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Abordagem Multidisciplinar na Medicina: entenda a sua importância a partir de um caso de diabetes

Confira o passo a passo que listamos aqui e descubra como voltar a estudar um idioma que vai transformar o seu currículo.

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Uma abordagem multidisciplinar na Medicina possui muito mais chances de descobrir uma causa improvável para uma enfermidade ou de, pelo menos, afunilar o leque de possibilidades, oferecendo um tratamento mais rápido e eficaz. Isso também vale para as possíveis consequências e tratamentos que, inevitavelmente, sempre têm efeitos colaterais.

Ou seja, podemos dizer que multidisciplinariedade é sinônimo de mais qualidade e mais saúde. Não à toa, esse foi o tema escolhido para a primeira edição do Grand Round da Afya Educação Médica, que contou com a participação de três especialistas: o cardiologista Dr. Thiago Bignotoca, a endocrinologista Dra. Renata Bussuan e o oftalmologista Dr. Guilherme Rodrigues.

O objetivo do evento, que você pode assistir na íntegra no YouTube, foi discutir um caso clínico de uma paciente com diabetes, abordando as perspectivas das três especialidades. Veja a seguir um resumo do evento, com todos os pontos mais relevantes para o a sua formação.

Entendendo o caso clínico apresentado

Afinal, quem era a paciente doente? Tratava-se de uma senhora de 72 anos, com histórico de hipertensão e diabetes tipo 2 há 20 anos, mas que estava sem acompanhamento regular há uma década. Suas queixas principais incluíam dispneia ao subir escadas, embaçamento visual progressivo e cefaleia no final do dia.

O Dr. Thiago explicou: "Ela chegou com queixas de dispneia, o que nos fez pensar em insuficiência cardíaca, mas também em outras comorbidades associadas”. Além disso, a paciente havia interrompido o uso de medicamentos como hidroclorotiazida e metformina por conta própria, agravando seu quadro clínico.

Seu caso, infelizmente, é mais comum do que gostaríamos, como comentou a Dra. Renata: "É comum pacientes como ela chegarem ao consultório com diabetes mal controlada e múltiplas complicações, muitas vezes já em estágios avançados”. Esse cenário, inclusive, foi o que reforçou a necessidade de uma abordagem integrada.

Como foi a avaliação cardiológica  

A paciente apresentava sinais de insuficiência cardíaca, com bloqueio de ramo esquerdo no eletrocardiograma e congestão venosa pulmonar no raio-X. Com o ecocardiograma em mãos, o médico pôde identificar uma perda de função contrátil do ventrículo esquerdo, o que confirmava a suspeita.

Assim, foram solicitados exames complementares, como hemoglobina glicada, perfil lipídico, função renal, BNP, que é um marcador de insuficiência cardíaca, e cintilografia miocárdica, que indicou também isquemia. Depois, a paciente foi submetida a revascularização cirúrgica devido à extensão das lesões coronarianas, que colocavam grande parte do miocárdio em risco.

Hora da avaliação oftalmológica

O que os olhos têm a ver com um caso de diabetes e insuficiência cardíaca? Tudo, como você logo descobrirá. A paciente apresentava retinopatia diabética, com edema macular diabético no olho esquerdo, cujo tratamento prescrito foram injeções intravítreas de anti-VEGF.

O Dr. Guilherme explicou: "Uma complicação grave que pode levar à perda visual se não tratada adequadamente”. Visto que, muitas vezes, não há sintomas visuais até que a doença já esteja avançada, o exame de fundo de olho é crucial. Como resultado, a paciente apresentou melhora na acuidade visual, seguindo em acompanhamento para monitorar a progressão da doença.

O que a avaliação endocrinológica descobriu?

Por fim, não podia faltar uma avaliação da especialidade que cuida do metabolismo e todas as doenças relacionadas aos hormônios, o que inclui, claro, a insulina. A especialista identificou que a paciente apresentava descontrole glicêmico, com hemoglobina glicada de 9,5%, obesidade, esteatose hepática moderada e síndrome metabólica.

Após o diagnóstico completo, foi prescrito um tratamento indicando:

  • Mudanças no estilo de vida, como dieta e atividade física;
  • Medicações como inibidores de SGLT2 (dapaglifozina);
  • Medicações análogas de GLP-1.

A Dra. Renata enfatizou a importância das novas terapias: "Os inibidores de SGLT2 e análogos de GLP-1 não só controlam a glicemia, mas também protegem o coração e os rins." Desse modo, a abordagem integrada permitiu um controle mais eficaz do diabetes e suas complicações, como a insuficiência cardíaca, que seria tratada cirurgicamente.  

Conclusões do 1º Grand Round da Afya Educação Médica

A abordagem multidisciplinar entre Cardiologia, Endocrinologia e Oftalmologia foi essencial para o manejo da paciente diabética. "Cada especialidade trouxe uma peça do quebra-cabeça, permitindo um tratamento mais completo e eficaz”, afirmou o Dr.Thiago.

Em suma, ela foi tratada de forma integrada, o que deveria ser o padrão para casos de diabetes, pois pode haver várias complicações relacionadas à doença. Foi o conjunto de avaliações que proporcionou uma melhora significativa no quadro clínico, garantindo mais saúde e qualidade de vida à paciente.

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