médico-paciente. Assim, é preciso que a anamnese seja um momento para criar e fortalecer o vínculo entre ambas as partes.

Para tanto, é fundamental que o médico preze pelo respeito, empatia e escuta, a fim de compreender melhor sobre seus pacientes.

Compreender o paciente

Falando em compreensão, perceba que não estamos mencionando a doença em si. Uma pessoa que se queixa de insônia, por exemplo, pode apresentar muito mais que a simples dificuldade para dormir. Em outros tempos, a melhor solução prática seria prescrever um medicamento.

Contudo, será que o mais prático é o melhor para o paciente? Neste caso, não. Um médico que não se preocupa em entender a origem do problema e foca apenas no tratamento de sintomas pode estar prestando uma assistência aquém da ideal.

Então, um bom atendimento permite que você identifique problemas que o próprio paciente pode não ter a percepção. Além disso, direciona para condutas mais efetivas a curto e a longo prazo.

Prestar uma boa assistência

Por fim, chegamos ao objetivo final do bom atendimento: uma boa assistência em saúde. Transferir o paciente para o centro do cuidado e aumentar a autonomia de cada indivíduo no próprio tratamento pode provocar mudanças positivas no cuidado.

Embora o resultado de um bom atendimento já esteja claro, é preciso entender melhor como é possível colocá-lo em prática. Nessa perspectiva, vemos qual o papel da anamnese médica.

Saiba o que é anamnese médica

A anamnese é o momento da consulta em que o paciente revela as condições que o levaram até ali. Para direcionar o atendimento, existem alguns modelos semi-estruturados que vão auxiliar o médico a conduzir melhor sua consulta.

Apesar de existir tais modelos, é uma habilidade que precisa ser praticada constantemente. Além das particularidades de cada paciente, os próprios profissionais desenvolvem suas competências ao longo do tempo e adquirem sua identidade como “entrevistador”.

No mais, um dos grandes desafios da graduação é justamente vencer os medos que permeiam a anamnese. Então, faça um escopo de abordagens essenciais e procure adaptar para cada consulta conforme as particularidades de cada uma.

Veja como fazer a anamnese ideal

Por fim, vamos te dar algumas dicas sobre o que não pode faltar na sua consulta!

Identifique o paciente

O primeiro ponto é a identificação do paciente. Nome, sexo e idade são informações básicas. Contudo, não deixe de perguntar sobre a naturalidade e profissão do indivíduo. Tudo isso pode ser relevante e fazer parte dos aspectos de saúde daquele paciente.

Vamos a um exemplo: se uma pessoa de 60 anos atuar como faxineira e se queixar de dor nas costas, seria suficiente apenas prescrever um medicamento para dor? Bem, é apenas uma situação que a ocupação pode ser determinante.

Entenda a história da condição

Geralmente, a maioria das consultas são marcadas por uma queixa principal. Então, logo no início, é preciso identificar qual é essa demanda e destrinchar detalhes dela, como:

  • tempo de evolução;
  • sintomas associados;
  • fatores de melhora ou piora;
  • tratamentos já realizados.

Busque informações do passado

Por mais que existam demandas agudas em cada consulta, conhecer o passado do paciente é essencial para uma abordagem completa. Questionar acerca de cirurgias e internações prévias, bem como possíveis alergias, podem ser determinantes no cuidado.

Complementando, busque ampliar seu olhar: questione também o histórico de saúde dos membros da família. Algumas doenças apresentam a genética como um fator de risco e, por isso, é necessário avaliar a saúde dos parentes — principalmente de 1º grau.

Conheça o contexto social

Não é só o aspecto biológico que vai guiar a avaliação médica: os psicossociais também vão. Será que realmente é importante perguntar sobre o ambiente em que a pessoa vive? Ou será que falta de saneamento básico, por exemplo, em nada influencia?

Na verdade, existem alguns detalhes de hábitos de vida e de história social que fazem toda a diferença. Nessa perspectiva, deve-se questionar sobre consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, prática de atividades físicas, dentre outros.

Defina suas hipóteses e condutas

Após essa extensa avaliação, chegou o momento de elencar hipóteses diagnósticas e, na sequência, definir condutas terapêuticas. Com o passar do tempo, você vai aprender como fazer uma anamnese cada vez mais direcionada para solução das demandas.

Vale ressaltar que é importante ter um senso crítico sobre o que o paciente ressalta como queixa. Às vezes, só retrata a ponta do iceberg e o profissional precisa fazer uma abordagem bem mais complexa.

Vimos, neste artigo, alguns aspectos essenciais da anamnese médica. Não se esqueça que ela não é a única etapa da consulta, devendo ser completada pelo exame físico e, ainda, passar orientações claras e objetivas para o paciente. Tão importante quanto a escuta qualificada é a paciência na hora de explicar sobre o quadro, elucidando quaisquer dúvidas que o paciente apresente frente ao atendimento e tratamento.

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