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Doação de órgãos: entenda tudo sobre este assunto

Doação de órgãos: um ato voluntário e altruístico. Entenda tudo sobre este assunto e veja como é o procedimento legal para se tornar um doador.

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Saber como funciona a doação de órgãos no Brasil é importante para incentivar a participação popular em campanhas centradas nessa ação. Em muitos casos, o transplante de órgão ou tecido pode ser a única chance de um recomeço. Isso também envolve os familiares daqueles que dependem da solidariedade de algum doador.

No Brasil, essa prática vem crescendo continuamente: segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 87% dos transplantes em brasileiros são feitos com recursos públicos. Isso gera benefícios significativos e renova a esperança de muitas pessoas que estão na fila de espera.

Em vista disso, vamos apresentar um panorama sobre a doação de órgãos no Brasil. Veja como tudo funciona, quais são as etapas realizadas nesse processo até o transplante e quem está apto a doar. Acompanhe!

Conscientização: doação de órgãos é um gesto para salvar vidas

A conscientização desempenha um papel crucial na hora de potencializar ações positivas na promoção da doação de órgãos. Doar é um gesto que influencia atitudes, desmistifica crenças eradas e incentiva mudanças de opinião em relação a essa prática.

Estimular campanhas a favor dessa causa é de extrema relevância. Por meio delas, a população pode se conscientizar de que uma decisão positiva nesse sentido pode salvar vidas e melhorar a saúde de muitas pessoas.

Logo, a conscientização sobre esse ato impacta, positivamente, a qualidade de vida de muitas pessoas. Outro ponto crucial é que melhora, estatisticamente, o cenário de transplantes no país, que já é um dos mais avançados do mundo.

Nas últimas décadas, o número de adeptos a essas campanhas têm crescido. Isso demonstra o alcance de respostas favoráveis quanto aos resultados das ações de incentivo à doação de órgãos.

A doação de sangue também é incluída nessas campanhas, que estimulam tanto o cuidado com a saúde física quanto com a saúde mental. Além de ser um gesto nobre e capaz de salvar vidas, doar sangue faz bem para quem toma essa atitude.

Destacamos algumas das razões mais significativas que podem estimular tomadas de decisão em favor da doação para transplante de órgão ou tecido. Confira, nos subtópicos a seguir, detalhes adicionais sobre esse ato tão nobre!

Salvamento de vidas

O gesto de doar um órgão in vivo — ou de comunicar essa decisão para a família permitir a retirada dos órgãos após a morte — pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas.

Pessoas que estão na lista de espera aguardando um transplante, enfrentam, muitas vezes, condições de saúde críticas. Assim, a decisão pela doação oferece uma chance, às vezes, única, de sobrevivência e de recuperação da qualidade de vida.

Melhoria da qualidade de vida

Além de salvar muitas vidas, a doação também é determinante para a melhoria da qualidade de vida dos receptores. Principalmente daqueles que sofrem de doenças crônicas ou já se encontram em estágios terminais.

Dependendo do caso, das condições clínicas e da idade do paciente, receber um novo órgão e passar por um transplante bem-sucedido permite o retorno a atividades de rotina. Muitos pacientes conseguem fazer uma faculdade, continuar a trabalhar e seguir a sua trajetória de vida.

Conscientização sobre a escassez de órgãos

Incentivar campanhas de conscientização também é importante para que a população fique ciente do número de pacientes que esperam doação e da escassez. Há poucos órgãos disponíveis para transplante, devido à falta de doadores. Equilibrar essa balança e solucionar essa questão é um desafio global.

Desmistificação de crenças

Tanto no Brasil como em outros países, a falta de conscientização está ligada a influências culturais e mitos. Muitas pessoas que seriam doadores potenciais têm dúvidas sobre o processo, mas não buscam esclarecê-las. Para os vestibulandos de Medicina, essa é uma discussão relevante, pois é bastante cobrada nos vestibulares e no Enem.

Nesse contexto, a educação tem um poder transformador, de mudar opiniões, estimular atitudes positivas e modificar o panorama da doação de órgãos. Por isso, a educação e a informação são armas valiosas para desmistificar esses conceitos equivocados e transformar a realidade desse cenário.

