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Entenda o que é o álcool e os seus efeitos no organismo a curto e longo prazos

Você sabia que não existe uma quantidade 100% segura para consumir álcool sem sofrer efeitos negativos? Saiba mais sobre este assunto a seguir!

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É difícil saber ao certo como o álcool se tornou parte da vida social do ser humano. Vários documentos históricos já mostraram que o consumo de bebidas alcóolicas é um costume realmente milenar. Assim, se formos comparar, o conhecimento sobre os efeitos do álcool para o nosso organismo é uma descoberta muito recente.

O pioneiro foi o hidromel, criado há 10 mil anos – sendo frequentemente referenciado na China, na Grécia e na cultura Viking. Quanto às mais famosas, sabe-se que a cerveja surgiu acidentalmente na Suméria e na Babilônia em 6000 a.C e que os principais registros do vinho datam entre 1000 e 3000 a.C no Egito.

Só que, mesmo após todos estes milênios, a verdade é que não existe uma “quantidade 100% segura” para consumir bebidas alcóolicas. Segundo a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite para que o etanol cause danos cerebrais é ainda desconhecido.

Já parou para imaginar que muita gente ao redor do mundo bebe socialmente sem ter a menor ideia disso? Veja a seguir quais são as outras consequências da ingestão de álcool para fazer melhores escolhas e poder orientar outras pessoas sobre isso.

O caminho do álcool no organismo

A absorção etílica acontece imediatamente. Basta que os primeiros goles entrem pela boca, desçam pela garganta e cheguem ao estômago, onde o processo químico inicia-se, terminando no intestino delgado.

Enquanto a pessoa está bebendo, o movimento circulatório de sua corrente sanguínea transporta o composto para todo o corpo. É assim que o álcool alcança o cérebro, o fígado, os músculos, entre outros sistemas.

O fígado é o órgão responsável por metabolizar essa substância, transformando-a por meio de duas enzimas: álcool desidrogenase (ADH) e aldeído desidrogenase (ALDH). São elas que quebram as moléculas do etanol para que ele possa ser eliminado do corpo.

Nesse momento, o álcool é convertido em acetaldeído, que é um composto altamente tóxico e cancerígeno. Depois, o acetaldeído é convertido em acetado, que também passa por uma última conversão, responsável por transformá-lo em dióxido de carbono e água.

Por meio da urina, do suor e da própria respiração, esses elementos são eliminados do nosso organismo. Finaliza-se assim o caminho do álcool dentro do corpo humano em situações ideais.

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Efeitos do álcool a curto prazo

Logo de cara, o álcool causa euforia e relaxamento ao diminuir a atividade cerebral e liberar neurotransmissores associados ao prazer, como a dopamina – fator que pode levar à dependência. Sua atuação, então, é como a de um depressor.

No entanto, os efeitos de curto prazo do álcool estão diretamente vinculados à quantidade ingerida em determinado espaço de tempo. Abaixo elencamos os seis estágios da embriaguez com suas respectivas consequências para o organismo humano:

Estágio 1: Euforia

(0.03 - 0.12g por 100ml de sangue)

  • Aumento da autoconfiança;
  • Desinibição;
  • Diminuição da atenção, da capacidade de julgamento e do controle;
  • Início do prejuízo sensório-motor;
  • Diminuição da habilidade de desenvolver testes.

Estágio 2: Excitação

(0.09 - 0.25g por 100ml de sangue)

  • Instabilidade e prejuízo do julgamento e da crítica;
  • Prejuízo da percepção, memória e compreensão;
  • Diminuição da resposta sensitiva e retardo da resposta reativa;
  • Diminuição da acuidade visual e visão periférica;
  • Incoordenação sensitivo-motora, prejuízo do equilíbrio;
  • Sonolência.

Estágio 3: Confusão

(0.18 - 0.30g por 100ml de sangue)

  • Desorientação;
  • Adormecimento;
  • Estados emocionais exagerados;
  • Prejuízo da visão e da percepção da cor, forma, mobilidade e dimensões;
  • Aumento da sensação de dor;
  • Incoordenação motora;
  • Piora da incoordenação motora, fala arrastada;
  • Apatia e letargia.

