Vestibular

Aumento das doenças crônicas na população: entenda as causas e impactos

O aumento das doenças crônicas as tornou responsáveis pela maior parte dos óbitos globais. Contudo, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com a adoção de hábitos saudáveis. Leia!

5
minutos de leitura

Doenças crônicas são condições de saúde que persistem por um longo período de tempo, geralmente mais de três meses, e muitas vezes progridem lentamente. Diferente das doenças agudas, que se desenvolvem rapidamente e são de curta duração, as doenças crônicas tendem a ser duradouras e podem ter um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas afetadas.

O aumento das doenças crônicas fez com que elas passassem a aparece entre as doenças comuns no Brasil e no mundo e, atualmente, são consideradas a maior causa de morte em todo o planeta.

Nos próximos tópicos, vamos abordar alguns pontos-chave acerca da questão. Continue a leitura!

Por que as doenças crônicas não transmissíveis se tornaram a principal causa de morte no mundo?

Em todo o mundo, anualmente, 17 milhões de pessoas morrem de maneira prematura em razão de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). O levantamento é da OMS (Organização Mundial de Saúde), e os dados estão dispostos no relatório "Números Invisíveis", de 2022*. Na verdade, também segundo a OMS, o número de mortes por doenças crônicas ultrapassou a quantidade causada pelas doenças infecciosas, provocando quase 3/4 dos óbitos globais.

A propósito, é relevante pontuar que mais de 3/4 de todos os óbitos provocados por doenças crônicas não transmissíveis acontecem em países de baixa renda. Tal cenário as torna também uma questão de desenvolvimento e equidade.

Portanto, a prevenção e o gerenciamento dessas doenças demandam um esforço conjunto. A OMS alerta que intervenções econômicas devem ser globalmente aplicadas para prevenir e/ou reduzir o impacto proveniente de um aumento das doenças crônicas.

O lado positivo é que a organização internacional de saúde pública argumenta que é viável combater os principais fatores de risco que causam essas doenças, prevenindo e/ou adiando problemas de saúde preocupantes e um número de mortes por DCNTs bastante significativo. Isso porque o aumento das doenças crônicas pode ser gerenciado com tratamento e mudanças no estilo de vida.

O aumento das doenças crônicas no Brasil

No Brasil, as estatísticas indicam que a distribuição das causas de morte ocorre da seguinte forma:

  • doenças cardiovasculares (28%);
  • câncer (18%);
  • condições transmissíveis nutricionais, perinatais e maternas (14%);
  • diabetes (5%);
  • doenças respiratórias crônicas (7%);
  • outras doenças crônicas não transmissíveis (17%).

Todas estas doenças listadas são consideradas crônicas, de modo que elas são responsáveis por, pelo menos, 89% do número de mortes em nosso país. E o aumento das doenças crônicas por aqui está diretamente relacionado a quatro fatores: sedentarismo, obesidade, tabagismo e consumo de álcool.

Incidência dos fatores de risco para doenças crônicas no Brasil

De acordo com dados da OMS, no nosso país, existe uma incidência de 13% de uso de tabaco entre a população acima de 15 anos — englobando, nesse caso, mascar tabaco e as diferentes formas de fumá-lo. No que diz respeito à ingestão total de álcool, o consumo por pessoa corresponde a 7,3 litros ao ano.

Quanto à falta de atividades físicas, os dados apontam que 47% dos adultos com mais de 18 anos continuam sedentários ou até praticam algum tipo de exercício físico, mas em uma quantidade inferior àquela esperada. Entre os adolescentes, de 11 a 17 anos, o índice chega a 84%.

Nesse sentido, vale destacar que a recomendação da OMS é de 150 a 300 minutos, no mínimo, de atividades aeróbicas semanais para adultos saudáveis. Já para adolescentes e crianças, são indicados 60 minutos diários, em média.

Por fim, no que se refere à obesidade, dados da OMS indicam que 22% dos brasileiros com mais de 18 anos estão obesos. Já entre crianças e jovens de 10 a 19 anos, o índice de obesidade corresponde a 9%.