Estímulo ao registro como doador

Quanto ao registro de doadores, mais uma vez é preciso contar com o estímulo à conscientização. Explicar esse processo e esclarecer as dúvidas frequentes pode motivar um número maior de pessoas a registrar a sua decisão de se tornarem doadoras.

No Brasil, assim como em muitos países, a decisão de doar órgãos precisa ser documentada. Logo, além de ser uma escolha pessoal e familiar, esse processo precisa seguir os trâmites constantes na legislação.

Razões para ser um doador de órgãos

Conheça, a seguir, algumas das razões que motivam a decisão de se doar um órgão!

Atitude nobre

A conscientização sobre a doação de órgãos é um dos fatores mais relevantes na modificação do cenário enfrentado por quem precisa de solidariedade. Mas para atingir esse objetivo, também é necessário incentivar conversas familiares entre os membros que expressam o desejo de se tornar um doador.

Quando as famílias dialogam entre si e se tornam cientes da importância que esse ato representa, abrem-se novos horizontes. Afinal, além de todas as implicações, doar órgãos também é uma forma de um ente querido falecido continuar “vivo”.

Por isso, convém estimular a ampliação da discussão em torno desse tema, incentivando mais pessoas a essa tomada de decisão. Muitas vezes, as pessoas não aderem às campanhas por falta de conhecimento sobre o processo ou não sabem como ser um doador de órgãos.

Contribuição para a pesquisa médica

Outro motivo que incentiva a adesão à doação de órgãos é que esse gesto também é vital no desenvolvimento da pesquisa em vários campos da Medicina. Cada órgão doado é útil em relação ao avanço do conhecimento, permitindo também melhorar técnicas de transplante e ainda desenvolvendo novas terapias, que podem potencializar novos tratamentos.

Apoio às famílias enlutadas

Ser um doador de órgãos vai além da possibilidade de auxiliar uma pessoa que está na fila de transplante. É um gesto nobre, que não se limita apenas a quem recebe o órgão: envolve, por extensão, o apoio às famílias enlutadas. Gera, portanto, um impacto muito positivo e conforto para os familiares em um momento delicado.

Lei 14.722/2023 entra em vigor e incentiva a doação de órgãos

Recentemente, foi aprovada a Lei 14.722/2023, que incentiva a doação de órgãos no Brasil. Confira as informações sobre essa Lei, conforme constam no site do Senado Federal:

A lei que cria a Política Nacional de Conscientização e Incentivo à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos começa a valer em fevereiro de 2024. Esta nova legislação ficou conhecida como "Lei Tatiane", em memória à Tatiane Penhalosa, que faleceu aos 32 anos por não conseguir um transplante de coração.
A norma visa informar e conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, além de promover esclarecimento científico sobre o tema. Em 2019, mais de 5 mil famílias se recusaram a doar órgãos de seus parentes no Brasil e, por aqui, a doação só pode ocorrer com a autorização da família.

Panorama da doação e transplantes de órgãos no Brasil

Em nosso país, a doação é caracterizada por alguns desafios e conquistas. Felizmente, já houve uma melhora significativa no panorama que envolve a decisão pela doação de órgãos, sangue e tecidos.

Veja, agora, alguns aspectos relevantes das conquistas e avanços desse cenário no âmbito nacional!

Aumento no número de transplantes

No Brasil, o setor responsável pela coordenação da doação de órgãos e transplantes em todo o país é o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Esse departamento tem a função de organizar e otimizar o processo de transplante de órgãos e tecidos, além de identificar potenciais doadores e gerenciar o acompanhamento pós-transplante.

Nos últimos anos, nosso país vivenciou muitas conquistas quanto à mudança de opinião e comportamento no que se refere à doação de órgãos, sangue e tecidos. Ou seja, houve um aumento significativo no número de transplantes realizados. Isso abrangeu diferentes tipos de órgãos, tais como rim, fígado, pulmão e coração.

Papel das campanhas de conscientização

Muito desse avanço se deve ao papel das diversas campanhas de conscientização. Elas têm sido cruciais para disseminar informações e reduzir os estigmas que envolvem esse ato. Fomentar campanhas com essa proposta é essencial na hora de sensibilizar a população sobre a importância de se registar como doador.

Melhoria na infraestrutura hospitalar

Houve, ainda, muitos investimentos a nível federal, estadual e municipal na infraestrutura hospitalar. A meta é melhorar os espaços destinados a essas cirurgias e reestruturar as condições de realização de transplantes.

