Toma muito café? Isso pode atrapalhar os seus estudos
Será que você fica realmente mais produtivo com cafeína? A seguir, descubra os efeitos do excesso da substância no seu cérebro.
Logo que você acorda, uma das primeiras ações é colocar a água para ferver e passar um café. No trabalho, ir à cozinha para servir uma caneca, que permanece cheia durante a manhã inteira, também faz parte da sua rotina diária. Depois do almoço, outro gole de café e, enquanto estiver com os livros abertos em cima da mesa, haverá uma xícara ao alcance da sua mão para “te animar” com os estudos.
Talvez você tome café em todos esses momentos como descrevemos. Se você se identificou em algum nível com esse padrão, está na hora de repensar os seus hábitos em relação à cafeína.
Beber café faz parte da cultura brasileira, sendo mais ou menos forte, a depender do estado em que você mora, e, frequentemente, um vício químico se torna mais difícil de ser quebrado porque faz parte de um ritual social. É como o descer do escritório para fumar no meio da tarde com os colegas – você não quer ficar de fora dessa socialização e acaba engajando na atividade.
No caso do café, há ainda a crença de que esse consumo auxilia o pensar ao fornecer energia e motivação. Assim, quanto mais você beber, mais produtivo será. Tal senso comum, no entanto, está longe de ser verdadeiro. É o que dizem os estudos recentes que apresentaremos em detalhe a seguir.
Menor capacidade de armazenar memórias e aprender
Pesquisadores do Centro de Pesquisa e Neuromodulação do Hospital Butler detectaram uma menor atividade cerebral na área relacionada à aprendizagem e à fixação de novas memórias em pessoas que consumiam cafeína regularmente. A descoberta foi feita por meio de estimulação magnética cerebral (EMTr).
Esse processo mapeia as imagens produzidas pelo cérebro à medida que simula o que acontece quando estamos aprendendo algo novo. Entre os participantes do estudo, havia pessoas que bebiam de uma a cinco doses diárias e outras que não tinham esse costume, bebendo raramente estimulantes com cafeína.
Na prática, o café bloqueia a adenosina, um subproduto produzido pelo nosso corpo que é acumulado durante o dia e causa a sensação de cansaço e sonolência. A hipótese dos pesquisadores é de que, além de interferir nessa substância indutora do sono, a cafeína também afeta a potenciação de longo prazo, ou seja, a forma como as células neuronais se comunicam.
Alteração na massa cinzenta do cérebro
Outro estudo publicado na revista Cerebral Cortex revelou que consumir o equivalente a uma xícara de café por dia pode alterar a massa cinzenta do cérebro temporariamente. Os cientistas chegaram a essa conclusão após realizar testes com um grupo de voluntários saudáveis, onde parte consumiria 150 miligramas de cafeína por dia enquanto a outra se absteria de qualquer fonte dessa substância.
Essa primeira fase durou 10 dias. Depois, o teste foi repetido pelo mesmo período, mas com os participantes recebendo comprimidos de placebo. Foram realizados exames de ressonância magnética funcional (fMRI) em todos eles, e os resultados apontaram uma redução de massa cinzenta entre os que fizeram uso regular de cafeína.
Em contrapartida, o volume voltou a aumentar após os 10 dias de abstinência. Os cientistas enfatizaram que isso não se trata de um impacto negativo ao cérebro, mas que, evidentemente, o hábito de ingerir cafeína afeta o nosso sistema cognitivo.
O papel da massa cinzenta do cérebro na nossa vida
A massa cinzenta é fundamental para que a memória, o aprendizado e o raciocínio sejam construídos e concretizados. Assim, o segundo estudo complementa o primeiro, reforçando o argumento de que reduzir o consumo de cafeína pode ser um caminho para melhorar o seu desempenho nos estudos.
Também fazem parte dessa região do cérebro as nossas capacidades de pensamento, movimento voluntário, julgamento, linguagem e percepção. Até o nosso equilíbrio e postura depende da sua atividade.
Segundo os pesquisadores, as mudanças na massa cinzenta foram particularmente perceptíveis no lobo temporal medial direito. Não surpreendentemente, é essa área que contém estruturas-chave para a função da memória, como o hipocampo, para-hipocampo e giro fusiforme.
A conclusão decisiva da pesquisa foi obtida depois que os participantes de ambos os grupos realizaram uma série de tarefas de memória. Em geral, todos apresentaram um desempenho melhor após 10 dias sem cafeína do que com o consumo do estimulante.
Como reduzir o consumo de cafeína
Você sabia que a cafeína é a substância psicoativa mais consumida no mundo? Pois bem, isso acontece porque ela não está presente apenas no café, mas também em refrigerantes à base de cola, uma variedade de bebidas energéticas e como suplemento, sendo comercializada em cápsula.
Logo, o primeiro passo para reduzir é identificar todas as fontes de cafeína que fazem parte da sua rotina. Em seguida, você deve traçar um plano para diminuir as quantidades de cada item gradualmente. Dessa forma, a sua abstinência não será tão forte, alterando menos o seu humor e, consequentemente, o seu comportamento.
Um jeito de fazer essa redução é substituir parte do café convencional pelo descafeinado na hora de passar o seu pela manhã. Assim, o seu ritual será mantido enquanto a concentração de cafeína ingerida será menor.
Trocar o café por bebidas alternativas é outra opção. Chás de ervas e chás verdes contém uma quantidade menor dessa substância, mas ainda aquecem e são saborosas de consumir na hora do lanche.
Não esqueça de se manter hidratado, pois beber pouca água pode aumentar a vontade de tomar café. Finalmente, identifique os seus gatilhos – pois, às vezes, o costume de buscar uma xícara na cozinha é mais um mecanismo de enfrentamento à ansiedade, entre outras emoções, que devem ser trabalhadas em momento oportuno.
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