Gratidão não é papo de coach: estudos apontam para maior felicidade e aumento da expectativa de vida
Descubra como os cientistas chegaram a essa conclusão e seis perguntas que podem te ajudar a evocar o poder transformador da gratidão na sua vida.
Melhores noites de sono, menos dores e um sistema imune mais forte. Quem não seria mais feliz com tudo isso em dia? Várias teorias defendem esse benefício como resultado da prática da gratidão, e é por isso que muitos a colocam como uma importante aliada da Medicina.
Há pesquisas, por exemplo, que já justificaram seus raciocínios pelo “estado mais positivo”, sustentado por esse sentimento. Funcionaria mais ou menos assim: uma vez que há menos brechas para pensamentos intrusivos, há também uma redução do estresse.
Embora seja uma reação natural, níveis desregulados de estresse podem desencadear inflamações - que são um marcador importante para o risco de desenvolvimento de diversas doenças crônicas. Sem falar que, quando estamos mais satisfeitos, sentimos também mais disposição para sermos mais saudáveis.
Afinal, comportamentos que beneficiam a nossa saúde, como fazer exercícios físicos e comer alimentos in natura, nem sempre são os mais prazerosos. No entanto, são eles que constroem uma sensação de bem-estar no longo prazo.
Isso relaciona-se com o nosso senso de propósito e visão de futuro, colocando a gratidão ora como mecanismo de enfrentamento, ora como um regulador de humor. Tal conclusão depende do observador e seu ponto de vista.
A seguir, vamos apresentar a metodologia e a teoria de um novo estudo, que traz a prática da gratidão como um fator de aumento para a expectativa de vida. Continue a leitura para entender melhor!
O que o estudo analisou?
Publicada em julho de 2024 na JAMA Psychiatry, a nova pesquisa utilizou dados de quase 50 mil mulheres inscritas no Estudo de Saúde das Enfermeiras, com idade média de 79 anos. Tudo começou em 2016, quando responderam a um questionário de gratidão com seis itens.
Elas deveriam classificar o seu grau de concordância com certas afirmações. Duas das opções eram: “Eu tenho tanto na vida pelo qual sou grato” e “Se eu tivesse que listar tudo o que me faz sentir grato, seria uma lista muito longa”.
Quatro anos depois, os pesquisadores analisaram os registros médicos das participantes para determinar quem havia falecido. Houve 4.608 mortes por todas as causas. Também houve por causas específicas, como:
- Doenças cardiovasculares;
- Câncer;
- Doenças respiratórias;
- Doenças neurodegenerativas;
- Infecções e lesões.
O que os pesquisadores descobriram?
Os dados revelaram que as participantes com pontuações de gratidão no terço mais alto no início do estudo apresentaram um risco 9% menor de morte nos quatro anos seguintes. Isso em comparação com aquelas que pontuaram no terço inferior.
Tal cenário não mudou após o controle de saúde física, circunstâncias econômicas e outros aspectos de saúde mental e bem-estar. A gratidão pareceu ajudar a proteger as participantes de todas as causas de morte estudadas — incluindo doenças cardiovasculares, que era a causa mais comum.
Mas o que isso realmente significa?
Apesar de ser significativa, uma redução de 9% não é enorme. Todavia, é notável que a gratidão é um sentimento comum a todos nós, possível de ser praticado por qualquer pessoa, reconhecendo o que está ao seu redor e expressando agradecimento aos outros pelo que é bom em sua vida.
Embora o estudo não tenha conseguido identificar por que a gratidão está associada a uma vida mais longa, existem os fatores que citamos anteriormente. Ou seja, o alívio de dores, melhoria do sono, a influência de um estilo de vida saudável, entre outros.
Há quem suponha, por exemplo, que talvez as pessoas gratas sejam mais propensas a comparecer a consultas médicas. Isso pode ajudar nas relações pessoais e no suporte social, que também contribuem para a saúde.
Quais são as limitações e os pontos fortes do estudo?
Visto que se trata de um estudo observacional, seus dados não podem provar que a gratidão ajuda as pessoas a viverem mais. Mostra apenas que existe uma associação, sendo a amostra particular de pessoas analisadas tanto a maior força quanto a limitação da pesquisa.
Relembrando: todas eram enfermeiras mais velhas com alta situação socioeconômica. Além disso, a grande maioria era branca.
Será que esse efeito de longevidade se estende aos homens, aos mais jovens e àqueles com recursos socioeconômicos mais baixos? Os cientistas não podem afirmar com certeza.
Por outro lado, o tamanho da amostra do estudo é um fator positivo, pois é grande, e foram coletados dados extensivos sobre potenciais fatores de confusão. Por exemplo, a saúde física das participantes, características sociais e outros aspectos do bem-estar psicológico.
Vamos testar? Eis aqui 6 perguntas para evocar a gratidão
Você tem o poder de ser mais grato, e o caminho que listamos abaixo vai te ajudar a chegar lá. Faça a si mesmo as seguintes perguntas:
- O que aconteceu hoje que foi bom?
- Pelo que posso ser grato?
- Por quais pessoas em minha vida sou grato?
- Qual foi o último livro, filme, programa ou conteúdo que realmente apreciei e por quê?
- O que estou mais ansioso para esta semana, mês e ano, e por quê?
- Qual é a coisa mais gentil que alguém disse ou fez recentemente para mim?
Como todas as boas práticas, o ideal é transformar isso num hábito. Um exemplo é transformar essas perguntas em um diário a ser escrito à mão e ser deixado na mesa de cabeceira.
Outras alternativas são ações simples, como expressar regularmente pelo que você é grato em família enquanto fazem uma refeição juntos. Por fim, um exercício de gratidão menos conhecido, mas valioso, é chamado de “exercício de apreciação”, que se baseia em aspectos da atenção plena.
É necessário parar, olhar ao seu redor, absorver e aproveitar o que é bom em seu ambiente atual. No fim das contas, não requer um grande salto para passar a reconhecer o lado bom da própria vida e se sentir um pouco mais satisfeito a cada dia.
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