Conheça a origem do Dia do Trabalho e dos direitos trabalhistas no Brasil
A origem do Dia do Trabalho remonta a manifestações operárias ainda do século 19. Saiba quais foram elas e como foi sua repercussão no Brasil.

O 1º de Maio é muito mais do que um feriado: é uma data internacional que simboliza a luta histórica por melhores condições laborais. Celebrado como Dia do Trabalho em várias partes do mundo, sua origem remonta a manifestações operárias ainda do século 19, representando, assim, tanto protesto quanto conquistas trabalhistas subsequentes.
No Brasil, essa dupla perspectiva também se mantém. Desde a Era Vargas, quando a CLT foi criada, o país transformou essa data em um marco para lembrar de avanços sociais e trabalhistas importantes. Veja abaixo como e onde tudo isso começou.
Por que comemoramos o Dia do Trabalho?
No início da Primeira Revolução Industrial (1760), artesãos e operários enfrentavam condições de vida e trabalho extremamente precárias. As fábricas eram insalubres, a jornada de trabalho chegava a 80 horas semanais, e os salários mal garantiam a subsistência. Mulheres e crianças, submetidas às mesmas condições, recebiam remunerações ainda menores.
Com a produção em larga escala e a divisão do trabalho em etapas, os operários se distanciaram do produto final, executando apenas tarefas específicas. Embora a produtividade aumentasse, a qualidade de vida piorava: a queima de carvão elevou a poluição nas cidades, enquanto doenças e acidentes de trabalho se tornavam frequentes, sem qualquer garantia de indenização.
Décadas depois, durante a Segunda Revolução Industrial nos Estados Unidos, um marco histórico deu origem ao Dia do Trabalho: a Greve de Chicago em 1886, um protesto pela jornada de oito horas diárias que terminou em violenta repressão.
O conflito começou em 3 de maio, quando a polícia interveio para proteger fura-greves, resultando em uma morte e vários feridos. No dia seguinte, anarquistas organizaram um comício pacífico na Haymarket Square, autorizado pelo prefeito Carter Harrison, que, inclusive, compareceu ao evento.
Porém, após a saída do prefeito e da maioria dos manifestantes, a polícia ordenou a dispersão da multidão. Foi então que uma bomba — lançada por alguém nunca identificado — explodiu, levando os agentes a reagir com tiros indiscriminados. O episódio, conhecido como Massacre de Haymarket, deixou sete policiais mortos e mais de 60 feridos, além de quatro a oito civis mortos e dezenas de feridos.


Quando e como a data foi oficializada no Brasil?
As primeiras manifestações trabalhistas no Brasil surgiram no final do século 19 e início do 20, impulsionadas por imigrantes europeus que trouxeram ideias de organização operária. Esses protestos buscavam melhores condições de trabalho, inspirados pelas lutas internacionais, como a Greve de Chicago.
O movimento ganhou força com o crescimento da classe operária, que pressionava por direitos básicos, como jornada justa e descanso remunerado. Greves e mobilizações tornaram-se mais frequentes, especialmente em centros industriais como São Paulo e Rio de Janeiro.
Já estávamos na Era Vargas quando houve a oficialização do Dia do Trabalho, com a declaração do 1º de Maio como feriado nacional acontecendo em 1925, e sua consolidação em 1930. À época, o presidente Getúlio Vargas usou a data para promover políticas trabalhistas, como a CLT, fortalecendo sua imagem como “pai dos pobres”.
A CLT e a consolidação dos direitos trabalhistas
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943 durante o governo Vargas, estabeleceu vários direitos fundamentais. Entre eles estavam a jornada de 8 horas diárias e 44 horas semanais, além do descanso semanal remunerado.
Essas medidas buscavam melhorar as condições de vida dos trabalhadores e reduzir os excessos impostos no ambiente industrial. A CLT também garantiu férias remuneradas, salário-mínimo e proteção especial ao trabalho feminino e infantil, sendo importantes avanços sociais para o Brasil.
O que está em pauta hoje?
Atualmente, o que está em pauta é o fim da escala 6x1, que reduz o descanso semanal e é vista como um retrocesso, contrariando conquistas da CLT. Estudos da OIT/OMS mostram que longas jornadas elevam estresse, depressão e acidentes, sendo fortes argumentos para a universalização da escala 5x2 no Brasil.
Vale ressaltar que o modelo previsto hoje contrasta muito com os implementados em países desenvolvidos. Um bom exemplo é a Canadá, onde a carga horária semanal média é de aproximadamente 32,1 horas, seguido de perto pela Austrália, com 32,3 horas e pela Alemanha, com 34,2 horas.
Desde 2020, a Islândia colocou em teste a semana de de trabalho em quatro dias, sem reduzir os salários dos trabalhadores, e os resultados impressionam. Três anos depois, a economia da Islândia apresentou crescimento de 5% – a segunda maior taxa entre os países mais ricos da Europa, de acordo com o último relatório do FMI.
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