Além disso, as equipes médicas também receberam mais treinamento, o que possibilitou atingir melhores resultados. Logo, o sucesso dessas intervenções também são sinais positivos para que outros sejam motivados a participarem das campanhas de doação de órgãos e tecidos.

Desafios da lista de espera

Apesar dos avanços, ainda há muitos desafios relacionados à lista de espera. Como não há doadores suficientes, a fila ainda é longa, de modo que muitas pessoas estão no aguardo de oportunidades de transplante.

Às vezes, a recusa familiar impede a resolução de casos importantes, o que se torna mais um desafio a ser superado. Pela legislação, ainda que uma pessoa falecida tenha registro como doadora, os parentes precisam ser consultados, pois cabe a eles a decisão final.

Campanhas estimulam o crescimento da doação de órgãos no país

Segundo o site do Ministério da Saúde, órgão que gerencia e aplica as políticas públicas de saúde, o Brasil bateu um recorde de doações de órgãos no ano de 2023. Veja o texto publicado:

De janeiro a junho de 2023, o país registrou mais de 1,9 mil doadores efetivos de órgãos. Esse é um número recorde de doações, quando comparados aos números do mesmo período dos últimos dez anos, e possibilitou a realização de mais de 4,3 mil transplantes.
Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), esse quantitativo representa aumento de 16% no número absoluto de transplantes de órgãos, quando comparado com o mesmo período de 2022. O Brasil também registrou mais de 6,7 mil potenciais doadores nos primeiros seis meses deste ano.

Quantidade de transplante feitos no Brasil

No país, uma das filas de maior tamanho é a de transplante de córnea. No primeiro semestre de 2023, foram realizados 15% a mais de procedimentos do que no mesmo período do ano anterior. Com isso, 7.810 pacientes foram transplantados.

Enumeramos, abaixo, a quantidade de transplantes feitos de janeiro a junho de 2023, segundo o Ministério da Saúde. Os dados são do mesmo documento do MS citado no tópico anterior. Confira:

  • Rim – 2,9 mil;
  • Fígado – 1,1 mil;
  • Coração – 206;
  • Pâncreas e rim – 47;
  • Pulmão – 37;
  • Pâncreas – 13;
  • Multivisceral – 1.

O número muito mais elevado de doações de rim e fígado se justifica pelo fato de que estes são órgãos que podem ser doados por doadores vivos. Isso porque, no caso do rim, temos dois órgãos e é possível viver apenas com um deles, o que acontece tanto com o doador quanto com o receptor. Já o fígado é um órgão que tem a capacidade de se autorregenerar, de modo que se doa apenas uma parte do órgão e a fração que ficou no doador bem como a parte transplantada se regeneram até se tornarem um órgão completo.

Como funciona a doação de órgãos no Brasil

Por questões éticas e legais, a doação de órgãos no Brasil precisa se adequar às normas regulamentadoras. O objetivo é garantir mais segurança, eficiência e eficácia em todas as fases desse procedimento.

Destacamos uma visão geral das etapas que envolvem o processo no nosso país, desde como ser um doador de órgãos até a cirurgia. São elas:

  • Registro como doador nos órgãos competentes;
  • Consentimento familiar, a fim de que a equipe médica tenha o aval da família para a doação de órgãos de doador falecido;
  • Notificação da Central de Transplantes, a fim de seguir os trâmites legais;
  • Avaliação e compatibilidade, com informações do potencial doador sobre o seu histórico médico;
  • Procedimento cirúrgico.

Quem está apto a ser um doador

Há dois tipos de doadores: os doadores vivos, que geralmente são pessoas próximas ao receptor, e os doadores falecidos. Nestes, a doação ocorre após a confirmação da morte encefálica, que leva à perda irreversível de todas as funções do cérebro.

Contudo, a elegibilidade para a doação depende de vários fatores. Dentre eles, podemos incluir a causa da morte e a condição dos órgãos, que são testados sobre a contaminação por doenças, como a Aids. Todos os critérios são avaliados por meio de protocolos médicos.

A decisão pela doação é um ato voluntário e altruístico

Mas é preciso fomentar maior conscientização e educação de forma contínua. Com políticas públicas mais centradas nessas ações é possível fazer com que um número maior de pessoas compreendam a importância da doação de órgãos, medula e sangue.

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