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Urgências pediátricas: conheça os 4 casos mais frequentes e os tratamentos

Urgências pediátricas: conheça, neste artigo, os 4 casos mais frequentes e os tratamentos disponíveis!

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Quem sonha em ser médico deve se familiarizar com algumas temáticas desde a preparação para o vestibular. Contextualmente, isso é fundamental para a prática clínica em situações emergenciais e de risco, como as urgências pediátricas.

Em vista disso, hoje vamos listar as principais situações consideradas urgentes em Saúde da Criança. Veja quais são as causas das doenças pediátricas de maior prevalência, os fatores de risco e as principais intervenções para o seu efetivo controle. Aproveite a leitura!

Quais os principais aspectos de atenção em saúde infantil?

Em tese, os principais aspectos de atenção em saúde infantil envolvem uma abordagem sistemática e integrada com vistas ao bem-estar físico, mental e emocional e social das crianças.

Nesse sentido, elencamos alguns dos aspectos fundamentais e de grande destaque ao longo da história da Medicina. Veja quais são!

Cuidados relativos à vacinação

Manter as vacinas em dia é essencial para a prevenção de diversas patologias. É muito importante destacar a necessidade de imunizar as crianças, conforme o calendário de vacinação.

Algumas formas de meningite bacteriana podem ser prevenidas por meio de vacinas contra Haemophilus influenzae tipo B (Hib), um dos agentes etiológicos de grande prevalência.

Portanto, é preciso garantir que as crianças recebam todos os imunizantes recomendados para reduzir o risco de doenças infecciosas. Igualmente relevante é manter visitas regulares ao pediatra. Crianças precisam fazer check-ups periódicos e monitorar o crescimento e o desenvolvimento físico, cognitivo e psicológico.

Nutrição adequada

A nutrição adequada é crucial para assegurar um crescimento saudável na infância e adolescência. A desnutrição é um dos principais determinantes do número de casos de urgências pediátricas na rotina médica.

Uma alimentação equilibrada proporciona os nutrientes essenciais a essa etapa da vida. Logo, é preciso garantir o aporte de vitaminas, minerais, proteínas e carboidratos. Tais elementos são extremamente necessários para otimizar o crescimento, desenvolvimento muscular, ósseo e estimular as funções cognitivas.

Além disso, uma dieta adequada pode diminuir o risco de doenças causadas por deficiências de micronutrientes. Na infância, as taxas de ferro, cálcio, vitamina D devem ser monitoradas periodicamente e ser mantidas estáveis.

Alimentos saudáveis estimulam a capacidade de concentração das crianças na escola, melhoram a memória e as funções cognitivas. Nesse contexto, o papel do médico — e dos nutricionistas — é fundamental quanto ao estímulo à mudanças na alimentação.

Combate à obesidade infantil

Dados publicados pela Fiocruz, sobre obesidade infantil, indicam que metade das crianças brasileiras estão acima do peso. O estudo contemplou quase 6 milhões de crianças, entre de 3 a 10 anos de idade, de ambos os gêneros.

A pesquisa foi coordenada por especialistas do The Lancet Regional Health - Americas em parceria com instituições brasileiras — como Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) —  além da University College London.

Segundo o relatório, a nova geração de crianças brasileiras está mais alta e mais obesa. As prevalências de excesso de peso e obesidade mantêm relação com o uso excessivo de eletrônicos. Esse hábito resulta no sedentarismo e no maior risco de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

Crianças acima do peso têm mais chances de desenvolver diferentes problemas de saúde. Muitos deles estão relacionados a alterações cardiovasculares e respiratórias, que enfileiram o ranking das urgências pediátricas no Brasil e no mundo.

Além do ganho de peso, outra preocupação é o tamanho do impacto sobre a saúde mental desse grupo. A utilização prolongada de dispositivos eletrônicos está intrinsecamente associada ao aumento da depressão, ansiedade e com dificuldades de atenção.

Saúde mental e emocional

A atenção à saúde infantil precisa incluir um suporte emocional, sobretudo nos casos de câncer infantil. No contexto interdisciplinar, o ideal é fornecer um ambiente seguro e apoio emocional que possibilite a promoção da saúde mental.

Outro fator importante é a identificação de problemas e de sinais precoces de problemas emocionais ou comportamentais na infância. O olhar atento é crucial para assegurar o suporte necessário e encaminhar para avaliação especializada.

Logo, o ideal é prestar um suporte diferenciado em situações delicadas que envolvem a saúde infantil, especialmente no que se refere à educação sexual das crianças. Além do mais, é necessário reconhecer e intervir precocemente em questões que podem gerar trauma infantil e comprometer a vida adulta.

