Graduação e cursos

Paris 2024: como os estudantes se dividem entre a vida de atleta e acadêmica

Rebeca Andrade é um exemplo quando o assunto é conciliar a vida de atleta com os estudos. Confira!

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Muitos filmes de Hollywood já retrataram essa relação desafiadora, mas também muito benéfica, que existe entre o esporte e os estudos na vida de quem é atleta. Em 2021, o longa-metragem “King Richard: Criando Campeãs”, que rendeu a Will Smith seu primeiro Oscar, contou esse lado da história das multicampeãs Serena e Vênus Williams ao mundo.

Aos 14-15 anos de idade, ambas já eram referência nos campeonatos juniores, vencendo várias partidas. Todos - a mídia, os treinadores, seus adversários e o público — esperavam que o próximo passo de suas carreiras seria a profissionalização. Em vez disso, seu pai decidiu que elas, primeiramente, precisariam se dedicar à sua formação acadêmica.

Essa decisão ascendeu a dúvida se um dia voltariam às quadras de tênis, e se conseguiriam alcançar o nível das atletas que continuaram competindo sem intervalos. Bom, a história está aí para contar que a decisão feita por Richard Williams foi, sim, a melhor para elas.

Recentemente, o filme “Rivais”, estrelado por Zendaya, também trouxe essa discussão à tona. Dois dos protagonistas escolhem ingressar no Ensino Superior, competindo apenas em torneios universitários por um tempo, enquanto o outro escolhe investir todas as suas fichas na sua carreira esportiva.

Alerta de spoiler: apenas os que se dividiram entre jogar tênis e fazer uma graduação conquistaram o topo no esporte e tornaram-se mundialmente famosos. A seguir, você vai descobrir como conseguir uma bolsa de estudos para ser atleta não é uma realidade apenas no Estados Unidos.

Trouxemos os relatos de Rayssa Leal e Rebeca Andrade, duas brasileiras que vão disputar por medalhas nas Olimpíadas de Paris em 2024, para você seguir de exemplo. Veja também como elas se dividem entre essas duas partes de suas vidas e o quão importante é o acompanhamento psicológico para que isso seja possível.

Conciliando treinos, campeonatos e estudos

Requer muita disciplina ser estudante e atleta ao mesmo tempo. Horas do seu dia são dedicadas aos treinos práticos e de preparo físico, outras para os livros e, se você cumpre o período ideal de sono, o pouco que sobra precisa ser cuidadosamente dividido entre as demais atividades do seu interesse, como ver um filme e passear.

No entanto, muita gente faz tudo isso com maestria, como a Rayssa Leal – prodígio do skateboard brasileiro, que vem colecionando medalhas e troféus por onde passa. Ainda na escola, suas faltas para participar de competições são negociadas diretamente pelos pais com a escola, que precisa ser avisada com antecedência.

Isso acontece desde o início de sua carreira, que começou quando ela tinha apenas 11 anos de idade, sendo a esportista mais jovem a competir em uma Streat League (SLS). Na época, ela tinha um cronograma específico para repor os conteúdos por meio de apostilas e conteúdos on-line, que eram prontamente disponibilizados pelos professores.

Outros estudantes separam o período da noite para revisar conteúdos, após um dia inteiro de atividades físicas intensas. Esse alinhamento vai além dos benefícios da prática esportiva em si para a saúde, pois o esporte alimenta a autoconfiança e é uma incessante fonte de lições sobre superação.

Nos estudos, muitas limitações precisam ser transpostas também, e esse senso de propósito contribui para o desenvolvimento do aluno que almeja o sucesso. Sem falar que, para o mercado de trabalho, certas soft skills aprendidas por meio dos esportes são essenciais para, futuramente, subir na carreira.

Como país do futebol, alguns times brasileiros também se esforçam para garantir que estão formando mais do que jogadores, mas cidadãos independentes e capazes. Para tanto, os centros de treinamento são equipados com salas de estudos e têm uma equipe responsável por avaliar seus boletins escolares, identificar gaps de aprendizado etc.

