Especialidades

Conheça a história da reprodução assistida

11
minutos de leitura

É bem provável que você já tenha ouvido falar sobre a reprodução assistida, não é mesmo? Mas afinal, o que é isso exatamente? E como isso pode me ajudar nas provas, vestibulares e, claro, durante toda a minha vida?

É isso que vamos responder ao longo deste conteúdo! Ele vai servir como um guia inicial sobre a história da reprodução assistida, fazendo você se sentir preparado o suficiente para arrasar em qualquer questão ligada ao tema.

Mesmo que você tenha deixado de ser um vestibulando, a leitura deste conteúdo é bem interessante. Afinal, ele trata de um assunto bem atual, que tem ganhado cada vez mais destaque no meio da ciência e no dia a dia das pessoas. E então? Vamos lá e boa leitura!

O que é a reprodução assistida?

A reprodução é o processo pelo qual os seres vivos geram descendentes. O objetivo é garantir a sobrevivência das espécies, mas, no caso dos seres humanos, há outros fatores em jogo.

Muitas pessoas desejam se reproduzir para constituir uma família. Contudo, nem todas conseguem isso de maneira natural, havendo vários motivos para isso, que vão desde alterações genéticas até problemas hormonais.

Técnicas de reprodução assistida

Nesses casos, é possível estimular o processo por meio do uso de técnicas variadas, chamadas de estratégias de reprodução assistida. Elas visam trazer mais chances de alguém engravidar, mesmo que ocorram dificuldades.

As técnicas também podem ser aplicadas em casos nos quais não há uma dificuldade de gerar um bebê. Impedimentos de cunho social podem ocorrer quando a mulher não tem parceiro ou se relaciona com outra pessoa do sexo feminino.

Na prática, a ideia é utilizar estratégias que envolvem a manipulação de óvulos e espermatozoides. Também é plausível o uso de medicamentos específicos que podem estimular o corpo a segurar aquela gestação até o fim.

Qual é a sua importância para a sociedade?

Como já mencionado aqui há pouco, a reprodução assistida é também uma questão social. Enquanto a reprodução é algo automático para outras espécies, no caso dos humanos, o assunto é muito mais complexo. Ter um filho é algo que divide as pessoas, e cada um tem a sua própria opinião sobre o tema.

Há aqueles que, por exemplo, escolhem uma vida sem a geração de descendentes, pelos mais variados motivos. No entanto, outras pessoas sonham com isso e fazem disso uma meta para a vida.

Nestes casos, há situações que podem dificultar a gestação. Além dos relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero, há problemas de saúde que podem prejudicar esse processo. Assim, é possível que a fertilização ou não ocorra, ou a gestação não consiga chegar até o fim.

Em todos esses casos, a reprodução assistida serve como uma forma de fazer a mulher passar pelo processo de gestação. Isso pode se dar das seguintes formas: ajudando na fertilização, na implantação do embrião ou controlando a gestação até o parto. Muitas vezes, tudo isso é feito de forma simultânea.

A importância está, então, na realização de sonhos. É uma possibilidade para quem quer gestar, mas, por razões diversas, não consegue fazer isso de forma 100% natural. Por causa dessa limitação, gostaria de fazer algumas tentativas antes de recorrer a outras alternativas, como a adoção.

Qual é a história da reprodução assistida?

Esta é uma técnica que pode até parecer ter sido desenvolvida recentemente. No entanto, há indícios na história da Medicina mostrando que ela tem raízes antigas, com desenvolvimento de métodos em culturas como Egito e Grécia Antiga.

No Egito, eram utilizados rituais de cunho religioso e até mesmo remédios com a tentativa de tratar a infertilidade das mulheres. E na Grécia, as técnicas foram mais desenvolvidas e até pequenas cirurgias foram feitas, visando sanar esses problemas. Além disso, a inseminação artificial começou a ser desenvolvida nessa época.

Contudo, foram muitos séculos até que as técnicas começassem a ser feitas na Medicina tradicional, com reconhecimento e regulação adequada. Precisamos chegar até o século XX, mais precisamente em 1953, para que o primeiro ser gerado por fertilização in vitro chegasse ao mundo.

O primeiro bebê humano a ser concebido com essa técnica nasceu em 1978. Louise Brown nasceu na Inglaterra, sendo um verdadeiro marco na ciência e contribuindo para avanços significativos na área, que seguem até hoje.

Como a reprodução assistida se desenvolveu ao longo dos anos?

Como vimos, a reprodução assistida passou por inúmeras mudanças ao longo da história. Na Antiguidade, ela era feita com técnicas muito rudimentares, que envolviam até mesmo a inseminação de esperma de animais e a realização de procedimentos sem qualquer embasamento funcional.

