Pronome neutro no Enem: pode ou não pode?

Por mais que o pronome neutro seja a forma mais inclusiva de linguagem, há regras no Enem. Saiba o que fazer na redação!

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Em 2021, a internet foi inundada por publicações sobre os “87 mil estudantes que foram reprovados por usarem pronome neutro no Enem”. Porém, a tal “notícia” não passava de uma fake news.  

Primeiramente, porque o Enem não é um processo seletivo. Portanto, não é possível ser reprovado na prova. Além disso, o número citado, na verdade, tratava da quantidade de pessoas que haviam zerado a redação. No entanto, não há registros que especifiquem os motivos dessas notas.

Fato é que a linguagem neutra está na boca do povo, em especial, dos estudantes mais jovens, pertencentes à Geração Z e à Geração Alpha. Em 2023, várias autoridades públicas passaram a utilizá-la, por exemplo, ao iniciarem seus discursos, dizendo: “boa noite a todos, todas e todes”.

Só que, por mais que o pronome neutro seja a forma mais inclusiva de linguagem, a redação do Enem tem suas regras. A seguir, vamos esclarecer esta questão em detalhes para você fazer a sua escolha com consciência!

O que é a linguagem neutra?

Muitos estudiosos defendem que o idioma de um país é uma representação do momento histórico e político de quem o pronuncia. Logo, é natural que aconteçam mudanças com o passar do tempo.

Na Suécia, por exemplo, o dicionário escandinavo é atualizado a cada dez anos para incluir ou remover palavras e, assim, oficializar o que já está sendo usado pelo povo. Em 2015, o pronome neutro “hen” foi incluído junto a outras 13 mil novas palavras.

Por aqui, algumas variações têm sido testadas. Atualmente, a mais usual é a colocação do “e” substituindo “o” e “a” e o uso de “eles” e “elu” para se referir a uma pessoa não-binária. 

Seu objetivo é incluir quem não se identifica com os gêneros masculino e feminino do espectro binário, mas não só. Hoje, quando vamos nos referir a um grupo composto aparentemente por mulheres e homens, nós usamos a forma masculina.

Nesse sentido, os pronomes neutros também servem para romper com essa convenção que, até então, não havia sido questionada. No entanto, apesar das expectativas, não existe uma previsão ou mesmo a certeza de que a mudança acontecerá na Gramática normativa do português brasileiro.   

Critérios de avaliação da redação do Enem

De acordo com o edital do Enem 2023, publicado pelo Ministério da Educação (MEC), a correção da redação é feita com base em cinco competências. Abaixo estão cada um deles:

  • Apresentar domínio da escrita formal da Língua Portuguesa;
  • Ter compreensão do tema e não fugir do que é proposto;
  • Mostrar capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;
  • Conhecer os mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
  • Respeitar os direitos humanos.

Esse modelo é o padrão da prova há alguns anos e, para esta discussão, somente o primeiro é relevante. Afinal, a escrita formal da Língua Portuguesa é o que está previsto na linguagem culta e não na coloquial.

Dentro disso, o pronome neutro fere algumas regras da redação no Enem. Algumas delas são: grafia correta, concordância nominal, precisão vocabular e ausência de marcas de oralidade.

Portanto, é possível, sim, perder pontos devido ao emprego da linguagem neutra. E como a redação é a única prova em que é possível atingir a nota máxima, talvez não valha a pena arriscar.

Como ser inclusivo sem usar pronome neutro no Enem 

Antes de qualquer coisa, precisamos esclarecer uma coisa. Você não será menos LGBTQIAPN+ ou um aliado pior caso não decida não escrever com pronome neutro no Enem, ok?

Dito isso, aqui estão algumas sugestões:

  • Use palavras coletivas, como turma, galera, time, elenco, público;
  • Use palavras neutras, como profissional, estudante, pessoa, criança.

Assim, você vai evitar o uso do pronome neutro no Enem, sem deixar de ser inclusivo. Recentemente, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) fortaleceu a defesa da linguagem neutra como princípio da dignidade humana.

Desde então, qualquer proposta de Lei que busque proibir o uso de pronomes neutros nas escolas é considerada inconstitucional. Aproveite para comemorar à vontade!


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