Graduação

A experiência da graduação pelo olhar de um estudante de Medicina

Este artigo foi escrito por um estudante e nós o trouxemos para cá para que você tenha a chance de conhecer a vivência da graduação em Medicina. Aproveite!

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minutos de leitura

Este artigo foi escrito pelo estudante Johnatan Felipe, membro discente da Academia Brasileira de Neurologia, ao site da PEBMED em 2021. Nós o trouxemos para o nosso blog, para que você tenha a chance de conhecer a vivência da graduação em Medicina a fim de acalmar seu coração. Aproveite!

A aprovação no vestibular de medicina é um ápice de felicidade após um longo período de esforço constante. Um verdadeiro mix de sentimentos: a alegria da família junto às incertezas que vêm com um novo caminho de descobertas e desafios. Em muitos casos, inclusive, fazer um curso superior envolve sair da cidade de origem.

Porém, em pouco tempo, os sentimentos são soterrados sobre uma montanha de conteúdos do ciclo básico. Histologia, embriologia, anatomia e fisiologia, sem dúvidas, são matérias que nos tiram da nossa zona de conforto. Afinal, não apenas apresentam um volume didático enorme e essencial à prática médica, mas também porque exigem do aluno o que poderia ser chamado até de “novo idioma”.

Clínica-escola

No ciclo clínico, uma nova realidade se impõe: contato com pacientes, cercado pelo mundo fantástico da semiologia e o estudo das diferentes patologias clínicas, que sempre nos mostram que ainda temos muito a aprender. Esse é um momento especial, pois acontece a primeira interação com pessoas em estado de sofrimento e dor.

Esse primeiro contato é diferente do que já pudéssemos ter experimentado com um familiar ou com um conhecido próximo, porque estamos ali para exercer uma função específica: amparar o indivíduo em seu estado de adoecimento. Curando quando possível, aliviando frequentemente e consolando sempre.

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Arquivo pessoal

Ciclo de Internato

Nessa fase, o clima de seriedade e as responsabilidades se intensificam. É quando colocamos em prática e amadurecemos nossas habilidades prévias, assim como aprendemos muitas outras. Também é o momento em que se iniciam estágios práticos, sendo desafiadores os ambientes de emergência, CTI, enfermarias e ambulatórios, onde colocamos à prova a nossa formação e interagimos com nuances do sistema de saúde.

Rodar em diferentes especialidades durante o ciclo de internato é um momento único para enxergar a diversidade de possíveis caminhos que existem dentro da medicina. A partir dessa vivência, podemos escolher a especialidade em que seguiremos carreira, pois vemos se a realidade diária é o que realmente queremos ou apenas uma idealização.

Crescimento pessoal

O que estou descrevendo é um apenas um resumo breve dos ciclos que compõem a graduação em medicina. Afinal, se fossem colocadas em detalhes toda a descrição das nossas lutas diárias, seria um texto extenso demais.

De qualquer forma, o que sinto de mais relevante é perceber o que realmente podemos vivenciar para além dos estudos durante esses seis anos. Em minha opinião, há um verdadeiro amadurecimento pessoal e um potencial infinito de desenvolver nossas habilidades humanas em prol de ajudar quem mais necessita, seja nos contextos mais complexos ou nos mais simples.

A experiência de “se tornar médico” gera uma possibilidade real de crescer e conhecer melhor a si mesmo e ao outro, assim como as possíveis rotas que podemos trilhar em nossas vidas. Não posso ser ingênuo e dizer que a medicina não cobra um preço por tudo isso. Como alunos, nós enfrentamos sofrimentos gritantes e situações revoltantes em plena flor da juventude, sendo “forçados” a amadurecer rapidamente.

Em muitos casos, isso é a fórmula perfeita para que transtornos psíquicos se estabeleçam ou se intensifiquem. Não à toa, situações como estas têm sido cada vez mais frequentes entre os estudantes que, na maioria das instituições de ensino, são negligenciados.

O início de uma jornada

Hoje, na proximidade da minha formatura, vejo que é real o que muitos professores comentam: os seis anos da graduação são apenas o pontapé inicial do “aprender a ser médico”. Somente o início do descobrimento da medicina em sua totalidade.

Percebo que algo fundamental nesses “breves” seis anos é se apoiar no ombro de grandes mestres. Aprender com eles, que têm valorosa carga de experiência acumulada, e descobrir respostas para dúvidas individuais que eles já tiveram e, agora, repassam como conhecimento.

Em suma, com os meus mestres no Hospital Universitário Antônio Pedro, aprendi que na atuação médica não existe outro caminho se não o paciente, de forma integral e profunda, para além da doença que o aflige. Eles devem ser o centro de nosso esforço de trabalho e serviço, pois de outro modo os conceitos ficam desconexos e vazios, e a medicina deixa de ser também uma arte.

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