No entanto, com o passar dos anos, muitas técnicas foram desenvolvidas. Após o nascimento de Louise Brown, em 1978, a ciência avançou bastante nesse quesito, não só aperfeiçoando a fertilização in vitro, mas também desenvolvendo novas estratégias.

Alguns exemplos disso são a criopreservação de óvulos e embriões (processo que envolve o congelamento das células), a doação destas, a realização de injeções intracitoplasmáticas e muito mais.

Se ficou com dúvidas, não se preocupe: falaremos dessas técnicas e de informações importantes sobre as perspectivas futuras da reprodução assistida. Então, continue com a gente para saber mais a respeito do assunto!

Quais são os desafios dessa técnica?

Interessante, não é mesmo? A reprodução assistida é, sem dúvidas, um dos maiores avanços da Ginecologia e Obstetrícia nas últimas décadas. No entanto, a área ainda apresenta alguns desafios importantes, que não podem ser ignorados. Vamos saber mais sobre eles?

Baixa taxa de sucesso

Um dos principais desafios das técnicas de reprodução assistida está nas baixas taxas de sucesso. Elas variam de acordo com vários fatores, como:

  • idade da paciente;
  • estado de saúde geral da paciente;
  • causas da infertilidade;
  • qualidade do material coletado e utilizado;
  • técnica utilizada, entre outros.

Na fertilização in vitro, por exemplo, as taxas são de cerca de 30% de sucesso. No entanto, há casos em que as taxas podem ser bem maiores ou menores, a depender da idade da paciente.

Os mesmos 30%também são observados em tratamentos como a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).

Sendo assim, é importante que as pacientes estejam cientes dessas limitações. No início do tratamento, elas podem concordar em tentar, mesmo com as chances não sendo muito favoráveis em boa parte dos casos.

Muitas vezes, são necessárias várias tentativas até que a reprodução seja bem-sucedida e a gestação dure até o parto.

Custo alto

Outro fator que contribui para a dificuldade de acesso das pessoas à reprodução assistida é o alto custo dos tratamentos. Assim, muitas pessoas não têm como arcar com tais gastos, o que gera disparidade e desigualdade.

Os custos de uma fertilização in vitro (FIV) em território brasileiro variam entre R$ 10.000 e R$ 20.000. Outras técnicas, como a inseminação intrauterina, têm um valor menor: por volta dos R$ 3.000.

Alguns planos de saúde oferecem cobertura total ou parcial a algumas destas técnicas. Para isso, a paciente deve se enquadrar em alguns critérios pré-determinados. No entanto, é preciso entrar em contato com a empresa e verificar as possibilidades e as regras envolvidas no processo.

O Sistema Único de Saúde (SUS) também pode oferecer alguns destes serviços. Para tal, é importante que os pacientes busquem a orientação dos médicos e assistentes sociais da unidade que frequentam.

Riscos para a saúde

Investir na reprodução assistida e gerar um bebê também é algo que, como em qualquer outro procedimento, pode trazer alguns riscos à saúde. O primeiro deles é o fator emocional, que pode ser devastador para casais que querem uma criança e não obtêm sucesso nos tratamentos propostos.

No entanto, há outros riscos que podem estar envolvidos, como:

  • síndrome da hiperestimulação ovariana (SHO), no qual os ovários reagem de forma inadequada aos tratamentos medicamentosos implementados durante as técnicas, gerando dores, náusea e vômitos;
  • abortos espontâneos, que acontecem por conta de complicações que podem estar associadas à ineficiência das técnicas ou, ainda, às particularidades de saúde de cada paciente;
  • infecções, decorrentes do processo de coleta ou implantação de material no organismo feminino.

Vale a pena ressaltar que tais complicações são bem raras, e os procedimentos de reprodução assistida são considerados muito seguros. No entanto, é fundamental que as pacientes sejam informadas de tais possibilidades, por mais remotas que elas sejam.

Estigma da sociedade

Outro desafio associado à reprodução assistida é a questão do estigma da sociedade. Ainda que esse problema tenha sido reduzido ao longo dos anos, ainda há muitas pessoas que não entendem muito bem as técnicas e as vêem com maus olhos.

Esses estigmas podem ser solucionados a partir de uma participação maior da mídia na construção de informação da população sobre o assunto. A ideia é solucionar mitos e fazer as pessoas entenderem que muitas das suas ideias sobre o tema não se aplicam à realidade.

No entanto, esse é um trabalho de construção social, e leva tempo até ser concluído. É possível que algumas gerações sejam necessárias para resolver essa questão de maneira realmente eficiente.

