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Borderline: entenda como se manifesta e como pode ser tratado

Emoções intensas, medo do abandono, relacionamentos instáveis… Descubra os sintomas mais comuns do transtorno borderline e compreenda seu impacto na vida cotidiana.

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O transtorno de personalidade limítrofe, também conhecido como borderline, é uma condição psiquiátrica que afeta a forma como as pessoas pensam, sentem e se relacionam com os outros. Ele é caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade e padrões de relacionamento interpessoal problemáticos.

Neste artigo, apresentaremos uma visão geral sobre o transtorno borderline, sua manifestação e as suas principais diferenças em relação ao transtorno bipolar.

O que é o transtorno de personalidade borderline?

O borderline é considerado um transtorno de personalidade, o que significa que os seus sintomas são duradouros e afetam a vida cotidiana das pessoas que o experimentam.

Os indivíduos com esse transtorno frequentemente têm medo do abandono e podem fazer esforços desesperados para evitar que isso aconteça, mesmo que isso signifique comportamentos autodestrutivos ou relacionamentos instáveis. Eles podem ter uma imagem instável de si mesmos e mudar rapidamente de opiniões ou objetivos.

Além disso, as pessoas com borderline têm dificuldade em regular as suas emoções. Elas podem experimentar oscilações intensas de humor, passando de uma extrema tristeza para raiva em questão de minutos. Essas mudanças repentinas podem ser desencadeadas por eventos cotidianos e ainda ser acompanhadas de sentimentos de vazio ou de falta de identidade.

Essa instabilidade emocional pode levar a comportamentos impulsivos, como o abuso de substâncias, atitudes sexuais de risco, compulsões alimentares, automutilação e tentativas de suicídio.

Transtorno de personalidade limítrofe vs. transtorno bipolar

Em contraste, o transtorno bipolar é uma condição diferente, embora também envolva mudanças de humor significativas. Nele, os indivíduos experimentam episódios de humor elevado, conhecidos como mania ou hipomania, alternando com episódios de depressão.

Durante os episódios maníacos, as pessoas podem ter uma sensação de euforia, aumento da energia, diminuição da necessidade de sono e comportamentos impulsivos. Já nos episódios depressivos, elas podem sentir-se extremamente tristes, desesperadas e perder o interesse em atividades anteriormente prazerosas.

Uma das principais diferenças entre o transtorno borderline e o bipolar é a duração dos episódios. No primeiro, as mudanças de humor podem ocorrer várias vezes ao dia, enquanto no segundo, os episódios maníacos ou depressivos geralmente duram dias, semanas ou até meses.

Além disso, no transtorno borderline, as mudanças de humor são frequentemente desencadeadas por eventos interpessoais ou estressores, enquanto que no bipolar os episódios podem ocorrer sem um motivo aparente.

Quais são os sintomas mais comuns?

Os sintomas do transtorno borderline são variados e podem incluir:

  • instabilidade emocional: oscilações rápidas e intensas de humor, passando de extrema tristeza para raiva ou irritabilidade em um curto período;
  • medo do abandono: medo intenso de ser abandonado ou rejeitado, levando a esforços desesperados para evitar a situação, mesmo que isso signifique se envolver em relacionamentos disfuncionais;
  • relacionamentos instáveis: padrões de relacionamento interpessoal problemáticos, caracterizados por idealização intensa seguida de desvalorização, brigas intensas, manipulação emocional e dificuldade em manter relacionamentos estáveis e saudáveis;
  • comportamentos impulsivos: tendência a se envolver em comportamentos impulsivos e autodestrutivos, como abuso de substâncias, atitudes sexuais de risco, compulsões alimentares, gastar dinheiro impulsivamente, automutilação ou tentativas de suicídio;
  • sentimentos de vazio e falta de identidade: sensação crônica de vazio emocional e falta de uma identidade estável, levando a mudanças rápidas de objetivos, interesses e valores pessoais;
  • dissociação: períodos de desconexão da realidade, nos quais a pessoa pode se sentir fora do próprio corpo ou ter dificuldade em lembrar de eventos recentes.

