Aborto espontâneo: quais as causas, riscos e probabilidades
Sofrer um aborto espontâneo é ser obrigado a lidar com os sentimentos de perda e frustração. Entenda melhor tudo que está envolvido nesse momento delicado.
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Uma em cada 10 gestações termina em aborto espontâneo, uma interrupção involuntária da gravidez, que pode acontecer a qualquer pessoa até a 20ª semana. No entanto, na maioria dos casos, o aborto ocorre antes da 12ª semana, sendo uma das complicações mais comuns durante os primeiros meses de gestação.
Embora seja um evento frequente, o assunto segue sendo um tabu em nossa sociedade, o que acaba intensificando o sentimento de vergonha para quem passa pelo processo. Isso atrapalha, inclusive, a disseminação de informações positivas, como o fato de este acontecimento não impedir que haja outra gestação saudável depois.
Quer entender mais sobre as causas, os riscos e os cuidados necessários para lidar com a perda e a frustração nesse momento delicado? Continue lendo para descobrir.
Principais sintomas e como é feito o diagnóstico
Existem dois sintomas principais aos quais todo gestante deve estar atento. O primeiro deles são as fortes dores abdominais, similares às cólicas menstruais, que causam desconforto e pressão na parte inferior da barriga. O outro é o sangramento vaginal, que pode descer em grande ou pouco volume.
Caso perceba qualquer um desses sinais, a pessoa deve ir imediatamente ao pronto socorro para confirmar ou descartar a suspeita de um aborto espontâneo. No hospital, o médico vai realizar um exame pélvico para descobrir se houve dilatação do colo uterino, uma ultrassonografia para confirmar a presença de batimentos cardíacos, além de um hemograma para verificar os níveis de hCG.
Fatores de risco e condições associadas ao aborto espontâneo
Diversos fatores podem provocar o término de uma gestação e nem sempre é possível diagnosticar a causa exata. Um aborto espontâneo pode acontecer, por exemplo, devido às seguintes condições:
- Alterações uterinas;
- Distúrbios hormonais;
- Anormalidades cromossômicas;
- Doença autoimune;
- Infecções.
Segundo a Associação Brasileira de Reprodução Assistida, o risco aumenta também com a idade. Apenas 15% das gestações podem sofrer um término inesperado quando a pessoa tem menos de 35 anos enquanto, entre 40 e 44 anos, as chances podem chegar a 50%.
Além disso, o uso de drogas, incluindo álcool e cigarro, também pode favorecer o abortamento. Outros fatores de risco são:
- Estresse persistente;
- Turnos noturnos de trabalho;
- Exposição à poluição do ar;
- Exposição a pesticidas.
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Recuperação física e emocional após o aborto espontâneo
A recuperação física após um aborto espontâneo pode variar, mas, na maioria dos casos, a pessoa pode retornar às suas atividades normais dentro de poucas semanas. Fisicamente, também não existe um padrão de sequelas ou complicações capazes de afetar uma nova gravidez, sendo bastante incomum acontecer duas ou mais vezes com a mesma pessoa.
Porém, caso aconteça, o acompanhamento médico torna-se essencial para identificar causas subjacentes. Assim, é possível aumentar as chances de ter uma gestação saudável no futuro.
Já o impacto emocional do aborto espontâneo pode afetar qualquer pessoa que passa por esse evento traumático. O luto perinatal pode envolver a dor de perder não apenas o bebê, mas também os sonhos e expectativas relacionados à gestação.
Esse processo pode ser muito difícil tanto para o casal quanto para o restante da família. Isso porque a perda não é de algo que já estava presente, mas de algo que estava por vir, criando um espaço vazio que não foi preenchido com a realização daquela expectativa.
Embora os pais vivenciem a perda de maneira diferente, ambos podem experimentar sentimentos de frustração, tristeza e culpa. Logo, ter apoio emocional, seja de familiares ou profissionais, e permitir-se vivenciar o luto sem pressa de "superar" a esse momento é crucial para a recuperação.
Um bom caminho é validar esses sentimentos e encontrar maneiras de lidar com a dor, sem minimizar o sofrimento. Isso ajuda na reconstrução da saúde emocional após o aborto espontâneo. Vale lembrar ainda que, para as mulheres, é garantido o direito a repouso remunerado por 14 dias mediante apresentação de atestado médico.
Como médicos devem agir em caso de aborto espontâneo
Diante de um caso de aborto espontâneo, o médico deve proporcionar não apenas suporte físico, mas também emocional. O cuidado pós-aborto não deve se limitar a apenas recomendar que a pessoa "tente novamente", mas também envolver uma abordagem holística, que considere tanto a saúde mental quanto física.
Um encaminhamento para um psicólogo é fundamental para que o paciente seja orientado sobre o processo de recuperação e receba apoio adequado, inclusive, para futuras gestações. Esse é o profissional mais indicado para conduzir a pessoa no processo de luto perinatal.
Além disso, se ocorrer um segundo aborto espontâneo, é necessário realizar uma avaliação mais aprofundada, com exames como hemograma e testes de função tireoidiana com um especialista. Caso o evento se repita pela terceira vez, testes genéticos e ultrassons devem ser providenciados, junto a um acompanhamento mais rigoroso para garantir a saúde do paciente.
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