Debates éticos

Por fim, a reprodução assistida também está envolta em diversos debates éticos, podendo contribuir fortemente para a questão do estigma social, sobre a qual falamos no tópico anterior.

Alguns deles são:

  • seleção de embriões, especialmente no que diz respeito à seleção de características desejadas nos filhos (cor dos olhos, do cabelo, da pele e outros);
  • descarte de embriões, que levanta debates sobre a vida e a morte e a responsabilidade parental envolvida em todo esse processo;
  • doação de gametas, que por muitos é vista como algo complicado, por conta da anonimidade e da impossibilidade de conhecer características psicológicas destes indivíduos.

Outro debate ativo atualmente é o que envolve as relações de barriga de aluguel. Há uma discussão sobre o assunto, especialmente no que diz respeito à responsabilidade, custódia e definição de “pais”. No entanto, este tipo de estratégia não é comum na realidade brasileira.

Tais debates tendem a evoluir com o tempo, passando por mudanças e alterações que vão seguindo as tendências sociais de cada época. Sendo assim, é bem provável que as discussões de hoje não estejam mais tão em alta em alguns anos, sendo substituídas por outros temas.

Quais são as técnicas de reprodução assistida?

Agora que você já sabe o que é a reprodução assistida e compreende a importância dela para o dia a dia das pessoas, que tal entender um pouco mais sobre as técnicas utilizadas nesse contexto? Vamos lá!

Inseminação Intrauterina (IIU)

A primeira técnica que vamos abordar é a inseminação intrauterina. Ela consiste na introdução do material (esperma) diretamente no útero da paciente. Essa é uma estratégia aplicada durante o período fértil da mulher, visando otimizar as chances da fecundação ocorrer.

Essa é uma técnica muito indicada para casais que apresentam dificuldade de engravidar. Um dos motivos pode ser a baixa contagem de espermatozoides do homem — tratados em laboratório para se tornarem mais viáveis — ou algumas alterações estruturais femininas. Mulheres com endometriose também são fortes candidatas a se submeterem a essa técnica.

Quem tem endometriose pode sofrer dificuldades na hora de engravidar. Nesse sentido, a presença de tecido endometrial fora do útero tem o potencial de obstruir as trompas de falópio, interferindo na liberação ou qualidade dos óvulos.

É considerada uma técnica pouco invasiva e, geralmente, a mulher está autorizada a ir para casa em algumas horas. É importante, no entanto, ficar atento a sintomas como dor abdominal, que podem indicar algum tipo de infecção.

Fertilização in vitro (FIV)

Aqui, a técnica utilizada é um tanto quanto diferente, sendo feita de forma externa. Ou seja: enquanto na IIU há a implantação do material dentro do corpo da mulher, o processo de fecundação, na FIV, é feito em laboratório.

A técnica de reprodução consiste em coletar óvulos da paciente (por um processo de aspiração transvaginal). Por meio deste procedimento em laboratório, a ideia é fertilizar os óvulos individualmente com o esperma do parceiro da mulher, ou de algum outro doador (que pode ser anônimo). Quando há um embrião viável, ele é implantado no útero da paciente.

A indicação da FIV é bem ampla. Boa parte das pessoas que realizam esta técnica o fazem por terem alterações anatômicas ou funcionais que impedem a ocorrência de uma gestação normal. Alguns exemplos são a endometriose ou a obstrução das trompas de Falópio. É uma técnica segura e com boa aceitação por parte do organismo.

Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)

Aqui, temos uma técnica que faz parte do processo da FIV. A sua realização é feita a partir de um equipamento conhecido como micromanipulador, que auxilia na visualização adequada dos materiais. Para isso, eles são preparados e dispostos em uma placa.

Depois, o embriologista entra em ação. A sua tarefa é fazer a seleção manual dos melhores espermatozoides, verificando quais deles são mais indicados para a fertilização. Assim, eles são capturados e injetados no óvulo, o gameta feminino.

Com a seleção manual dos melhores gametas, as chances de fertilização se tornam otimizadas. Afinal, apenas as melhores células são selecionadas, tornando possível que a gravidez ocorra após a FIV. Esta, por sua vez, ocorre logo em seguida, com a implantação do embrião no útero da mulher.

Transferência intrafalopiana de gametas (GIFT)

Agora, temos um procedimento um pouco mais complexo e invasivo. Ele é realizado a partir de uma anestesia geral, permitindo que todo o processo ocorra sem que a mulher sinta qualquer tipo de desconforto. Por conta disso, é pouco realizado atualmente.

O procedimento de transferência intrafalopiana de gametas consiste na colocação de gametas de forma direta nas trompas de Falópio (outrora conhecidas como tubas uterinas) da paciente. Isso é feito por meio da coleta dos óvulos, a mistura destes com os espermatozoides em um tubo e a aplicação direta do material no corpo feminino.

