Critérios do MEC para liberação de novos cursos de Medicina
Após uma pré-seleção, a IES recebe uma visita do Inep. Descubra quais são os critérios do MEC para liberação de novos cursos de Medicina desde 2013!
A primeira coisa que uma instituição de ensino (IES) precisa fazer para ampliar o seu portfólio ou simplesmente abrir seu único curso de graduação é protocolar seu interesse durante a janela regulatória do Ministério da Educação (MEC). Este procedimento acontece por meio de um formulário, que deve ser preenchido on-line, juntamente ao pagamento de uma taxa, cujo valor pode variar entre um ano e outro.
Cinco meses depois, a IES recebe uma solicitação para o envio de mais informações, que por sua vez é acompanhada de uma visitação da comissão técnica do Inep. Desde 2013, após uma consulta com o Ministério da Saúde, as instituições pré-selecionadas precisam passar por uma avaliação rigorosa. Nas próximas linhas, você descobrirá quais são os critérios do MEC para liberação de novos cursos de Medicina.
Necessidade da região
Um dos papéis mais importantes da abertura de novos cursos de Medicina é garantir o acesso universal a atendimentos de saúde. Porém, em um país tão grande e extenso como o Brasil, isso é uma missão difícil, que precisa de uma boa estratégia para que um dia seu objetivo primeiro seja cumprido.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que a proporção ideal para que uma população não fique vulnerável é de 2,7 médicos para cada mil habitantes. Este é o número encontrado no Reino Unido, cujo sistema público de saúde fica atrás apenas do brasileiro em tamanho.
Quando o programa Mais Médicos foi lançado em 2013, o Brasil possuía 1,8 médicos para cada mil habitantes, sendo que, em 700 municípios, não havia nenhum profissional residindo na localidade. Desde então, houve um aumento de 69% no número de escolas médicas, para que o nível mundial padrão seja atingido até 2026.
Por aqui, os grupos sociais mais carentes dessa assistência são os povos ribeirinhos, os quilombolas, os indígenas e os moradores de assentamentos das regiões Norte e Centro-Oeste. Além de ampliar o número de vagas em graduação, o programa também busca ofertar mais oportunidades de residência e especialização em pediatria, cirurgia, ginecologia-obstetrícia, clínica médica e medicina da família, que são as áreas com maior escassez de recursos humanos frente às necessidades do país.
Infraestrutura do município
No entanto, não basta atestar que a cidade em questão precisa de auxílio médico para atender seus moradores. Durante suas visitações in loco, os técnicos do Inep precisam verificar também se o município tem infraestrutura adequada para que os futuros estudantes da instituição possam de fato aprender e exercer a profissão.
Entre as exigências feitas estão:
- Ter um hospital com mais de 80 leitos no Sistema Único de Saúde (SUS) com potencial para ser hospital de ensino;
- Ter pelo menos cinco leitos gerais por aluno;
- Ter no mínimo três alunos por equipe de atenção básica;
- Ter leitos de urgência e emergência ou Pronto Socorro;
- Ter um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS);
- Ter pelo menos três programas de residência nas especialidades prioritárias que foram mencionadas no item anterior.
Além disso, a cidade também precisa ter aderido ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ). Isso porque este setor é a porta de entrada dos pacientes, onde eles recebem orientações sobre prevenção a doenças, e pode atender de 80% a 90% dos problemas de saúde de uma pessoa ao longo de sua vida.
Infraestrutura da instituição de ensino
Naturalmente, a qualidade da infraestrutura oferecida aos alunos pela IES também entra na roda para avaliação. Isso porque o curso de Medicina, como vários outros, depende de laboratórios, clínicas, equipamentos e tecnologias específicas para que o aprendizado seja efetivo. Mas os técnicos do Inep não se apegam apenas aos ambientes de ensino.
Por exemplo, é verificada a existência de áreas de convivência e de alimentação; de instalações administrativas e docentes, como salas de professores, salas de reuniões, gabinetes de trabalho e auditórios. A infraestrutura de segurança também é levada em consideração: deve contar com extintor de incêndio, sistema antifurto e sinalização bem distribuída e visível.
Durante as visitações in loco, ainda são conduzidas entrevistas com funcionários-chave. Os bibliotecários, para atestar, por exemplo, se a iluminação da biblioteca e os catálogos disponíveis para consulta de autor, título e assunto(s) atribuído(s) são satisfatórios.
Todas as dependências devem estar devidamente adaptadas para portadores de necessidades especiais e higienizadas, de acordo com os critérios de limpeza previstos. Inclusive, são averiguadas as condições de armazenamento de livros, para que não venham a ser destruídos por mofo.
Em suma, os recursos materiais e imateriais, como projetores visuais e acesso à redes de comunicação científica, recebem a mesma atenção que a estrutura física. Assim como se há políticas de aquisição, expansão e atualização do acervo de periódicos disponíveis aos alunos, e de apoio para que eles desenvolvam projetos acadêmicos.
Como saber se uma instituição é credenciada pelo MEC
A gente não escreveu tudo isso na expectativa de que você conseguirá identificar se uma universidade está ou não alinhada aos critérios do MEC durante uma excursão com o colégio. Até porque as avaliações funcionam por meio de notas. Portanto, mesmo que um centro universitário reprove em algum item da lista, a sua conformidade com vários outros pode fazer com que este seja aprovado no final das contas.
Para saber se uma instituição é credenciada, consulte a página do e-MEC. O credenciamento é requisito básico para que os cursos ofertados pela instituição também tenham o reconhecimento do Ministério e, assim, os diplomas emitidos tenham validade nacional e internacional.
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