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Órgãos reserva: por que temos dois rins, dois olhos e outras partes duplicadas?

A maioria dos nossos órgãos são essenciais por si só e outros possuem reserva por questões evolutivas. Saiba mais sobre essa curiosidade aqui.

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Uma das muitas coisas subestimadas sobre o corpo humano é que ele possui uma grande capacidade excedente. Ou seja, nossos órgãos têm mais reserva do que a maioria de nós jamais precisará. Parece esquisito ler isso? Pois prepare-se para se surpreender ainda mais nas próximas linhas.

Sim, ter dois rins e dois olhos, entre outras partes do corpo duplicadas, não é uma necessidade. Trata-se, na verdade, de um traço evolutivo. Nossos corpos foram projetados com a ideia de que poderíamos precisar de backups em caso de doença ou lesão.

Funciona mais ou menos assim: os primeiros homo sapiens com órgãos que tinham capacidade funcional extra possuíam mais chances de sobreviver, prosperar e se reproduzir. Consequentemente, esses genes associados à capacidade excedente foram transmitidos às gerações futuras, resultando em humanos modernos com órgãos reserva.

Desde então, quando tudo vai bem, nascemos com dois rins, e não apenas um. Mas há mais redundâncias corporais em nós do que imaginamos. Descubra a seguir quais partes do seu corpo podem falhar ou ser removidas sem prejudicar sua saúde, e a importância dessa característica.

Quais partes do corpo são consideradas “extras”?

Há vários órgãos com reserva suficiente para que possamos, em caso de acidente ou de doença, por exemplo, perdê-los sem correr risco de vida. Entre eles estão:

  • Olhos: você pode viver com um olho, embora possa haver perda de percepção de profundidade e campo de visão.
  • Orelhas: a perda de audição em um ou mesmo de ambos os ouvidos não afeta imediatamente a saúde geral, embora possa impactar a qualidade de vida ao dificultar a localização de sons e a sua percepção direcional.
  • Intestino: o cólon inteiro pode ser retirado sem afetar a longevidade do paciente.
  • Rins: é possível viver bem com um rim, embora o rim restante tenha que trabalhar mais.
  • Fígado: grande parte do fígado pode ser removida devido à sua capacidade de regeneração.

Qual a importância de ter órgãos reserva?

Em termos de sobrevivência, muitas partes do corpo podem ser consideradas dispensáveis. No entanto, a qualidade de vida é um fator importante, e a remoção de certos órgãos pode ter impactos significativos nesse aspecto.  

Mesmo que não sejam absolutamente necessárias para a sobrevivência, perder um dos órgãos citados anteriormente pode resultar em efeitos adversos, como:

  • Orelha: estudos recentes sugerem que pessoas com deficiência auditiva correm um risco aumentado de desenvolver problemas cognitivos. Além disso, tal dificuldade pode afetar negativamente o equilíbrio.  
  • Intestino: alterações na digestão e na absorção de nutrientes. Dependendo da extensão da remoção, pode haver um aumento na frequência das evacuações, diarreia e possíveis deficiências nutricionais.
  • Rim: pode haver um risco ligeiramente aumentado de problemas renais no futuro, o que exigirá cuidado redobrado com mudanças de hábitos.
  • Pulmão: pode reduzir a capacidade respiratória e a eficiência na troca de oxigênio e dióxido de carbono. A pessoa pode sentir cansaço mais rapidamente e ter dificuldades em realizar atividades físicas intensas.
  • Fígado: pode afetar a função hepática, a metabolização de medicamentos e a desintoxicação do corpo.

Além disso, também há um padrão estética associado ao corpo com essa característica evolutiva. Espera-se, por exemplo, que todas as pessoas tenham duas orelhas. Logo, a perda de um destes órgãos pode trazer um impacto psicológico negativo, incluindo questões relacionadas à autoimagem.

Todos esses motivos demonstram que os órgãos reserva permanecem sendo um fator relevante para a saúde física e mental das pessoas. Afinal, essa redundância permite que indivíduos enfrentem doenças, lesões ou outras condições sem comprometer gravemente sua qualidade de vida.

Por fim, há ainda outro fator importante. Tal duplicidade também possibilita a doação de órgãos em vida para quem precisa.

Outros vestígios evolutivos do corpo humano segundo a ciência

Quem nunca ouviu alguém reclamar que o apêndice serve apenas para inflamar? Ou que as amigdalas existem apenas para infeccionar e nos deixar com dor de garganta?  

Pois bem. Tudo isso é um pouco verdade. Embora tais órgãos possuam funções bastante específicas, nascer sem eles ou removê-los ao longo da vida não traz um risco à integridade física ou mental do ser humano.  

Na verdade, em muitos casos, quando sofrem lesões ou inflamam, o diagnóstico precisa ser feito para que a piora do quadro não seja fatal. Estamos falando especificamente ds seguintes partes do corpo humano:  

  • Amigdalas: são parte do sistema imunológico e ajudam a combater infecções na garganta e nas vias aéreas superiores.  
  • Sisos: são dentes que ajudam na mastigação dos alimentos. Assim como outros molares, eles são projetados para triturar e moer alimentos duros e fibrosos.
  • Fíbula: atua basicamente como local para fixação dos músculos da perna, sendo dispensável para sustentação do peso corporal. Muitas vezes, utiliza-se este osso para reparar outros cirurgicamente.
  • Vesícula biliar: armazena bile produzida pelo fígado e a libera para ajudar na digestão de gorduras.  
  • Baço: ajuda a filtrar o sangue e a remover células sanguíneas danificadas, além de ter um papel no sistema imunológico. Por ficar próximo às costelas, está muito suscetível a traumas abdominais, e o seu sangramento é um risco à vida.

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