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Leptospirose: saiba tudo sobre a doença transmitida pela água em enchentes

Leptospirose: conheça mais sobre essa doença transmitida pela água em enchentes e saiba como controlar os seus impactos.

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Neste texto, vamos falar sobre os cuidados exigidos para o controle de uma perigosa doença transmitida pela água em enchentes: a leptospirose. Veja, então, o que é essa enfermidade, quais são suas causas, sintomas e como ocorre a contaminação.

Ainda abordaremos as condições que agravam os fatores de risco, assim como as práticas que diminuem o contágio pela doença. Confira um breve panorama sobre a leptospirose no país, com ênfase no aumento dos casos em consequência dos últimos eventos climáticos na região Sul.

O que é leptospirose

Trata-se de uma doença infecciosa causada pelas bactérias do gênero Leptospira. Tais patógenos são encontrados em água doce contaminada por urina de animais infectados. Os principais vetores dessa zoonose são os ratos, mas a Leptospira pode ser disseminada por cães, gado e porcos.

Em humanos, a infecção ocorre por meio do contato com água ou solo contaminados. Ela surge quando a bactéria entra no organismo por meio dos cortes na pele ou das mucosas.

Panorama da leptospirose no Brasil

Dados do Boletim Epidemiológico, publicado no site do Governo Federal, sugerem a necessidade de mais atenção às doenças transmitidas pela água em enchentes. Vale destacar, ainda, que alguns sintomas da leptospirose se assemelham aos de outras patologias.

Confira um recorte da publicação (com modificações) sobre essa temática que integra os cuidados discutidos no âmbito da Atenção Primária à Saúde:

A leptospirose é uma doença de notificação compulsória às autoridades de saúde desde 1993. Essa zoonose bacteriana potencialmente fatal é endêmica nos trópicos e pode ser diagnosticada erroneamente como dengue, chikungunya e outras doenças, devendo-se atentar para o diagnóstico diferencial desses casos.
No Brasil, no período de 2009 a 2019, foram confirmados 41.602 casos de leptospirose. Ocorreram 3.583 óbitos, e a letalidade foi de 8,6%, com incidência acumulada de 19,8 por 100 mil habitantes no país.
Na Região Nordeste, no mesmo espaço de tempo, foram confirmados 6.335 casos, ocorrendo 792 óbitos com letalidade. Considerando esse período, o estado de São Paulo confirmou o maior número de casos confirmados: 8.054 pessoas infectadas.

O risco de contaminação em grandes enchentes

Em situações de desastres naturais ou calamidade pública, como enchentes, as pessoas que entraram em contato com lama ou água podem se infectar com a bactéria Leptospira. Se a água da chuva estiver contaminada ou misturada com esgotos, quem entrar em contato com essa água pode manifestar os sintomas da doença.

Por isso, a recomendação da Defesa Civil é que tanto a população quanto os profissionais de saúde fiquem atentos quanto aos riscos de contaminação. Logo, é de suma relevância manter vigilância ativa para a identificação imediata de casos suspeitos de leptospirose.

Casos como o do Rio Grande do Sul servem de alerta quanto aos riscos de leptospirose. No estado, um grande número de pessoas foram afetadas pela doença em 2024. Os dados são da Agência Brasil - EBC. Confira:

  • 17 mortes pela bactéria, depois do início das chuvas e enchentes;
  • 4,5 mil casos suspeitos da doença.

Como ocorre a contaminação

A contaminação pela Leptospira geralmente ocorre pelo contato com água, solo ou alimentos contaminados. A bactéria pode estar presente na urina de animais infectados, que se mistura com a água das chuvas.

A Leptospira é uma bactéria que se adapta aos ambientes de alagamento. Ou seja, ela pode sobreviver por semanas a meses tanto no solo como em lama, água doce ou salgada. Por isso, o contato direto com a água contaminada pode causar infecção, principalmente em pessoas com feridas na pele.

Principais sintomas

Quem almeja cursar Medicina deve estar atento aos sinais da doença, pois esse assunto pode ser cobrado no ENEM.

Em geral, as manifestações variam conforme o nível de comprometimento da enfermidade. Em casos mais graves, a leptospirose pode causar as seguintes complicações:

  • insuficiência renal;
  • insuficiência hepática;
  • meningite.

Porém, os sintomas mais comuns são:

  • febre alta e calafrios;
  • dores musculares intensas;
  • dores articulares;
  • dor de cabeça;
  • náuseas e vômitos;
  • irritação nos olhos ou conjuntivite;
  • icterícia;
  • rash cutâneo.

Condições que elevam os riscos de leptospirose

Todos os profissionais de saúde devem estar atentos a condições consideradas agravantes em relação a doenças transmitidas pela água em enchentes, como a leptospirose.

Destacamos as mais relevantes.

Exposição ocupacional

Profissionais de saúde, bombeiros e outros que atuam na Defesa Civil, Exército e similares apresentam mais risco ocupacional. Nesses ambientes de trabalho, há maior probabilidade de o indivíduo entrar em contato com água ou solo contaminados.

Outros profissionais, como agricultores, trabalhadores de saneamento básico, da construção civil e veterinários, também integram o grupo com maior risco de contrair leptospirose.

Exposição a ambientes de inundação

Moradores de áreas propensas a enchentes, inundações e alagamentos também estão incluídos nos grupos de risco. O contato frequente com a água contaminada pode se tornar uma fonte direta de infecção.

Estações chuvosas

Doenças como a leptospirose são mais comuns durante as estações chuvosas, como as chuvas de verão. Nesses períodos, a água de enchentes pode se misturar a águas pluviais e criar condições favoráveis para que a bactéria Leptospira sobreviva no ambiente.

Prevenção da leptospirose

Uma das intervenções que se mostram mais eficazes é o investimento em saneamento básico. Para o controle da doença, o ideal é a adoção das seguintes ações:

  • obras de saneamento básico, com suporte adequado ao abastecimento de água, lixo e esgoto;
  • melhorias nas habitações humanas;
  • evitar o contato direto com água ou lama de enchentes;
  • orientar as crianças sobre o risco de brincar ou de nadar nessas águas;
  • uso de botas e luvas de borracha por pessoas que atuam nos ambientes de risco.
  • adoção de medidas de combate aos roedores;
  • acondicionamento e destinação adequados do lixo;
  • armazenamento apropriado de alimentos;
  • manutenção e desinfecção de caixas d'água.

Tratamento da leptospirose

O tipo de tratamento depende da condição clínica e da gravidade dos sintomas do paciente. Nos casos leves, o atendimento pode ser feito em nível ambulatorial. Porém, em quadros graves, o ideal é que a hospitalização seja imediata. A intervenção mais indicada é a antibioticoterapia, que está indicada em qualquer etapa da doença.

Por fim, vale destacar que os cursos da área de saúde devem disseminar mais informações sobre os riscos que as águas contaminadas podem representar. A educação preventiva é essencial para alertar a população sobre ambientes propícios à sobrevivência do agente etiológico da leptospirose.

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