Internação prolongada na UTI: o que acontece com o organismo?
Internação prolongada na UTI: saiba mais sobre o que acontece com o organismo e quais são as melhores formas de recuperação desse quadro.

Apesar de necessária em alguns casos, a internação prolongada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode trazer graves consequências para o paciente. No entanto, de acordo com o grau de comprometimento do quadro e o perfil do paciente é possível que os prejuízos sejam reversíveis após a alta.
Dada à relevância da temática, vamos abordar os principais aspectos relacionados a esse tipo de internação. Entenda quando ela é indicada, como funciona e quais são as ações que reduzem os efeitos indesejados sobre a saúde do paciente. Boa leitura!
O que diferencia uma internação prolongada de uma breve hospitalização?
Existem alguns aspectos que diferenciam uma internação prolongada de hospitalizações por curtos períodos. Um dos fatores cruciais é o motivo da internação: doenças crônicas que se agravam, quadros sistêmicos e infecções respiratórias graves exigem, em geral, mais tempo de internação em UTI.
Já os quadros agudos de doenças virais e bacterianas são mais brandos e, em geral, são resolvidos com internações breves, que levam de 3 a 5 dias. O estado clínico do paciente e o nível de cuidado também são fatores determinantes sobre o tempo necessário de hospitalização.
Quais são as particularidades de uma internação na UTI?
Conceitualmente, a internação prolongada é aquela em que o paciente permanece hospitalizado por mais de 15 dias. Os casos mais graves, que exigem essa conduta médica, envolvem doenças crônicas em estado avançado e que levam a infecções respiratórias ou sistêmicas.
Mas há outras situações que requerem internação mais longa em UTI. As mais comuns são complicações cardíacas, tais como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC) e acidentes automobilísticos que geram grandes impactos.
Vale ressaltar que a internação prolongada traz certas particularidades que devem ser consideradas pela equipe assistencial. No pós-alta, o paciente pode necessitar de cuidados especiais, tanto da equipe multiprofissional quanto dos familiares.
Entre os mais relevantes destacam-se:
- auxilio para locomoção;
- atenção às comorbidades geradas pela doença;
- apoio na administração de medicamentos;
- ajuda com alimentação;
- cuidados com a hidratação;
- evitar o uso de anabolizantes;
- suporte para os cuidados com higiene pessoal.


Quais as mudanças no corpo após uma internação prolongada?
Após a alta, o paciente pode ter certas dificuldades devido às alterações sofridas pelo corpo em decorrência do tempo prolongado de internação. Listamos alguns quadros mais comuns, nesses casos. Observe quais são!
Maior vulnerabilidade a edemas
Uma das condições que mais chama a atenção no pós-alta é o edema do paciente. Em geral, o inchaço resulta do excesso de água que se acumula sob a pele. Dependendo da gravidade da doença, há o risco de o indivíduo apresentar inflamação em vários sistemas do corpo. Nesse processo, a água extravasa pelos tecidos e fica retida embaixo da pele.
Devido à própria fisiologia do organismo, os vasos sanguíneos permitem a passagem de líquido para o exterior. A água atravessa os poros microscópicos presentes na parede dos vasos.
Na internação prolongada associada ao estado de inflamação sistêmica, os poros presentes nos vasos aumentam de tamanho. Essa condição ajuda a entender a maior vulnerabilidade dos pacientes internados por longos períodos ao edema.
Destacamos outros fatores que também contribuem para a formação do inchaço:
- maior retenção de líquidos devido à diminuição da produção de urina;
- excesso de líquido administrado com soros e medicamentos;
- redução do volume de proteínas no sangue, que colaboram para a retenção de água nos vasos.
Perda de massa muscular
Nos casos de doenças mais graves, a perda da massa muscular é uma das consequências mais preocupantes quando o paciente é liberado para casa. Isso porque esse quadro está intrinsecamente relacionado à diminuição da síntese de proteína, que acontece em situações de estresse elevado e inflamação.
Em vias gerais, pode-se afirmar que o músculo esquelético é um dos principais componentes da massa corpórea total. Esse tipo de massa desempenha funções essenciais em diferentes processos fisiológicos.
Os mais relevantes são:
- complemento da resposta imunológica;
- regulação e equilíbrio dos níveis de glicose;
- síntese proteica;
- metabolismo energético.
Portanto, quando o paciente emagrece muito durante a internação prolongada, é necessário cuidados redobrados com a sua recuperação. Há uma relação muito próxima entre o percentual de massa magra e a estabilidade das funções fisiológicas. Por isso, estimular a reposição da massa perdida é fundamental para a reabilitação do paciente.
Comprometimento da mobilidade
Nos casos de o paciente ficar acamado por mais de 15 dias e receber a administração de medicamentos sedativos, o risco de diminuição da mobilidade é maior. A explicação provável é que essa situação resulte da atrofia muscular, que pode ser exacerbada pelo edema.
Entre as condições que afetam a saúde e que podem levar à perda da mobilidade são as lesões nos nervos periféricos e problemas de circulação, tais como quadros de tromboses. Quando o paciente permanece por muitos dias em repouso, a irrigação sanguínea é mais lenta e pode gerar essas complicações.
Além disso, quando somada à atrofia e ao edema dos membros periféricos, a irrigação insuficiente causa fraqueza muscular. Com isso, o indivíduo começa a apresentar dificuldade para a realização de alguns movimentos, principalmente daqueles que envolvem os músculos esqueléticos.
Se não houver um tratamento adequado para a reabilitação, o paciente pode apresentar fraqueza na musculatura respiratória, o que coloca em risco as funções vitais. Em geral, os prejuízos relacionados à redução da mobilidade são:
- dores nas pernas;
- má perfusão sanguínea;
- redução da força osteoarticular;
- perda da função muscular.
Como reduzir os desgastes sobre o organismo causados pela internação prolongada?
Quando o paciente recebe alta, ele precisa seguir as orientações de continuidade do tratamento para acelerar a sua reabilitação. Nesses casos, confira as intervenções mais eficazes:
- readaptação da dieta;
- mudanças no estilo de vida;
- investimento na higiene do sono;
- fisioterapia para estimular a recuperação da massa muscular;
- suporte emocional, como o controle da ansiedade e depressão;
- realização de atividade física, como musculação e caminhada leve.
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Como foi possível perceber, os cuidados com o paciente submetido a uma internação prolongada são essenciais para a sua recuperação física e mental, já que sua saúde pode ter sido afetada significativamente e intervenções importantes sejam fundamentais para garantir e promover seu bem-estar.
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