Bolsas de estudos públicas e privadas para atletas

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) oferece bolsas de estudo para os atletas que participam da competição, que será sediada em Paris em 2024. Rebeca Andrade, nossa medalhista de ouro pelo Brasil, foi uma das contempladas recentemente.

Todas as suas notas têm seguido o padrão de sua carreira esportiva, e a ginasta está orgulhosa por conseguir conciliar essas duas partes da sua vida. Sua experiência como atleta também influenciou a escolha de curso. Rebeca está cursando Psicologia e diz que a terapeuta que a acompanha há 10 anos é uma grande inspiração.

Mas, assim como nos Estados Unidos, existem programas de bolsas de estudo próprios para estudantes que desejam competir pelas suas universidades.  Isso é comum tanto em instituições privadas quanto em públicas.

Em níveis Fundamental e Médio também é possível conseguir bolsas, pois as escolas se interessam pela publicidade de ter um atleta matriculado. Foi assim que Rayssa Leal passou a ter os estudos custeados na rede particular de Imperatriz no Maranhão pelo seu reconhecimento nacional.

Além disso, desde 2005, os atletas brasileiros contam com o programa federal denominado Bolsa Atleta. Essa opção é um pouco mais exclusiva, sendo destinada apenas àqueles de alto rendimento que têm bons resultados em competições nacionais e internacionais.

O passo a passo para a inscrição deve ser feito com cuidado, com leitura detalhada do edital e atenção aos prazos. Confira aqui os documentos necessários e aqui as informações gerais para aplicação.

A importância da terapia quando o esporte é sinônimo de trabalho

Mencionamos anteriormente que a Rebeca Andrade faz acompanhamento psicológico há dez anos – e não foi à toa. A rotina rigorosa exige tanto do físico quanto da saúde mental de qualquer atleta, que depende do seu bem-estar, inclusive, para alcançar suas metas nos campeonatos individuais e/ou por equipes.

Felizmente, tem se criado uma cultura muito positiva em relação a esse cuidado nos últimos anos. Naomi Osaka, tenista líder do ranking mundial em 2019 e vencedora de quatro Grand Slam, decidiu dar uma pausa na carreira após sofrer episódios de depressão em 2021.

Nem sempre a pressão é pelo esporte em si. É claro que existe a busca por melhores resultados pelo fato de que eles trazem a possibilidade de melhores contratos com patrocinadores, além de garantir vagas nas competições com maiores premiações e prestígio.

No entanto, às vezes, acontece o inverso: eventos da vida pessoal passam a exigir mais da sua atenção e é necessário a ajuda de um terapeuta para encontrar a melhor decisão. A australiana Liz Cambage, do basquete, e a americana Sha'Carri Richardson, do atletismo, recorreram ao uso de medicamentos psiquiátricos, por exemplo.

Após se retirar de várias provas durante as Olimpíadas de Tóquio para proteger a sua saúde mental, Simone Biles está de volta, retomando o posto de favorita na ginástica artística. A ginasta estadunidense é a principal rival de Rebeca Andrade.

Gabriel Medina, outro ícone internacional do surf do Brasil, anunciou também uma pausa temporária para lidar com questões particulares. Após serem diagnosticadas com síndrome do pânico, Drussyla e Gabi Cândido, ambas jogadoras de vôlei, ficaram afastadas do esporte por um tempo.

Por fim, mais recentemente, Rayssa Leal também avisou que está considerando a possibilidade de se afastar das pistas de skate depois de competir nas Olimpíadas de Paris. "Só terapia para me ajudar nessas viagens todas. Estava falando com a minha mãe: querendo ou não, estou perdendo um pouco da minha adolescência”, afirmou a atleta.

Você pode ser o profissional “braço direito” de uma estrela do esporte brasileiro. Inspire-se nessas trajetórias para criar a sua própria narrativa: o céu é o limite. Escolha uma unidade Afya e comece o curso de Psicologia o quanto antes.