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Uso racional de medicamentos: qual a importância?

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O uso racional de medicamentos deve ser uma prática instituída por todos os profissionais de saúde, para evitar complicações clínicas e medicamentosas ao paciente, além de transtornos à família e à comunidade.

Dentre os fatores que impactam significativamente no uso racional do medicamento, está a automedicação, em que o paciente utiliza medicamentos por conta própria ou por influência de amigos e familiares.

Além da automedicação, outros riscos ao uso racional são a utilização de medicamentos fora do prazo de validade, a utilização por tempo maior do que o determinado, ou de forma incorreta (dose maior ou menor ou tempo entre doses mais curto) entre outros.

Quer saber mais sobre o uso racional de medicamentos? Então, fique por aqui e leia sobre o assunto!

Automedicação: um dos impactos para o uso seguro de medicamentos

A automedicação acontece quando o indivíduo decide por conta própria fazer um diagnóstico baseado nos sintomas apresentados e usar os medicamentos a partir dessa conclusão. O problema se instala porque, na maioria das vezes, a decisão não foi feita considerando os critérios clínicos, comprometendo a saúde do paciente.

Segundo o Conselho Federal de Medicina 17% dos brasileiros já utilizaram medicamentos sem prescrição ou orientação dos profissionais de saúde, em especial médicos e farmacêuticos clínicos. E esse problema se agravou ainda mais com a pandemia.

As consequências medicamentosas são a inefetividade do tratamento, a grande probabilidade de intoxicações, que conforme dados da Anvisa, gira em torno de 18 a 23% quando estão associadas à automedicação.

Inadequação da prescrição medicamentosa: influência no uso racional de medicamentos

A inadequação da prescrição medicamentosa acontece de diferentes maneiras:

  • ilegibilidade do conteúdo;
  • uso não descrito em bula;
  • falta de orientações sobre a correta administração;
  • tempo de utilização incorreto;
  • interações medicamentosas potencialmente graves, entre outras.

Exemplo disso é quando o paciente não sabe como ingerir uma cápsula, um medicamento em pó, fazer administração subcutânea, como é o caso da insulina, entre outras possibilidades.

A prescrição médica é o primeiro passo para resolver uma doença do paciente e quando está inadequada, pode afetar significativamente o resultado final, o que causará transtornos clínicos e financeiros.

Para evitar esses problemas, uma grande parcela dos prescritores e das clínicas já instituíram a prescrição eletrônica, digitalizada ou impressa, evitando principalmente os erros de interpretação.

Falta de conciliação medicamentosa: impactos na duplicidade de medicamentos

A conciliação medicamentosa é uma prática em que o médico, farmacêutico ou enfermeiro compilam todas as estratégicas terapêuticas instituídas pelos diversos profissionais a fim de obter uma panorama clínico completo.

A falta de uma conciliação medicamentosa afeta o uso racional de medicamentos pelo paciente, que se confunde com diversas prescrições de diferentes profissionais, pode utilizar produtos em duplicidade, deixar de tratar outras condições clínicas ou, ainda, gerar interações medicamentosas indesejadas.

Por isso, é fundamental que os prescritores obtenham mais informações com os pacientes e cuidadores sobre outros medicamentos prescritos ou utilizados de forma esporádica, além do uso de chás e fitoterápicos.

Ações para incentivar o uso racional de medicamentos

Existem ações institucionais e campanhas para evitar o uso irracional de medicamentos, conscientizando a população sobre os riscos dessa prática. Por isso é fundamental o engajamento de todos os envolvidos.

Para além disso, foi criado o Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional do Medicamento (CNPURM), instância consultiva que reúne diversas entidades, sendo coordenada pelo Ministério da Saúde.

Por isso, além das informações divulgadas periodicamente pelo CNPURM, foi instituído o dia 05 de maio, para conscientizar a população sobre a importância do uso racional de medicamentos para si e para a comunidade.

Conforme o conceito da Organização Mundial de Saúde, o uso racional de medicamentos, ocorre quando o medicamento foi prescrito de acordo com o diagnóstico clínico, na dose e no tempo de tratamento correto, ao menor custo para si e para a comunidade.

Veja a seguir algumas ações que você deve tomar e passar adiante para garantir o uso racional de medicamentos.

Utilize somente medicamentos dentro do prazo de validade

Medicamentos vencidos ou claramente com sinais de contaminação não devem ser consumidos. Caso ocorra a ingestão acidental, deve-se encaminhar o paciente rapidamente para uma unidade de saúde.

Medicamentos com sinais evidentes de contaminação podem ser caracterizados por: soluções orais com presença de partículas não descritas em bula, comprimidos e cápsulas com pontos escuros nas embalagens primárias, pomadas e cremes com líquidos extravasando, entre outros.

Por isso, é aconselhável, ao utilizar um medicamento, se certificar da validade e nunca jogar a embalagem fora até o término do tratamento. Algumas informações contidas na bula e embalagem poderão ajudar os médicos em caso de emergência hospitalar.

Não abra as cápsulas ou parta os comprimidos sem orientação

Qualquer cápsula não deve ser aberta para utilização. Isso porque, a cápsula tem como objetivo “proteger o produto” de uma degradação no estômago ou facilitar a passagem pelo intestino, onde de fato será absorvido.

Se a cápsula for aberta, todo o tratamento estará comprometido e poderá não fazer o efeito como deveria.

Os comprimidos não devem ser partidos sem orientação do farmacêutico. Isso porque alguns foram fabricados com revestimento para serem gastrorresistentes. Enquanto para outros medicamentos a partição é possível, desde que feita adequadamente.

O partidor de comprimidos é vendido em farmácias e drogarias, sendo uma opção para a situação, porém é importante buscar orientações com o farmacêutico sobre como fazer isso corretamente.

Não tome medicamentos sem conhecimento do médico e/ou farmacêutico

Muitas vezes os pacientes querem resolver os problemas clínicos “do seu jeito” e acabam por aceitar “conselhos” de pessoas sem conhecimento clínico e medicamentoso. O resultado pode ser frequentemente danoso ao paciente.

Exemplo disso é quando o paciente usa alguns descongestionantes para tratar uma sinusite que tem causa bacteriana, em que um antibiótico seria mais indicado. Outro quando trata infecção viral com os antibacterianos que sobraram em casa.

A automedicação é um risco para o indivíduo e para a comunidade, pois pode aumentar a resistência bacteriana, desenvolver complicações clínicas e problemas evitáveis.


O uso racional de medicamentos é uma responsabilidade de todos!

O uso racional de medicamentos deve ser realizado de forma interdisciplinar entre os profissionais de saúde a fim de conscientizar os pacientes, a família e a comunidade sobre os riscos da automedicação, do uso não apropriado e das consequências clínicas, psicológicas, financeiras e na qualidade de vida.

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