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Gravidez na adolescência: panorama do Brasil e métodos contraceptivos

Se você pertence à Geração Z, tem dúvidas sobre gravidez e métodos contraceptivos, este artigo foi feito especialmente para você. Confira!

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No último relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), divulgado em 2022, descobrimos que a gravidez na adolescência representa a maior parte das gestações no Brasil. E o cenário é ainda mais difícil de encarar quando levantamos a idade dessas gestantes: 57% têm menos do que 17 anos.

Recentemente, publicamos um artigo sobre a importância da educação sexual para combater o abuso infantil, assim como os impactos negativos de uma gravidez precoce no corpo de uma criança. Essas são as principais contribuições da disciplina no aspecto mais grave do problema. Mas há outras que podem ser muito úteis, principalmente se pertence à Geração Z e está passando pela puberdade agora.

Conhecer quais são os métodos anticoncepcionais disponíveis faz parte da educação sexual. E, aproveitando o período pré-carnaval, decidimos reunir todos eles em um só lugar, para que nossos estudantes estejam seguros durante a folia.

Confira a lista completa abaixo!

Métodos contraceptivos que não evitam a transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)

Anel vaginal

Este método é feito de silicone e contém progesterona e estrogênio em sua composição. Ele deve ser colocado no canal vaginal pela própria pessoa no primeiro dia da menstruação e sua durabilidade é de três semanas. Após o período, recomenda-se esperar sete dias para inserir um novo.   

Eficácia: 99%

Injetáveis

Existem as injeções mensais e as trimestrais - e há mais diferenças entre elas do que somente seus períodos de duração. Primeiramente, porque a injeção aplicada todo mês contém tanto progesterona quanto estrogênio para inibir a ovulação e estabilizar o endométrio, respectivamente. Além disso, ela deve ser aplicada no oitavo dia do ciclo menstrual ou a cada 30 dias, com margem de até três dias.

Já a outra injeção possui apenas progestagênio, que impede a ovulação e dificulta a penetração dos espermatozoides pelo aumento da viscosidade do muco cervical. Sua aplicação oferece uma margem de segurança maior: até sete dias antes ou depois de 90 dias após a última injeção.

Eficácia: 98%

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Adesivo

Sua atuação também acontece por meio da liberação dos hormônios produzidos naturalmente nos ovários de mulheres cisgênero, homens trans e pessoas não-binárias. A partir do contato com a pele, o material bloqueia a ovulação, dificulta o acesso dos espermatozoides ao útero e torna o endométrio mais fino. Ou seja, mesmo que a fecundação aconteça, há maiores chances do óvulo não se fixar.

Recomenda-se colocar o adesivo nas nádegas, nos braços ou nas costas, evitando a região das mamas. Também é preciso atentar-se para que o local de aplicação esteja seco e limpo - e que ela seja feita no primeiro dia do ciclo menstrual.

A troca deve ser feita a cada uma semana e, após 21 dias, é preciso retirá-lo para a menstruação.

Eficácia: 99%

Implante

Este método contraceptivo vem na forma de cápsulas ou bastões, com cerca de quatro centímetros de comprimento e dois milímetros de diâmetro, e é colocado embaixo da pele, por meio de um aplicador descartável. Ele tem longa durabilidade, liberando etonogestrel (hormônio feito em laboratório) por três anos.

Sua eficácia é alta, pois o implante impede que os óvulos amadureçam, impedindo-os de serem fecundados; provoca o atrofiamento do endométrio e o espessamento da parede uterina; e causa também uma mudança na motilidade tubária dos espermatozoides.

Eficácia: 99%

DIU de cobre

Pequeno e flexível, o DIU de cobre é colocado no interior do útero, onde libera íons capazes de imobilizar os espermatozoides, criando uma barreira contra a motilidade e, consequentemente, impedindo a fecundação. Além disso, o dispositivo também dificulta a implantação do óvulo na cavidade uterina. Este é um bom método para homens transexuais e pessoas não-binárias que não desejam introduzir hormônios femininos em seu organismo.