Estágio 4: Estupor

(0.25 - 0.40g por 100ml de sangue)

  • Inércia generalizada;
  • Prejuízo das funções motoras;
  • Diminuição importante da resposta aos estímulos;
  • Importante incoordenação motora;
  • Incapacidade de deambular ou coordenar os movimentos;
  • Vômitos e incontinência;
  • Prejuízo da consciência;
  • Sonolência ou estupor.

Estágio 5: Coma

(0.35 - 0.50g por 100ml de sangue)

  • Inconsciência;
  • Reflexos diminuídos ou abolidos;
  • Temperatura corporal abaixo do normal;
  • Incontinência;
  • Prejuízo da respiração e circulação sanguínea;
  • Possibilidade de morte.

Estágio 6: Morte

(0.45 + por 100ml de sangue)

  • Bloqueio respiratório central.

Obviamente, a maioria das pessoas não atingem os estágios 5 e 6. Assim, elas acabam experimentando os efeitos de curto prazo do álcool que se iniciam de 6h a 8h após o consumo de bebidas e perduram por até 24h.  

Sim, estamos falando sobre a famosa ressaca. Alguns de seus sintomas leves são dor de cabeça, problemas de concentração, tontura, tremores, falta de apetite, dores musculares, dor abdominal, ansiedade e irritabilidade. Tudo isso deve-se à desidratação, pois o álcool é diurético e causa hipoglicemia, além do aumento da produção de suco gástrico.

Efeitos do álcool a longo prazo

O consumo persistente de bebidas alcóolicas, especialmente em grandes quantidades, pode gerar muitos danos à saúde. Estamos falando de complicações que podem se tornar crônicas - ou seja, que não pode ser solucionada em um curto espaço de tempo.

Por exemplo, a esteatose hepática, que é o acúmulo de gordura no fígado, é um problema com potencial para causar questões mais graves, como cirrose e insuficiência hepática. Há também maiores chances de o paciente desenvolver:

  • Pancreatite;
  • Miocardite alcoólica;
  • Úlcera;
  • Câncer no tubo gastrointestinal;
  • Hipertensão arterial;
  • Arritmias cardíacas;
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC);
  • Neuropatias periféricas;
  • Demência alcoólica.

Levado ao extremo, que é o alcoolismo, esse consumo pode causar muitos conflitos sociais e familiares por violência e desequilíbrios financeiros, por exemplo. Por fim, há ainda um efeito menos conhecido do álcool devido à sua raridade.

Estamos falando da Síndrome de Korsakoff. Trata-se de um distúrbio residual e amplamente irreversível. Uma pessoa alcoólatra pode desenvolver encefalopatia de Wernicke, uma patologia causada pela deficiência grave de vitamina B1.

Essa condição acontece por um dano na região do cérebro chamada diencéfalo. A deterioração acomete em especial a memória, levando o paciente a manifestar amnésia acompanhada de fabulações - que para a pessoa são reais.

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Por que o álcool é ainda pior para os jovens

De acordo com uma série de pesquisas recentes, o cérebro dos adolescentes atravessa um período de recabeamento complexo que termina somente aos 25 anos. Nessa fase, o sistema límbico, relacionado ao prazer e à recompensa, está completamente formado, mas o córtex pré-frontal, responsável pela regulagem emocional, autocontrole e tomada de decisões, não.

Ou seja, adolescentes têm um acelerador totalmente desenvolvido e estão sem freios. Imagine agora adicionar a esse esquema a desinibição que mencionamos lá em cima. É claro que as atitudes serão mais inconsequentes, com um comportamento mais perigoso.

Beber com frequência também pode prejudicar o final desse desenvolvimento cerebral. Estudos já associaram a ingestão de álcool na adolescência com o declínio mais rápido de massa cinzenta e a redução do crescimento de massa branca – o que afeta diretamente a cognição.

Além disso, ainda existe o fato de que os genes vinculados ao abuso de substâncias químicas serem mais influentes durante o período crítico da formação do cérebro. Assim, quanto mais a pessoa espera para experimentar bebidas alcoólicas, menores as chances da dependência acontecer.

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