Por que promover estilos de vida saudáveis na infância?

A promoção de estilos de vida saudáveis na infância é necessária porque impacta diretamente todos os fatores de desenvolvimento: social, cognitivo, físico e psicológico. Dependendo do nível de comprometimento dessas áreas, os problemas de saúde mental, física e o perfil comportamental podem ser permanecer afetados.

A responsabilidade sobre a qualidade da saúde infantil é extensiva a todos os envolvidos no contexto da vida da criança. Não apenas os médicos, mas também os pais, professores e responsáveis devem estar atentos a essa responsabilidade. Cada vez mais, é necessário fomentar uma educação positiva para as novas gerações.

Um dos problemas mais comuns está relacionado à má qualidade do sono. Tanto a falta como o excesso de sono são extremamente prejudiciais à saúde. Nesse aspecto, vale lembrar a influência da exposição à luz azul dos dispositivos eletrônicos. Isso pode interferir bastante no ciclo natural do sono das crianças, o que leva a dificuldades para dormir.

Portanto, é preciso estimular a adoção de práticas que ajudem a diminuir os fatores de risco para doenças comuns que surgem nessa etapa da vida. Muitos são os problemas que podem refletir na saúde infantil e elevar as chances de urgências pediátricas.

Outros aspectos relevantes são:

  • desenvolvimento social e comportamental prejudicado por pais ausentes;
  • habilidades sociais e emocionais comprometidas pela menor interação social;
  • insuficiência dos recursos de saúde voltados para crianças com necessidades especiais, como Síndrome de Asperger;
  • maior exposição a conteúdos digitais inadequados para a idade;
  • aumento dos riscos relacionados à segurança online, como cyberbullying e vulnerabilidade aos predadores.

Quais são as 4 principais urgências pediátricas?

Conceitualmente, as urgências pediátricas referem-se a condições médicas que exigem avaliação e intervenção imediata. O objetivo é proteger os riscos de complicações e garantir a saúde e o bem-estar das crianças. Enumeramos as urgências mais comuns na Pediatria. Veja quais são!

1. Febre alta

Vale frisar que a febre é uma resposta natural da imunidade nos casos de infecção. Porém, em episódios de febres muito altas — acima de 40°C — ou em quadros de febres persistentes, o ideal é avaliar de forma mais criteriosa.

Mesmo que a febre alta em crianças seja um sintoma comum e geralmente resultante de viremias ou de bacteremias, esse quadro requer atenção especial. Dependendo da causa, a febre alta em crianças pode ser uma urgência pediátrica. Observe:

  • infecções respiratórias virais e bacterianas: pneumonias, bronquites, bronquiolites, otite média, infecções urinárias podem configurar emergências hospitalares;
  • infecções gastrointestinais: as mais comuns são as gastroenterites virais ou bacterianas;
  • doenças inflamatórias: a maioria são de ordem genética, como a doença de Kawasaki;
  • reações de hipersensibilidade a vacinas: mesmo rara nesses casos, a febre alta pode surgir como parte da resposta imunológica.

Quanto à forma de tratamento dos quadros de febre elevada, recomendam-se os seguintes procedimentos:

  • controle da temperatura: pelo uso de medicamentos antipiréticos para reduzir a febre e diminuir o desconforto da criança;
  • hidratação contínua: beber líquidos ajuda a prevenir a desidratação, especialmente nos casos de febre alta prolongada;
  • monitoramento: verificar se há sintomas que acompanham a febre, como dificuldade para respirar e queixas de dor intensa.

2. Dificuldade respiratória

Existem várias condições subjacentes que levam ao surgimento de dificuldades respiratórias em crianças.

Veja as de maior prevalência na rotina clínica:

  • infecções de vias respiratórias superiores (IVAS): resfriados, gripes e infecções virais são mais comuns;
  • asma: as vias aéreas ficam inflamadas e estreitas, o que causa dificuldades respiratórias, sibilância e dispneia;
  • bronquiolite: de origem viral,a doença é mais comum em bebês e crianças pequenas;
  • pneumonia: em casos de maior gravidade, essa infecção pode levar à dificuldade respiratória;
  • laringotraqueobronquite: compromete as vias aéreas pela inflamação na laringe, traqueia e bronquíolos;
  • obstrução das vias aéreas: ocorre devido a edema ou à presença de corpo estranho aspirado;
  • anafilaxia: reação alérgica grave, que pode causar edema de glote, dificuldade respiratória e redução abrupta da pressão arterial.

Sintomas

Além da dispneia, a criança pode apresentar tosse seca ou produtiva, roncos e sibilos. Os principais sinais de alerta são a dificuldade para respirar, que requer atendimento médico emergencial e hospitalar.