Eficácia: 99%

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DIU com hormônio

Seu funcionamento é praticamente igual ao do método que mencionamos anteriormente. A diferença é que o DIU com hormônio impede a passagem dos espermatozoides por meio da liberação controlada de progesterona, diminuindo ou até cessando o fluxo menstrual.

Eficácia: 99%

Pílula

Existem vários tipos de pílulas no que tange à composição dos comprimidos. Algumas possuem estrogênio sintético, outras o hormônio natural, associada a um progestágeno ou são feitas apenas a partir da progesterona.

Eficácia: 98%

Vasectomia

É um método considerado mais radical por ser cirúrgico. No entanto, o procedimento da vasectomia é bem simples, com duração de 15 a 20 minutos e anestesia local, e não requer internação. A cirurgia segmenta os canais dos dois testículos, onde são produzidos os espermatozoides, para que a ejaculação saia apenas com o sêmen, que é produzido na próstata.

Há, porém, uma ressalva: durante os 60 dias seguintes deve-se continuar utilizando outro método anticoncepcional. Isso porque alguns espermatozoides ainda podem estar “vivos” dentro da uretra.

A vasectomia é um procedimento seguro e reversível, mas a taxa de sucesso da reversão varia de pessoa para pessoa. Para realizá-lo gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), basta ter mais de 25 anos ou, pelo menos, dois filhos vivos.

Eficácia: 99%

Laqueadura de trompas

Também conhecido por ligadura de trompas, este também é um método cirúrgico. Neste caso, os canais segmentados são os que conectam os ovários ao útero, impedindo o encontro entre óvulos e espermatozoides.  

A laqueadura pode ser feita por minilaparotomia, que faz um corte no abdômen da pessoa para acessar as tubas uterinas, ou por laparoscopia, que insere um tubo no abdômen, permitindo melhor observação pelo médico no momento de fazer a cisão.

Qualquer cidadão com mais de 21 anos ou que tenha no mínimo  dois filhos vivos pode realizar o procedimento gratuitamente pelo SUS.

Eficácia: 99%

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Diafragma

Um anel flexível, envolvido por uma borracha fina, que impede a entrada dos espermatozoides no útero. Diferentemente dos demais, o diafragma é uma barreira física com algumas particularidades de uso para ser eficiente.

Ele deve ser colocado de 15 a 30 minutos antes da relação sexual e retirado somente 12 horas após o ato. De todo modo, há uma chance de 10% de falha, o que é consideravelmente alto. Por este motivo, é recomendado seu uso em conjunto com espermicida.

Por outro lado, é um método que possui um benefício muito positivo: ele reduz o risco de câncer de colo de útero. Além disso, o diafragma não é descartável, podendo ser utilizado por até três anos. É importante lembrar que ele não pode ser utilizado durante a menstruação.

Eficácia: 90%

Métodos contraceptivos que também protegem contra IST

Camisinha peniana

É uma capa de borracha que envolve o pênis completamente, impedindo que o sêmen seja depositado dentro da vagina ou do reto. Ou seja, é um método de barreira física descartável, que não causa nenhuma mudança no corpo do usuário. Vale lembrar também que a camisinha peniana pode ser adquirida gratuitamente em qualquer posto de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).

Eficácia: 98%

Camisinha vaginal

Apesar de ser menos conhecida do que a camisinha peniana, também  apresenta o mesmo funcionamento, sendo para uso único. Ela impede o contato direto do pênis com o canal vaginal por cobri-lo com uma camada de poliuretano que, por curiosidade, é mais fino do que o látex.  

São 15 centímetros de comprimento e oito de diâmetro, com bastante lubrificação. A extremidade fechada deve ser inserida na vagina até atingir o colo do útero, enquanto a aberta, que termina em um anel flexível, deve cobrir a vulva.

Eficácia: 95%

Estamos felizes de vê-lo por aqui, mas lembre-se: este conteúdo não substitui uma consulta ao ginecologista ou ao urologista, que são os especialistas preparados para sanar todas as suas dúvidas e recomendar o método ideal para você!

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