Além disso, a hipertensão — também uma das razões do aumento das doenças crônicas e da elevação do número de óbitos causados por DCNTs — acomete 45% dos adultos na faixa etária entre 30 e 79 anos no Brasil. Inclusive, a pressão alta é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças renais e cardiovasculares, além de ser vinculada frequentemente a outras condições crônicas e a determinados eventos, como:

  • doença arterial periférica;
  • insuficiência cardíaca;
  • infarto agudo do miocárdio;
  • acidente vascular encefálico;
  • morte súbita.

A hipertensão, além de poder ser causada por fatores genéticos, está diretamente ligada ao consumo de sal. A OMS aponta que o consumo médio entre a população brasileira acima de 25 anos é de 9 gramas ao dia, o que excede o limite recomendado pela organização internacional de saúde, de 5 gramas diárias.

Quais são as principais consequências do aumento das doenças crônicas?

Como vimos, as doenças crônicas não transmissíveis são, atualmente, as causas principais de óbitos em âmbito mundial. Este cenário, convém mencionar, provoca perda da qualidade de vida, além de um grau de limitação significativo no lazer e no trabalho. Não obstante, há que se falar dos impactos inegáveis gerados na economia familiar, nas comunidades e até na sociedade em geral.

Conforme citamos, 17 milhões de pessoas morrem de maneira prematura em razão de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). No entanto, é fato que muitas dessas mortes poderiam, sim, ser evitadas — ou, pelo menos, retardadas — com a adoção de um estilo de vida saudável.

Na verdade, o aumento das doenças crônicas e das mortes relacionadas é tão expressivo que, recentemente, o Ministério da Saúde informou que criará uma coordenação voltada especificamente ao tratamento de DCNTs. Esta abarca cânceres, doenças cardiovasculares, condições respiratórias crônicas e diabetes. A confirmação da informação foi feita por Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta — que ressaltou a necessidade de elaborar melhores políticas estatais.

O anúncio ocorreu no lançamento do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel). Na cerimônia, a representante da Opas no nosso país classificou o tema como "importante", enfatizando a relevância do estabelecimento de parcerias para a construção da saúde:

"O Estado tem a responsabilidade de proteger a população com a informação e a evidência que tem".

Aliás, complementando:

"As decisões que uma pessoa toma, de ter uma alimentação saudável ou de assumir uma prática, ou conduta que seja não saudável, têm a ver também com a regulação de um país e do que há em sua legislação. As sociedades não se autorregulam. O Estado tem que proteger essa população".

E não para por aí: anualmente, são gastos, aproximadamente, US$ 8,5 trilhões em saúde no mundo todo. A maior parte desse valor, porém, é utilizada para o tratamento de doenças crônicas.

O que pode ser feito para controlar essa epidemia de doenças crônicas em todo o mundo?

Além das ações estatais, não há como falar em prevenção e controle sem mencionar as mudanças a serem adotadas no cotidiano. Começar a praticar atividades físicas, parar de fumar, manter uma alimentação adequada, diminuir a ingestão de álcool, etc. Atitudes simples fazem toda a diferença e, portanto, devem ser encorajadas.

Em contrapartida, hábitos ruins tendem a levar ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. Inclusive, o tratamento pode demandar anos, sendo extremamente longo e, em muitos casos, levando a vida inteira do paciente. Nesse sentido, os programas de gerenciamento e prevenção de doenças crônicas envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo nutricionistas, enfermeiros, educadores físicos e médicos. Assim, torna-se viável fazer um acompanhamento individual, criando questionários customizados e protocolos de atendimento personalizados.

Vamos trabalhar juntos para frear o aumento das doenças crônicas?

Como visto, o aumento das doenças crônicas tornou as DCNTs responsáveis pela maior parte dos óbitos globais. Isso não é só preocupante, mas também assustador, considerando que é possível mudar esse quadro, a partir da adoção de hábitos de vida diferentes. Diante disso, é hora de trabalhar em prol da conscientização dos pacientes acerca dos riscos de manter um estilo de vida não saudável e da necessidade de assumir condutas distintas para mudar o cenário atual.

O nosso post foi interessante? Então, assine a nossa newsletter. Assim, você receberá novos posts diretamente na sua caixa de entrada!