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Burnout: o que a Medicina já sabe sobre o assunto?

Você ainda não sabe o que é o Burnout? Vem com a gente descobrir tudo sobre este distúrbio emocional e o que a Medicina já sabe sobre o assunto!

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Atualmente, muito tem se falado sobre a Síndrome de Burnout ou esgotamento profissional. Isso se deve ao fato de que, durante a pandemia, uma enxurrada de gente passou a trabalhar muito mais horas devido ao home office e à necessidade do isolamento social. Sem falar dos médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde que estiveram na linha de frente no combate à Covid-19.

Você ainda não sabe o que é o Burnout? Vem com a gente descobrir tudo sobre este distúrbio emocional e o que a Medicina já sabe sobre o assunto!

Burnout: uma doença ocupacional

Desde que foi descoberta e nomeada como doença pelo psicólogo norte-americano Herbert Freudenberger em 1970, o Burnout está associado a situações de estresse excessivo no trabalho e a altos ideais profissionais. A diferença é que antigamente acreditava-se que tais sintomas eram limitados a médicos e enfermeiros.

Hoje sabemos que o Burnout é uma enfermidade que pode acometer qualquer trabalhador, independentemente de hierarquia, diploma, renda ou área específica de atuação. Do estagiário ao CEO, todos estão sujeitos a sofrerem as consequências do desequilíbrio entre vida e carreira.   

Apesar de ser um problema alarmante, apenas em 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o Burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID). Sua definição oficial é: estresse crônico que não foi administrado da forma correta logo em seu início.

“Ah, mas eu sinto estresse em outras situações da vida, na escola e em casa.” Com certeza, todos nós sentimos. Esses problemas, no entanto, não são considerados Burnout, podendo receber outras nomenclaturas. Isso porque o Burnout em si é uma doença ocupacional, ou seja, está vinculada ao ambiente de trabalho.

Para efeito de comparação, bullying é o nome que entidades do mundo inteiro adotaram para definir casos de violência física e/ou psicológica ocorridos única e exclusivamente em escolas, embora isso aconteça em qualquer lugar. Faz sentido, certo?

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Sintomas e sinais do Burnout

Agora que você já sabe o que é a Síndrome de Burnout, está na hora de conhecer os sintomas desta doença - que não é nada silenciosa. Alguns dos sinais que devemos ficar atentos são:

  • Fadiga;
  • Insônia;
  • Tristeza;
  • Raiva ou irritabilidade;
  • Uso indevido de álcool;
  • Pressão alta;
  • Imunidade baixa.

A desmotivação com o trabalho também é um fator de alerta. Muitos profissionais têm abandonado suas carreiras ou aderido à tendência do quiet quitting, também conhecido por “demissão silenciosa” – quando o funcionário cumpre apenas o que foi estabelecido no contrato.

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Causas da Síndrome de Burnout

Como é de se esperar, a principal causa de Burnout é o excesso de trabalho, que acaba por consumir momentos da vida das pessoas em que elas poderiam estar praticando o autocuidado. Mas existem outras causas que às vezes são minimizadas:

  • Baixa remuneração;
  • Prazos curtos;
  • Metas irrealistas;
  • Falta de autonomia;
  • Falta de organização e planejamento;
  • Lideranças abusivas;
  • Pausas para descanso escassas;
  • Poucas oportunidades de crescimento.

Além disso, já foi constatado que longos períodos diante de telas é um fator agravante para a doença, o que é uma questão difícil de contornar. A maior parte das empresas depende da comunicação por e-mail, WhatsApp e/ou videochamadas.

Diagnóstico

Depois de identificar que está trabalhando sob as condições que listamos acima ou se  perceber que está sofrendo com algum dos sintomas, deve-se procurar um psicólogo ou um psiquiatra para que o diagnóstico seja feito. O grande X desta enfermidade é que muitas pessoas acostumaram-se a um ritmo de trabalho nocivo que acreditam ser o natural da vida.

Ou seja, a maior parte dos trabalhadores somente procura ajuda especializada quando estão passando o pior do Burnout, que pode desencadear quadros de depressão profunda. Isso vem de uma cultura “workaholic”, comum à Geração Y, e dormir enquanto os outros trabalham deve ser considerada uma bandeira vermelha.

Distúrbios gastrointestinais também são consequências do não tratamento precoce da enfermidade. Em ambos os casos, a internação do paciente às vezes será o único caminho para que avaliações mais detalhadas sejam feitas e se encontre a intervenção médica ideal.

Junto à expertise no funcionamento do cérebro humano que psicólogos e psiquiatras têm, há também determinados testes que podem ser utilizados para “detectar” o Burnout. Três deles são: o Maslach Burnout Inventory (MBI), a Job Diagnostic Scale (JDS) e a Ultrecht Work Engagement Scale (UWES).

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Tratamento

Visto que a doença pode progredir, ela apresenta diferentes níveis que, por sua vez, demandam tratamentos distintos. A psicoterapia é a base para todos os pacientes, mas os casos mais acentuados podem exigir o uso de medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos.

Da mesma forma, o tempo de tratamento também pode variar, levando de um a três meses nos casos leves. São recomendados paralelamente mudanças de estilo de vida, afinal, o mais importante para sua recuperação é afastar-se da fonte de Burnout.

Atividades físicas regulares, programas de meditação e o contato social com amigos e familiares, por serem formas de autocuidado, encontram-se entre as sugestões médicas para reequilibrar o paciente. Tudo isso ajuda a controlar e/ou diminuir os sintomas da doença, como insônia e cansaço.

Felizmente, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) conta com estrutura e profissionais aptos para atender casos de Burnout. Nestes centros, desde as consultas para diagnóstico até o tratamento medicamentoso são oferecidos gratuitamente.

Prevenção

Graças à inclusão do Burnout na CID, hoje há mais alternativas para quem trabalha em ambientes tóxicos. A classificação é utilizada para recomendação de licença e atestados médicos que podem ser fundamentais para a melhora do quadro do paciente.

De acordo com o Ministério da Saúde, o ideal para prevenir o desenvolvimento da síndrome é evitar situações de estresse e de pressão no trabalho. Entre outras boas atitudes estão:

  • Estipular objetivos concretos de vida e carreira;
  • Encontrar tempo para o ócio criativo;
  • Evitar o contato com pessoas "negativas", especialmente aquelas que reclamam do trabalho e/ou dos outros;
  • Conversar com alguém de confiança sobre o que se está sentindo;
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, pois tratam-se de drogas psicoativas;
  • Conhecer os seus limites;
  • Aprenda a gerenciar melhor o tempo;
  • Delegar funções no ambiente corporativo;
  • Fazer pequenas pausas no trabalho para descansar, respirar, tomar um café, rir e alongar;
  • Dormir bem. 

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