É uma técnica indicada em casos nos quais a mulher tem problemas com a ovulação. Além disso, o procedimento é aplicado quando o homem apresenta alterações leves em sua contagem de espermatozoides. Apesar disso, tem caído em desuso graças à necessidade de anestesia geral e a imprevisibilidade dos resultados obtidos.

Transferência de embriões congelados (TEC)

Quando uma pessoa passa por uma fertilização in vitro, é normal que “sobrem” embriões do primeiro procedimento. Estes se tornaram viáveis na etapa de cultivo dos gametas, mas acabaram não sendo utilizados. Neste caso, o que fazer? Uma alternativa é submetê-los ao processo de criopreservação, ou seja, de congelamento.

Caso o casal ou a mulher tenha embriões congelados, ela pode passar por um processo de preparação hormonal. Neste caso, o seu corpo ficará pronto para receber o novo embrião. Assim, seu endométrio (a camada que reveste o útero por dentro) estará adequado para a implantação do futuro bebê.

É uma técnica muito interessante para quem deseja postergar a gravidez, ou ainda, tenha vontade de ter mais filhos no futuro após um ciclo de FIV. Lembrando que aqui, as taxas de sucesso são um pouco menores do que na fertilização in vitro primária. No entanto, ainda trazem bons resultados de forma geral.

Dito isso, é fundamental salientar que técnicas específicas são destinadas a casos também específicos. Portanto, é importante que a decisão seja tomada em parceria entre o médico e a paciente, a fim de determinar as melhores estratégias em cada situação e contexto. Esse cuidado é crucial para que as chances de dar certo aumentem!

Quais são as previsões para o futuro da reprodução assistida?

Uau! São muitas informações. Mas continue com a gente, porque agora vamos falar sobre outro assunto muito importante: as perspectivas para o futuro da Medicina em relação à reprodução assistida. O que será que está por vir? Veja algumas ideias!

Melhorias nos diagnósticos

Há uma grande perspectiva de melhora nos diagnósticos de forma geral. Afinal, para que a reprodução assistida seja um sucesso, é essencial que o cerne do problema seja diagnosticado de forma realmente eficiente.

Assim, com essas melhorias, será possível prever com mais precisão quais são as técnicas com maior propensão a dar certo em cada um dos casos. Isso, convém destacar, é feito a partir da análise das necessidades particulares de cada paciente.

Melhorias na seleção de espermatozoides

Outra perspectiva para o futuro da reprodução assistida é a melhoria na análise e seleção de espermatozoides. Afinal, eles são um ponto crucial do sucesso dessas técnicas, determinando boa parte do processo a partir das suas características.

Atualmente, há técnicas já avançadas de análise dessas células. Estas podem ser obtidas a partir de doações dos chamados bancos de esperma, ou diretas, no caso de casais que estão tentando engravidar. Apesar disso, há uma expectativa de que a escolha dos espermatozoides se desenvolva ainda mais nos próximos anos.

Desenvolvimento de técnicas avançadas de tecnologia

E isso não é tudo! Há uma expectativa grande de otimização também em outras técnicas, como no caso do congelamento de embriões (TEC). Embora elas sejam bem eficazes hoje em dia, a ideia é melhorá-las, fazendo com que as células fiquem viáveis e estáveis por mais tempo.

O objetivo é permitir que os casais tenham mais chances de engravidar, especialmente após uma primeira tentativa que deu errado. Assim, os custos seriam reduzidos e as oportunidades, aumentadas.

Personalização dos tratamentos

Por fim, os cientistas também estão trabalhando em técnicas ainda mais personalizadas de reprodução assistida, considerando fatores como as características genéticas dos pacientes envolvidos. Isso ajudaria não só na otimização das chances de uma gestação bem-sucedida, mas também na redução de eventuais problemas genéticos e na obtenção de óvulos e espermatozoides viáveis.

Além disso, há um aumento também nos estudos em busca de formas de garantir o suporte das gestações, evitando complicações diversas. Dentre elas, a ocorrência de abortos espontâneos.


Gostou de saber mais sobre a reprodução assistida?

Ao longo do nosso conteúdo, descobrimos alguns detalhes bem importantes, relacionados à história e ao desenvolvimento dessas técnicas, além de entender a sua importância para a sociedade. E aí? Vai mandar ver em qualquer prova ligada ao assunto?

Para continuar recebendo conteúdos como este, que tal aproveitar para assinar a nossa newsletter? Assim, você recebe e-mails periódicos sobre as nossas novidades e fica por dentro de dicas e informações que serão fundamentais na sua vida profissional. Até a próxima!