Tratamento

Nesses casos, iniciar o tratamento rápido ajuda a evitar complicações. Normalmente, a assistência emergencial no manejo da dificuldade respiratória em crianças pode variar conforme a gravidade da condição.

Assim, as abordagens comuns incluem:

  • manter vias aéreas desobstruídas removendo corpos estranhos, se houver;
  • administrar oxigênio suplementar;
  • ofertar medicamentos broncodilatadores, no caso de asma ou bronquiolite;
  • usar corticosteroides para reduzir a inflamação;
  • administrar antibióticos, no caso de infecção bacteriana como pneumonia;
  • orientar sobre o tratamento específico para condições subjacentes.

3. Meningite

Essa doença se caracteriza pela inflamação das membranas que recobrem o cérebro, as meninges. Nas unidades de emergência, os casos de meningite em crianças é uma condição séria e que requer intervenção médica imediata e intensiva.

A detecção precoce e o tratamento intensivo são primordiais para minimizar o risco de evoluir para complicações.

Causas

Meningite bacteriana

Os patógenos mais comuns em meningite são o Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Neisseria meningitidis (meningococo) e Haemophilus influenzae, sobretudo o tipo B. Essas bactérias causam infecção nas meninges depois que ganham acesso à corrente sanguínea e alcançam o cérebro.

Meningite viral

É causada por enterovírus e vírus do herpes simples. Em vias gerais, a meningite viral tende a ser menos grave, quando comparada à bacteriana. Ela é de mais fácil resolução e costuma ter um curso mais benigno.

Meningite fúngica

Normalmente, esse tipo de meningite afeta crianças e adultos imunossupressores. Ela é causada por fungos como Cryptococcus e requer tratamento intensivo durante a emergência e no pós-alta.

Sintomas

  • fotofobia;
  • letargia;
  • convulsões;
  • febre alta repentina;
  • cefaleia intensa;
  • rigidez no pescoço;
  • náuseas e vômitos.

Tratamento

Crianças com suspeita de meningite devem ser hospitalizadas para uma efetiva monitorização e tratamento adequado. As terapias mais indicadas para o controle da doença são antibióticos ou antivirais, que podem variar conforme o tipo suspeito de meningite:

  • meningite bacteriana: indica-se antibióticos da classe das cefalosporinas, mas o tipo específico de antibiótico depende da identificação da bactéria causadora.
  • meningite viral: é controlada pelo uso empírico de antivirais;
  • controle dos sintomas: recomenda-se o uso de analgésicos e antipiréticos, caso necessário.
  • monitoramento: orienta-se a monitoração da condição clínica da criança, tais como aferição dos sinais vitais e avaliação dos níveis de consciência.

4. Choque anafilático

Esse quadro se caracteriza por uma reação alérgica grave e considerada potencialmente fatal. Geralmente, ela ocorre de forma muito rápida e intensa após a exposição da criança a um alérgeno específico.

O choque anafilático acontece quando o sistema imunológico está exageradamente sensível a certos alérgenos. Com isso, o organismo reage de forma exagerada promovendo uma resposta contra as reações de hipersensibilidade.

O choque anafilático em crianças é uma urgência pediátrica porque coloca a vida em risco. Logo, esse quadro requer ação rápida e eficaz a fim de garantir uma resposta adequada em caso de necessidade.

Causas

Alérgenos comuns

Geralmente, são desencadeadas por alimentos como amendoim, frutos do mar, leite e outros. O choque também pode se desencadear mediante picadas de insetos e certos medicamentos;

Herança familiar

O histórico familiar de alergias, tais como asma ou bronquite influencia o surgimento do quadro. Outros fatores como exposição ao frio excessivo ou estresse emocional intenso também podem desencadear esse tipo de reação.

Sintomas

  • edema na garganta e dificuldade para engolir;
  • rouquidão, que surge de repente;
  • tontura, confusão, perda de consciência.
  • náuseas, vômitos e dor abdominal.
  • coceira intensa, acompanhada de urticária;
  • dificuldade respiratória.

Tratamento

A melhor conduta nesses casos é chamar ajuda médica imediata. No hospital, a criança deve receber adrenalina, que é o tratamento de primeira linha para controlar esse quadro. Se for em casos muito graves, a administração de oxigênio suplementar pode auxiliar na respiração.

Como você notou, conhecer as principais urgências pediátricas pode fazer a diferença em diversos contextos. Além de saber como reconhecer os sintomas e os tratamentos mais adequados para a criança, o domínio desse assunto pode garantir a sua aprovação em provas de Medicina.

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