Origem do Dia das Mães: conheça a história de Ann Jarvis, ativista que inspirou a data
Embora a origem do Dia das Mães remonte à Grécia Antiga, foi no século 20 que a data se popularizou no mundo graças à luta da família Jarvis pela saúde infantil e materna.

A origem do Dia das Mães remonta à Grécia Antiga, onde celebrações em honra a divindades como Reia, a mãe dos deuses, marcavam a primavera com rituais de gratidão pela fertilidade e maternidade. Essa tradição, porém, mudou com o passar do tempo, recebendo um caráter político-social no século 19 com Ann Jarvis – uma ativista que combatia a mortalidade infantil e lutava por melhorias na Saúde da Mulher.
Pelas mãos de sua filha, Anna Jarvis, a data se popularizou, chegando ao Brasil em meados do século 20, quando foi oficializada por Getúlio Vargas como o segundo domingo de maio. No entanto, as expectativas da família com esse movimento foram frustradas, principalmente, devido à forte comercialização do dia, o que causou a perda do seu significado original.
Quer entender melhor essa história e descobrir como uma ativista inspirou essa homenagem? Continue lendo!
Uma mãe em meio à tragédia
Há apenas dois séculos, cerca de 1 em cada 2 crianças morria antes de chegar ao fim da puberdade. Mais especificamente nos Estados Unidos de 1800, onde e quando Ann Jarvis escreveu sua história, até 30% das crianças morriam antes do primeiro aniversário, e 43% não sobreviviam além do quinto aniversário.
Até 1870, as principais causas de morte em crianças no país eram tuberculose, diarreia, disenteria bacilar e febre tifoide. Também contribuíam para essas fatalidades as doenças altamente contagiosas da infância, como a escarlatina, difteria e pneumonia lobar.
Hoje, boa parte dessas enfermidades recebem o nome de “evitáveis”, visto que ações adequadas de saúde pública e/ou intervenções médicas podem prevenir a sua ocorrência ou reduzir significativamente o risco de desenvolvê-las. Foi contra essa realidade que nossa ativista do Dia das Mães lutou durante toda a sua vida adulta.
Infelizmente, combater a mortalidade infantil era uma causa pessoal para ela. Devido às más condições sanitárias da época, Ann Jarvis perdeu nove de seus 13 filhos.
O Clube de Trabalho das Mães: lutando pela vida
O "Clube de Trabalho das Mães" ou Mothers' Day Work Clubs, criado em 1858 por Ann Jarvis, foi um movimento pioneiro na luta pela redução da mortalidade infantil nos Estados Unidos. Reunindo mães da comunidade, seu projeto tinha como missão combater as causas da morte de crianças, promovendo ações sanitárias práticas.
Algumas delas foram, por exemplo, a distribuição de remédios, a implementação de quarentenas em surtos de doenças e a educação sobre higiene básica e saneamento. Vale dizer que se tratava de medidas muito similares às empreendidas pelas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do SUS.


Como líder comunitária na Virgínia (EUA), Ann Jarvis mobilizava essas mulheres para transformar conhecimento em ação, salvando inúmeras vidas em uma época na qual a Medicina ainda era precária. Além de oferecer cuidados imediatos, o clube também funcionava como uma rede de apoio, onde mães trocavam experiências e aprendiam medidas preventivas, como a esterilização de alimentos e o isolamento de doentes.
O trabalho dessas mulheres não só ajudou a reduzir as taxas de mortalidade infantil na região como também pavimentou o caminho para futuras campanhas de saúde pública. Ou seja, nossa ativista que deu origem ao Dia das Mães também pode ser vista como uma vanguardista da Atenção Primária nos Estados Unidos.
Como esse legado deu origem ao Dia das Mães
Anna Jarvis sabia que esse legado sobre o poder da união comunitária e da educação para promover a Saúde não podia morrer com sua mãe. Assim, quando a ativista faleceu em 1905, sua filha trabalhou para que uma data fosse instituída no calendário estadunidense como forma de conscientização.
Em 1908, Anna organizou a primeira celebração do Dia das Mães na Igreja Metodista de Andrews, onde Ann havia lecionado, escolhendo o segundo domingo de maio — data próxima ao aniversário de sua morte. Com cartas, campanhas e apoio de líderes locais, ela pressionou até que o feriado fosse reconhecido primeiro na Virgínia, o que aconteceu em 1911.
Depois, Anna conquistou ainda mais espaço entre a população, com a oficialização nacional da data pelo presidente Woodrow Wilson, em 1914. Mas, infelizmente, o resultado de todo esse processo não foi o esperado e, logo, ela se arrependeu.
Um propósito esquecido?
Você provavelmente não sabia que essa era a origem do Dia das Mães, certo? Isso é uma prova de que o seu propósito acabou sendo esquecido e substituído apenas por presentes, cartões padronizados e filmes de Hollywood sobre... presentes e cartões padronizados.
Até o cravo branco, que Anna escolheu para distribuir às mães que compareceram ao seu evento na igreja e era a flor favorita de Ann, virou mais um produto vendido em larga escala. Assim, o que começou como um tributo à saúde e à justiça social transformou-se em um ritual de consumo em vez de apoiar quem ainda precisa lutar por direitos básicos.
Não à toa, a família Jarvis boicotou por décadas essa celebração, em protesto ao esvaziamento do significado da data. Inclusive, Anna morreu em 1948, sozinha e em dificuldades financeiras exatamente porque usou toda a sua herança tentando reverter a comercialização do Dia das Mães.
Agora que sabe disso, você pode resgatar o espírito original do Dia das Mães. Que tal honrar Ann Jarvis apoiando causas que ela defendia? Ou simplesmente dedicando tempo e reconhecimento verdadeiro às mães, avós e cuidadoras em sua vida?
No fim das contas, o melhor tributo seria transformar a data em um momento de reflexão e ação — assim como acontecia nos "Clubes de Trabalho". Afinal, ser mãe trata-se de um papel social que se traduz em laços de amor, gratidão e, acima de tudo, cuidado.
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