Esses sintomas podem variar em intensidade e gravidade de pessoa para pessoa, e podem ser desencadeados por eventos cotidianos ou situações estressantes.

Existem alguns fatores que podem agravar os sintomas do transtorno borderline, incluindo:

  • estresse crônico;
  • conflitos interpessoais;
  • eventos traumáticos;
  • mudanças significativas na vida; e
  • sentimentos de rejeição ou abandono.

Esses fatores podem desencadear crises emocionais intensas e levar a comportamentos impulsivos e autodestrutivos.

Existem potenciais agravantes e fatores de risco?

Quanto aos fatores de risco, além dos aspectos genéticos e histórico familiar, algumas características pessoais e ambientais podem aumentar a probabilidade de desenvolver o transtorno borderline.

Esses fatores incluem:

  • traumas na infância: experiências traumáticas na infância, como abuso físico, sexual ou emocional, negligência ou separação precoce dos pais, podem aumentar o risco de desenvolver o borderline;
  • histórico de instabilidade emocional: pessoas com histórico de problemas emocionais, como depressão, ansiedade ou transtornos de conduta na infância, podem ter um risco maior de desenvolver o problema;
  • problemas de relacionamento familiar: um ambiente familiar instável, conflituoso ou com baixo suporte emocional pode contribuir para o desenvolvimento do transtorno;
  • diagnóstico de transtornos coexistentes: essa condição frequentemente ocorre em conjunto com outros transtornos mentais, como de humor, de ansiedade, alimentares ou com o abuso de substâncias;
  • histórico de abuso de substâncias: isso, inclusive, pode aumentar o risco de desenvolver o borderline ou piorar os sintomas existentes.

É importante ressaltar que cada indivíduo é único, e a presença de fatores de risco não garante o desenvolvimento do transtorno borderline. No entanto, estar ciente deles pode ajudar na identificação precoce dos sintomas e no acesso ao tratamento adequado, além de desfavorecer preconceitos como a psicofobia.

Como tratar?

O tratamento do transtorno de personalidade limítrofe (borderline) geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, com o uso de psicoterapia, medicamentos quando necessário e a implementação de mudanças de hábitos e estilo de vida.

É importante destacar que cada caso é único, e o tratamento deve ser adaptado às necessidades de cada paciente. Veja a seguir as principais opções:

  • terapia psicoterapêutica: a terapia é considerada o tratamento de primeira linha para o transtorno borderline, e dentre as abordagens terapêuticas comumente utilizadas, a Dialectical Behavior Therapy (DBT) é uma das mais eficazes – a DBT é uma forma de terapia cognitivo-comportamental que visa auxiliar as pessoas a desenvolver habilidades de regulação emocional, tolerância ao desconforto e resolução de conflitos interpessoais;
  • medicamentos: em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser considerado como um complemento ao tratamento psicoterapêutico, principalmente quando há sintomas específicos que necessitam de intervenção farmacológica – os medicamentos podem ser prescritos por um psiquiatra e incluírem estabilizadores de humor, antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos;
  • mudanças de hábitos e estilo de vida: além da terapia e do uso de medicamentos, algumas mudanças de hábito e estilo de vida podem ser benéficas para pessoas com transtorno borderline. Essas mudanças podem incluir:
  1. estabelecer uma rotina regular: manter horários regulares para dormir, comer e realizar atividades pode ajudar a estabilizar o humor e reduzir a impulsividade;
  2. praticar exercícios físicos: a atividade física regular pode ajudar a reduzir o estresse, promover o bem-estar emocional e melhorar a regulação emocional;
  3. evitar o uso abusivo de substâncias: o abuso de substâncias pode piorar os sintomas do transtorno borderline – é importante buscar ajuda profissional em caso de dependência química;
  4. aprender técnicas de relaxamento: técnicas como meditação, mindfulness, respiração profunda e relaxamento muscular progressivo podem auxiliar no controle da ansiedade e na regulação emocional.

É fundamental lembrar que o tratamento do borderline é um processo contínuo e pode levar tempo. A colaboração entre o indivíduo afetado, os profissionais de saúde mental e o apoio social são essenciais para alcançar uma melhoria significativa na qualidade de vida.


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